sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Que os sinos toquem

Por razões humanitárias os animais que perambulam pelas cidades deveriam ter uma atenção maior por parte do poder público e de toda sociedade. O tempo passa e nada acontece com relação à problemática dos animais errantes, que lançados a própria sorte dividem com ratos e humanos excluídos restos de alimentos que caem das insaciadas bocas em seu frenesi faminto nos restaurantes, praças, bares e quiosques das cidades. Os que governam e os que são governados, todos somos responsáveis. Aos domingos imbuídos de sentimentos angelicais sentamos nos bancos das igrejas buscando os céus e, ao mesmo tempo, ignoramos o que Deus criou não olhando os animais abandonados nos infernos da fome, do frio, do desprezo e das intempéries. O crescimento interior é diretamente proporcional ao amor e ao respeito à vida animal, aqueles que desconhecem tal premissa, são acoimados pela própria consciência da vida, à decadência e à involução e em conseqüência a um dos infernos que Dante Alighieri descreveu. A ínfima parte consciente da sociedade que consegue perceber a extensão do problema deve se organizar, buscando saídas humanas e resolutas. Atitudes isoladas de alguns apesar de bem intencionadas são impotentes, só saciam a fome momentânea dos famélicos rejeitados e enrobustecem alguns egos humanos. O pólo petroquímico trará expressivo aumento da densidade humana na região e em conseqüência a de excluídos. A presença de cães caquéticos, doentes e resignados nas áreas urbanas desarmoniza com as pretensões de desenvolvimento turístico nas cidades, mostra a indiferença de seus habitantes com relação à vida, além de ser uma questão de saúde pública. Sabemos que a leptospirose, a raiva e a leishimaniose, entre outras zoonoses, podem ser transmitidas por estes animais. A recente associação de pessoas sensíveis ao problema, como o grupo da ACDA (Associação Cachoeirense de Defesa Animal), norteia de certa forma um caminho humano para a questão. Que neste Natal a estrela de Belém ilumine nossos corações, desperte um pouco da essência Divina que carregamos e que os sinos toquem para a felicidade da vida animal. (Jornal Cachoeiras 24 12 2011)

sábado, 17 de dezembro de 2011

A tragédia do circo - Há exatamente 50 anos

Domingo, 17 de dezembro de 1961, o Fluminense ganhava do São Cristóvão nas Laranjeiras e o Botafogo com Mané Garrincha perdia para o América no Maracanã com gol contra de Zé Maria. Em frente à estação ferroviária General Dutra em Niterói, mais de três mil pessoas, na maioria crianças, lotavam a matinê do maior circo da América Latina. Parte da provinciana sociedade da então capital do Estado do Rio de Janeiro, lá estava na platéia assistindo os melhores artistas circenses e os coitados tigres, leões, ursos, girafas, chipanzés, elefantes indianos e outros quase 150 animais, confinados naquele zoológico nômade. Na vez dos trapezistas, já no fim do espetáculo, um grito de “fogo” ecoou pelo picadeiro e em apenas poucos minutos a lona de 17 metros de altura transformou-se num imenso céu de fogo, clareando de vermelho a multidão em pânico que se comprimia na saída, justamente o local onde o mastro cairia arrastando o incandescente toldo de algodão parafinado, encobrindo a todos. Antes da queda, uma chuva candente de parafina molhou de dor e sofrimento a multidão que se acotovelava atarantada. O socorro imediato foi dificultado pelas portas fechadas do Hospital Antonio Pedro em greve. Reaberto atendeu a maior parte das vítimas que respiravam o doce odor das pseudomonas nos seus corredores. Oficialmente perderam a vida 503 pessoas. Acredita-se que a lista é bem maior. Na verdade, nunca se saberá o número exato de queimados, pisoteados e esmagados. Os elefantes apesar de terem amassado alguns com suas quase quatro toneladas, na fuga romperam a lona permitindo a saída dos que escapavam do inferno. Outros saiam pelos fundos ou por debaixo do pano de roda. Os mortos eram empilhados aos montes na General Dutra e foi necessário anexar uma área vizinha ao cemitério de Maruí para suprir a demanda. Como o incêndio começou ninguém sabe. O abobalhado e exibicionista Adilson Marcelino Alves, o Dequinha, maconheiro e vendedor de pintinhos coloridos, tinha mania de confissão, e por isso foi responsabilizado e pegou alguns anos de cadeia. Poucos dias após fugir da prisão em 1973 foi assassinado. Ponta de cigarro, faísca das locomotivas da vizinha estação ferroviária e curto-circuito foram outras possibilidades levantadas. Gina Lollobrigida doou sangue, o Presidente João Gourlat chorou e o Papa João XXIII (Angelo Giuseppe Roncalli) rezou pelas vítimas. Ivo Pitangui mostrou através da tragédia que a cirurgia plástica não era só cosmética e José Datrino, o profeta Gentileza, autor da conservadora frase “Se a saia sobe, a moral desce, se a saia desce, a moral sobe” acampou no local com seu velho caminhão, onde fincou uma cruz preta, plantou flores e cultivou uma horta; e entre frases desconexas e incompreensíveis recolheu os calçados perdidos no desespero coletivo. O então governador Nilo Peçanha convocou pelo rádio todos os delegados para ajudarem nos donativos. Wilson da Costa Vieira, titular da delegacia policial de Cachoeiras de Macacu com seu velho jipe, recolheu remédios e outros itens necessários. O Gran Circo Norte Americano desde 2001 se chama “Le Cirque” e seus donos estão às voltas numa batalha jurídica, acusados de maus tratos aos animais a partir de relatórios do IBAMA, IBRAM e da ONG GAP do Distrito Federal. No “Espetáculo mais triste da terra” lançado no início do mês pela “Companhia das Letras” o escritor Mauro Ventura, jornalista e repórter de “O Globo”, mostra com bastante clareza e realismo os acontecimentos e personagens daquela quente e abafada tarde de Niterói. Vale à pena conferir. Jornal Cachoeiras 17 12 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Junte-se aos amigos dos animais

