sábado, 10 de abril de 2010

Dengue, a guerra perdida

(Cachoeiras Jornal - 10/04/2010)

O Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão da dengue no meio urbano, chegou a ser erradicado do país nos anos 50, mas retornou na década de 80 através do território de Roraima. De lá pra cá tomou conta do Brasil, de norte a sul e de leste a oeste.
Adoecem a cada ano aproximadamente 80 milhões de pessoas em todo mundo pela sua picada. Em 2007 ocorreu uma grande epidemia no país com mais de 550.000 casos, dos quais 250 morreram com manifestações hemorrágicas.
Na atual conjuntura, a erradicação do Aedes é quase impossível, só restando o domínio de sua densidade para que o vírus DEN não se propague nas populações.
A utilização por si só de venenos larvicidas e adulticidas, além de ruinosa ao meio ambiente, tem se mostrado ineficaz, sem contar com o aparecimento de gerações de adultos e larvas resistentes.
Nosso geoclima tropical propicia a proliferação em curto espaço de tempo desse inseto, soma-se a este evento a pouca informação, a deseducação coletiva e a tênue interação do poder público com a população. Sem essa imprescindível relação nas ações de combate, a guerra estará sempre perdida.
Esse díptero possui armas poderosas: coloca mais de 300 descendentes a cada postura; pode voar a mais de mil metros do seu local de ovoposição; se multiplica com grande facilidade em qualquer depósito natural ou artificial que acumule água; deposita seus ovos na parede dos recipientes onde permanecem dessecados e viáveis por até um ano mesmo sem água, e encontram em cada habitação humana, potenciais criadouros para a sua perpetuação.
Ele é capaz de detectar o calor dos mamíferos de sangue quente e perceber o dióxido de carbono e o acido lático que exalamos na respiração a uma distância de quase 40 metros, vindo em nossa direção. No suor liberamos substâncias que também o atrai – pessoas que transpiram muito são mais vulneráveis à sua investida.
Existem estudos voltados ao desenvolvimento de métodos de monitoramento do mosquito através de armadilhas, uso de produtos atraentes, emprego de computadores portáteis e mapas geo-referenciados além da utilização de substâncias de controle alternativo como sal, água sanitária e borra de café.
Desestabilizar os focos e criadouros do vetor da dengue e febre amarela é tarefa de cada um, intransferível.