O respeito aos animais é um estado elevado de consciência e tem inversa relação com os nossos perversos agregados internos. A humilhação imposta a espécies domésticas, silvestres, nativas ou autóctones é parte da maldade humana. Quebramos as regras com nossos próprios semelhantes e não seria diferente com os irmãos menores. É esperado que transgridamos as relações, com eles estabelecidas. Maus tratos, desrespeito, abuso e mutilação em sua quase totalidade estão no matadouro, no laboratório de vivissecção, na farmacopéia chinesa, no holocausto urbano, na farra do boi, na vitrine do zoológico, na praça de touro, no picadeiro do circo, no arsenal de caça e pesca esportiva e em outras tantas atividades que lhes proporcionam notório padecimento físico ou mental. Uns maltratam e submetem os animais a iniqüidades execráveis, esses habitam o averno da bestialidade; outros indolentes se perdem entre o bem e o mal na fronteira da estupidez, e outros, moradas de criaturas dantescas, se embebedam de luxúria na zoofilia. Segundo a HSUS, uma das maiores entidades de proteção do mundo, há uma intima relação das agressões aos animais com a violência doméstica e são hoje apontados como sinal de distúrbio cerebral. Muitos assassinos em série começaram matando animais. Atividades de dissecção cruel, pássaros enclausurados, cavalos extenuados, cães e gatos abandonados, tráfico e comércio ilegal, baleias assassinadas, espécies extinguidas e outros atos degradantes da nossa interferência, conduzem-nos ao encadeamento no profundo declínio da grande roda. Como na natureza tudo tem dois princípios, há os que indignados se sensibilizam com a questão da dor e sofrimento dos animais. A criação da ACDA – Associação Cachoeirense de Defesa Animal – vem resgatar de certa forma, parte da grande dívida que com eles contraímos ao longo dos tempos. A nobre tarefa de salvaguardar a integridade animal depende da participação de todos Participe da causa e junte-se aos amigos dos animais. Jornal Cachoeiras 10 11 2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

Arma mortal

Escureceu lá estarão eles. Ratos e baratas constituem uma das mais perigosas e asquerosas criaturas que habitam os lugares infectados. Enquanto dormimos, entram no nosso espaço com agilidade e avidez à procura de alimento. As baratas são transmissoras de fungos, bactérias vírus e vermes, são quase 300 milhões de anos morando na Terra. Os prejuízos causados pelos ratos enquanto carcomem seus dentes são enormes; danificam cabos, fios telefônicos, outros materiais e edificações. Mas se não o fizessem, morreriam com a boca aberta numa letal inanição, devido ao crescimento indefinido dos seus incisivos. No final da idade média, em conluio com a pulga, teve importância letal na grande pandemia bubônica que assolou o mundo. Freqüentam os esgotos, bueiros e outros locais úmidos e sombrios e é de sua responsabilidade a transmissão doenças ao homem e animais. As leptospiroses pegam carona no rato transformando-o numa arma mortal. Pra complicar os gatos de hoje preferem a televisão e as palatáveis e odoríferas rações, deixando de lado sua presa favorita; ainda bem, senão comeriam por tabela perigosos microorganismos. O acondicionamento, coleta e destinação adequadas do lixo reduzem a disponibilidade de alimentos; sem comida os ratos entram numa acirrada guerra intra-específica trucidando uns aos outros. Abortos, supressão de cio, abandonos de cria, canibalismo, infanticídio e homossexualismo acontecem no desespero de preservação. O lixo é um dos mais importantes meios de proliferação de vetores e roedores. Mantenha sua cidade limpa. (Jornal Cachoeiras 03 12 2011)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Perigosos sevandijas

Grupos inferiores do reino animal se adaptaram ao longo dos tempos ao parasitismo, que é um dos mais interessantes processos evolutivos da biologia. Inúmeros desses seres fazem dos animais suas habitações ecológicas imediatas. Alguns se hospedam em cães e gatos causando-lhes agravos e até a morte. Dos endoparasitas que se alojam no aparelho digestivo uns buscam sangue, encravados na mucosa intestinal, como o “ancylóstoma”. Outros sorvem o nutritivo suco digestivo onde descartam suas excretas. A pele também alberga outras espécies: os ectoparasitas, que representam grande parcela dos atendimentos clínicos na dermatologia veterinária. Sarnas, moscas, mosquitos, pulgas e carrapatos afetam esses animais com desdobramento nem sempre satisfatório. Os ávidos sanguívoros carrapatos constituem uma perigosa ameaça aos animais domésticos. Roubam-lhes o sangue, lesam suas peles e introduzem em seus corpos perigosos microorganismos, provocando-lhes graves infecções e profundas anemias que deixam seu limiar de resistência à doenças, no alerta máximo. Após o banquete sanguinolento, as babesias penetram nos ovos da fêmea grávida do carrapato, infectando a geração seguinte que, via saliva, estará apta a infectar novos hospedeiros. Nem o coração fica livre da invasão, as dirofilarias transmitidas pelos mosquitos entopem a artéria pulmonar e o ventrículo direito do cão através de novelos dos asquerosos nematóides, causando-lhes graves distúrbios circulatórios Embora ocasionais alguns sevandijas que acometem os animais podem infectar o homem. Leishimaniose, febre maculosa, borreliose (Lyme), sarnas, helmintoses, ehrlichiose, babesiose e outra “oses” podem ser evitadas com vermífugos, parasiticidas, repelentes e utilização de domissaniantes para que o ambiente não seja fonte de reinfecção. Jornal Cachoeiras 26 11 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

O rio que chora

Jornal Cachoeiras 19 11 2011. No paraíso hídrico da Mata Atlântica, nascentes brotam do âmago verde de suas montanhas, formando o Macacu, que serpenteia por seus vales e planícies, até unir-se aos afluentes Ganguri, Boa Vista e Guapiaçu e repousar sereno, no leito pútrido da Baia de Guanabara. Outrora nas pedras e areias quentes dos balneários Poço Verde, Dona Ninha, Sassui e Dr Castro, damas e cavalheiros daquela “belle époque” se bronzeavam após um refrescante mergulho nas suas águas transparentes. E ricas alegorias de papel crepom dos Cavalheiros do Luar, Caçadores e dos destemidos Piratas tingiam de azul, verde e vermelho o seu incólume espelho cristalino, no inolvidável “banho a fantasia”. Hoje ignorado e tingido de cinza, chora um triste lamento úmido que ecoa das entranhas escorregadias de seu lodoso leito. Pobre rio, meio sem jeito ainda sorri para os algozes, que fazem do seu corpo um érebo de esgoto, lixo e de putrefatos dejetos. Esse bem precioso a cada dia desfalece nas sinuosidades das nossas insanas atitudes e desamparado, ainda resiste sem perder a esperança de que num futuro, o despertar da consciência dos seus habitantes, o fará estar novamente junto às piabas, mandis, piaus e tabicus. Nascentes, corredeiras, rios e cascatas enriquecem e embelezam essas terras, suscitam a vida e carreiam nutrientes através do seu fértil solo. Sanear o ambiente, ter racionalidade com a destinação do lixo, cuidado com os impactantes agrícolas, promover o tratamento do esgoto, preservar nossos mananciais hídricos, utilizar a água com inteligência e educar as próximas gerações de cachoeirenses são medidas imprescindíveis para que o Macacu volte a sorrir no coração do paraíso das águas cristalinas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O borrachudo maruim pólvora

Jornal Cachoeiras 12 11 2011 A fêmea do Culicóides furens procura nosso sangue para concluir seu ciclo ovariano e maturar seus ovos, o macho e as larvas se alimentam de açúcares naturais encontrados nos vegetais. O mosquito pólvora também chamado maruim, mosca pequena em tupi guarani, ataca principalmente no crepúsculo. A dor da picada e o forte prurido local resultam da presença de substâncias alergênicas encontradas em sua saliva, levando ao “estrófulo”, que é a hipersensibilidade à picada de insetos, e a lesões na pele decorrentes das soluções de continuidade provocadas pelos microtraumas resultantes da intensa coceira. Pelo pequeno tamanho passa por despercebido e em seu vôo não se distancia muito do seu berçário, é mais ativo nos climas quentes e úmidos. Além do incômodo doloroso pode transmitir algumas enfermidades através da picada. Em algumas regiões do Norte é responsável pela “febre de Oropouche” e outras encefalites viróticas no homem. Em locais endêmicos veicula o verme nematóide causador da elenfatíase. É também de sua responsabilidade a transmissão do agente causal da língua azul nos animais biungulados. Prolifera na matéria orgânica em putrefação das matas, riachos e brejos, onde suas larvas se desenvolvem. Um dos principais nichos para a sua reprodução são o pseudocaule, folha, engaço e coração da bananeira em decomposição e sua densidade é maior nas proximidades dos bananais. Colocar telas finas nas portas e janelas, vestir calças e camisas de manga comprida e utilizar repelentes são maneiras de se proteger. È importante para o seu controle um manejo racional do cultivo da banana, utilizando cortes que evite o seu apodrecimento. O borrachudo também se alimenta da casca do arroz e outros restos de plantações em decomposição. Seus predadores naturais provavelmente são os anfíbios e as aves.

domingo, 6 de novembro de 2011

A febre do papagaio

Jornal Cachoeiras 05 11 11 É uma denominação antiga da cosmopolita clamidiose, enfermidade bacteriana gran negativa que acomete aves e mamíferos terrestres. Inicialmente pensava-se que tinha relação com um vírus e afetava somente os papagaios, daí o nome psitacose. Seu agente etiológico Chlamydophyla psittaci é encontrado em todo mundo. Os psitacídeos - araras, periquitos, papagaios, calopsitas, cacatuas são seus principais reservatórios naturais e foram as primeiras aves implicadas na transmissão direta ao homem. Em outras aves é denominada ornitose, que descreve com mais exatidão esta infecção registrada em mais de uma centena de espécies. Pombos, pavões, perús, gansos e faisões também podem estar envolvidos. É uma doença fortuita e são mais vulneráveis os que lidam diretamente com esses animais em aviários, granjas, abatedouros, indústria de derivados e locais com muitos pássaros. A letalidade tem relação com a virulência do germe e a imunidade do enfermo. Embora raro, a contagio entre humanos pode acontecer. Adquirimos a bactéria através de descargas nasais, saliva, perdigotos, poeira em suspensão das penas, descamação da pele e dejetos de doentes. Os portadores assintomáticos sob stress disseminam a Chlamydophyla no ambiente. A bicada do papagaio e o hábito de dar alimento com a boca são também formas de transmissão. As aves que se recuperam continuam eliminando o microorganismo por suas secreções e excreções de forma contínua ou intermitente por um longo período. O antibiótico utilizado inibe, mas não inativa a bactéria. Há quem preconize a necessidade de tratamento quimioterápico profilático periódico, com intuito de manter a infecção controlada. O melhor é evitar que as aves fiquem com a imunidade baixa com conseqüente queda da resistência. Alimentá-las bem, manter sempre a higiene das gaiolas e locais de criação e evitar grande concentração de animais destinados a engorda são umas das medidas preventivas.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nem sempre o melhor amigo

Jornal Cachoeiras 29 10 2011

Acidentes envolvendo cães não são tão incomuns, a mídia reforça esta teoria através de seus noticiários. Um cão dominador ou que carrega seqüelas de uma ausente ou inadequada socialização pode ser uma arma bastante perigosa.
Um animal marcadamente dominante estará sempre em defesa de sua posição hierárquica na matilha, onde o homem é parte.
Na pirâmide psicológica desses animais encontramos os assumidamente dominadores, os que aspiram dominar, os emocionalmente equilibrados, os medrosos e tímidos, que quando encurralados mordem por medo e os extremamente independentes, que nem aos donos se apegam.
Cada perfil psicológico animal deve ser adequalizado, se é que esta palavra existe, ao correspondente de seus donos. O bom convívio exige preparo de quem assume a relação e conhecimento de determinadas particularidades raciais e individuais.
Do nascimento até a sétima semana de vida, quando seu cérebro já estará completo, a atenção deverá ser redobrada. Tudo que acontecer de ruim neste curto período marcará, de certa forma, sua personalidade, formando comportamentos indesejáveis como conduta desequilibrada, agressividade descontrolada e temor mórbido.
Algumas características raciais, como a agressividade, já vêm no pacote genético, oriundos de seus ancestrais. Seu fenótipo é fruto da interferência ambiental no seu genótipo. Cães violentados e desrespeitados acentuam determinadas potencialidades herdadas, inadequadas ao convívio em família.
O teste de Volhard é uma boa dica pra quem quer ter um cão e está em dúvida sobre qual escolher. Deve ser aplicado no final da fase de socialização, isto é, no 49º dia de vida e projeta o temperamento do novo membro da família e sua reatividade frente à dominância humana.
Esta avaliação serve de parâmetro para orientar o melhor manejo na criação, tendo em vista a formação de um indivíduo seguro, feliz e equilibrado.
Alguns canis de reprodução já praticam o teste, vendendo a seus clientes animais apropriados às suas aspirações e necessidades.

domingo, 23 de outubro de 2011

Ratos que voam

Jornal Cachoeiras 22 10 2011

Um simboliza a paz, dois o amor e muitos uma revoada de problemas. Vivem em média oito anos, podem ir do Rio a São Paulo sem se cansar, numa velocidade de até 80 km/h e são capazes de localizar seus ninhos a mais de mil quilômetros além.
No testamento antigo, a pomba retornou a arca de Noé com um ramo de oliveira, simbolizando que Deus tinha dado uma trégua na batalha contra a humanidade, na mitologia cristã e judaica uma pomba branca representa a paz e simboliza o Espírito Santo descendo sobre Cristo em seu batismo no Jordão
Essas aves columbiformes chegaram no século XVIII através de embarcações oriundas do velho mundo, principalmente da costa da Inglaterra e Portugal. Aqui encontraram farta alimentação, condições arquitetônicas parecidas com o habitat rochoso de seus ancestrais e a hospitalidade do brasileiro ao exótico.
Seus predadores naturais são as aves de rapina, quase inexistentes nas áreas urbanas; em alguns aeroportos são usados falcões no seu controle já que é uma ameaça à segurança dos vôos.
O “rato com asa” alberga agentes de doenças como a histoplasmose, toxoplasmose, ornitose, salmonelose e a prevalente criptococose, provocada por um fungo que pode levar a meningite e pneumonia no homem.
Além dos agravos a saúde o pombo é responsável por danos materiais, entupindo ralos, calhas e deteriorando com seus excrementos corrosivos metais, madeiras, pedras e superfícies das edificações.
Existem vários métodos de controle das populações columbófilas, que vão desde a utilização de barreira física, inclinação de superfície de pouso, pombais de reprodução controlada, uso de repelentes e emprego de contraceptivos.
O melhor controle é não alimentá-los, seu crescimento populacional é diretamente regulado pela disponibilidade de comida.
Matá-los não resolve o problema. É sabido que se eliminarmos um décimo de uma população de pombos, os 10% que morreriam de enfermidades, fome e frio sobrevivem de alguma maneira, preservando a integridade da população.
Está no Artigo 20 da Lei Ambiental 9605/98 - os pombos são animais domésticos, matá-los ou causar-lhes danos físicos é passível de pena de reclusão inafiançável de até cinco anos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Doenças globalizadas

Jornal Cachoeiras 08 10 2011

Muitas doenças animais afetam o homem, são as zoonoses e algumas são bastante graves. O vírus da raiva liquida sem piedade a sua vítima, a bactéria da leptospirose faz um estrago considerável em organismos animais e um novo mutante do H5N1 se expande pela Ásia assustando a humanidade. A ONU alerta sobre o ressurgimento da gripe aviária que pode chegar pelas correntes migratórias
O estreito envolvimento do homem com os pets não para de crescer. Em meio ao caos e a desconfiança global em que está mergulhada a humanidade a fidelidade do seu animalzinho de estimação chega em boa hora e ganha cada vez mais espaço - o mercado pet quem o diga.
A proximidade com os animais traz benefícios tanto na esfera física quanto psicológica mas dividir o espaço com um animal requer a adoção de medidas sanitárias e cuidados específicos para que a relação seja segura, não pondo em risco a saúde familiar. Cuidar, alimentar, vacinar, manter uma boa higiene além de entender e amar, são fatores primordiais.
Aves podem transmitir a “Chlamydophila psittaci”, bactéria causadora da psitacose nos psitacídeos, ornitose nas outras aves e clamidofilose nos mamíferos - no homem é uma zoonose ocupacional, eventual, com sintomas moderados; a gravidade da infecção tem relação direta com as defesas do organismo. Idosos com idade avançada, crianças e imunodeprimidos são mais susceptíveis a forma mais grave.
Permanente higiene e alimentação equilibrada aumentam a imunidade das aves e em conseqüência, reduz substancialmente a possibilidade de enfermidades.
Calopsitas, papagaios, periquitos, cães, gatos, répteis, roedores e tartarugas necessitam, para o bem de todos, de cuidados e atenção quanto a sua saúde. O médico veterinário deve ser consultado quando se faz necessário

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O pastor alsaciano

Jornal Cachoeiras 01 10 2011

Rebatizado como pastor alsaciano devido a fama de cão nazista, só na década de 30 o kennel Club reabsorveu o pastor alemão que em Portugal é conhecido como o lobo da alsácia.
A animosidade no pós-guerra fez com que o pastor fosse evitado pelos países aliados, quando França e Inglaterra fecharam-lhe as fronteiras.
Na primeira grande guerra foi cão alarme e mensageiro, na segunda seu trabalho foi bem mais aturado, explodir minas e atacar o inimigo no “front”.
Em uma das teorias que tentam explicar sua origem os atuais pastores alemães descendem da intersecção de cães de pastoreio das Saxônias, da Germânia Meridional e de outras províncias. Por milhares de anos os alemães aprimoraram seus cães e, de prole em prole, chegaram ao primeiro da raça apresentado em 1882 por Max Von numa feira de eventos em Hannover.
Um dos melhores cães para adestramento e segundo “A inteligência dos Cães” de Stanley, o 3º mais atilado das quase oitenta raças estudadas.
Por sua bravura, lealdade e caráter incorruptível é tido como o mais popular e admirado cão em todo mundo.
Congrega várias aptidões além do pastoreio: busca e salvamento, guarda companhia, guia de cego, guerra, polícia, além de excelente farejador de olfato extremamente aguçado.
Cinza, preto, amarelo e manto negro, são as cores mais encontradas; o branco não é permitido.
Dentre os pastores alemães famosos destacam-se Rin-tin-tin, companheiro fiel do Cabo Rusty; Lobo, do Vigilante Rodoviário; Jerry Lee do filme K-9; a inseparável Blondi que Hitler envenenou antes de se matar.
Quase todas as melhores características e aptidões da espécie canina estão concentradas nesta versátil raça. A coragem, guarda e inteligência são características marcantes no pastor alemão.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dengue 4 ameaça de novo

Jornal Cachoeiras 24 09 2011

Daqui a pouco vem o quente verão com água aos borbotões, tudo que o mosquito transmissor da dengue e febre amarela precisa pra manter o seu exército de machos sugadores de seiva e fêmeas aficionadas pelo repasto sanguíneo.
Criadouros são os berçários do Aedes aegypti, em suas paredes ovos são depositados as centenas, e dessecados resistem à falta d”água por um longo período. As larvas logo serão mosquitos a procura do sangue que maturará seus ovos pra uma nova geração.
Abrigam-se nas residências e suas proximidades, locais onde terão ao seu dispor água parada, sombra e sangue humano. Quase que a totalidade dos focos está em nossas casas e em nossos quintais, daí a importância do envolvimento de cada um nesta guerra.
É capaz de detectar o calor dos corpos dos mamíferos e perceber o dióxido de carbono exalado quando expiramos, vindo em nossa direção. No suor existem substâncias que também o seduz – parece que pessoas que transpiram muito são mais vulneráveis à sua investida.
Adoecem a cada ano quase cem milhões de pessoas em todo mundo pelo vírus da dengue. Em 2007 passamos por uma grande epidemia com mais de 550 mil casos dos quais 250 morreram com manifestações hemorrágicas.
A última aparição do vírus tipo quatro (DEN 4) foi há 28 anos, hoje é encontrado em quase todo país, de norte a sul e de leste a oeste. Sem imunidade para este novo tipo, grande parte da população, principalmente os abaixo de 30 anos são os mais vulneráveis numa epidemia
Até a adoção de políticas públicas que dê um fim ao vetor e a doença, estaremos, de verão em verão, perdidos nesta guerra onde nos aliamos ao inimigo quando favorecemos com nossos criadouros artificiais a sua proliferação.
Caixas d’água, barris e cisternas têm de permanecerem totalmente vedadas, piscinas adequadamente tratadas e qualquer depósito que acumule água em locais protegidos das chuvas. Deve-se ter cuidado com garrafas, pneus, latas, ralos, vasos sanitários, plantas aquáticas, bandejas de geladeira, calhas, tampinhas de refrigerante, cascas de ovos e copos plásticos. Bromélias, bambus e bananeiras também podem acumular água.
Sem o Aedes aegypti o Arbovírus não se propaga, mesmo que sejamos visitados por pessoas portadoras oriundas de outros municípios.
Colabore com os agentes de endemia, participe das atividades de combate e mantenha sua casa livre de focos de mosquitos, e sua cidade sem risco de epidemia.

sábado, 17 de setembro de 2011

Chanchão no corredor da morte

Jornal Cachoeiras 17 09 2011

Estas encantadoras criaturas perdem o céu quando impiedosamente são trancafiadas nos avernos tristes e desumanos das pequenas celas de ferro e madeira.
A cada amanhecer a esperança de voar se esbarra nos fios de arame das gaiolas que os aprisionam e a cada entardecer suas asas confortam seus pequeninos corpos no canto de um solitário poleiro. Ainda gorjeiam um lindo canto de lamento, saudade e tristeza como se quisessem despertar a enfrascada consciência do seu carcereiro.
É estranho ver a “imagem e semelhança do Criador” aprisionar uma das mais perfeitas e formosas obras da Criação e se deleitar com a sua triste entoada. São incapazes de distinguir a doce melodia de uma lamúria.
Além de arrancar os pássaros do seu ambiente ainda destroem seu habitat com a introdução de animais exóticos, com as lavouras transgênicas, com os agrotóxicos de última geração e com as queimadas e desmatamentos. Estes pequenos animais são responsáveis pela vida da floresta, e inúmeras espécies estão na rota da extinção. Que saudades do Tietê-de-coroa (Calyptura) que já se foi, e outras espécies como o Sabiá-pimenta (Carpornis), o Bicudo (Oryzoborus), e o Chanchão (Sporophila) que no corredor da morte esperaram a sua vez.
Acabar hoje com esta atitude humana antinatural é quase impossível. A conscientização só acontecerá nas próximas gerações e através da escola, pois para “preservar é preciso conhecer”.
O desrespeito ao meio ambiente é diretamente proporcional ao anacronismo e a decadência de uma civilização. A Lei do Firmamento é inexorável com os que agridem de qualquer forma a natureza, e implacável com os que lançam em ergástulo permanente os seres alados dos céus.

sábado, 3 de setembro de 2011

Agosto e hidrofobia



Jornal Cachoeiras 03 09 2011

Quando Cesar Augusto, para não ficar atrás de Julio César homenageado com julho, colocou 31 dias no seu agosto as coisas não deram certo para este mês carregado de agouros e superstições.
Agosto carrega fatos que corroboram sua negatividade - start da primeira e segunda grande guerra, suicídio de Vargas, massacre de São Bartolomeu ordenado por Catarina de Médice onde milhares de protestantes foram assassinados, edificação do muro de Berlim, primeira execução numa cadeira elétrica, epidemia de gripe asiática no país, início da matança entre Católicos e Protestantes na Irlanda, aniquilação de quase duas centenas de milhares de pessoas em Nagasaki e Hiroshima, renúncia de Jânio Quadros, Hitler assume a Alemanha, morte trágica de Juscelino Kubitschek e o ataque do cachorro louco. Não é a toa que a campanha anual de vacinação anti-rábica é realizada em setembro, logo após agosto.
Deixando as superstições e sortilégios à parte, a verdade é que a grande luminosidade dessa época do ano incita à sexualidade nos animais e em conseqüência a promiscuidade, pré-dispondo a disseminação do letal vírus da raiva, principalmente nos cães errantes. Na raiva humana o principal reservatório é o cão, mas outros mamíferos também podem estar envolvidos. A única forma de transmissão conhecida entre humanos é através do transplante de córnea.
Na Grécia antiga Aristóteles, aluno de Platão, já alertava sobre o perigo da mordida de cães raivosos, época em que pensavam que sede intensa, insatisfação sexual, hiper excitabilidade ou ingestão de alimentos muito quentes acarretava raiva.
A partir do local mordido, arranhado ou lambido, as partículas virais contidas na saliva do agressor ganham os axônios das terminações nervosas, propagando-se em direção ao sistema nervoso central, numa velocidade de 1 mm/h. A vítima permanece consciente em toda sua progressão, até a fase de excitação quando ocorre espasmos alucinantes na garganta com dores lancinantes ao ingerir água e alimentos, o que ocasiona um medo intenso de líquidos, daí o nome hidrofobia. Nesta fase pode ocorrer hostilidade, agressão, alucinação e ansiedade extrema decorrente de estímulos aleatórios visuais e acústicos, precedendo a fase paralítica com asfixia, coma e morte.
Vacine seu cão e gato anualmente contra a raiva, em beneficio de homens e animais.
“Homenagem ao maior especialista em raiva que se teve notícia, meu professor de virologia Dr. Renato Silva que muito contribuiu com seu saber nas salas da UFRRJ.”

sábado, 27 de agosto de 2011

Era pra ontem


Jornal Cachoeiras 27 08 2011

A biosfera perde todos os dias cerca de quatro hectares de mata habitada por vegetais e animais ameaçados. A extinção de espécies nativas é nociva, não só aos organismos, como também ao equilíbrio da cadeia alimentar acarretando grave instabilidade ao ecossistema.
A baixa umidade relativa do ar predispõe à combustão que pode ser espontânea, advinda da refração da energia solar em latas, vidros e ferramentas. Pontas de cigarros, balões, fogueiras em acampamentos e queimadas descontroladas são causas não naturais de incêndios nas matas.
O fogo aniquila toda a micro fauna e flora, representada pelos fungos, bactérias e outros microorganismos decompositores, sem os quais os ninhos, sementes, árvores e habitantes da mata não existiriam.
Fugindo das labaredas fumegantes, certos animais tentam a sorte em outros cantos e dentre eles, alguns não são desejáveis como os ratos, escorpiões, aranhas e serpentes, que se socorrem em locais não apropriados pondo em risco a integridade de homens e animais.
O impacto no ambiente resultante da queimada é cada vez maior e a real dimensão dos estragos, ainda não está bem compreendida. O fogo fora de controle destrói o solo, danifica os mananciais hídricos e conspurca o ar, afetando a saúde respiratória dos seres pulmonados.
Cientistas, ambientalistas e preservacionistas sabem que as queimadas comprometem a física, a química e a biologia do solo, o que leva a resultados matemáticos impresumíveis.
Os incêndios e sua densa emissão de gases bloqueadores de calor, como o carbônico e o metano, são a segunda maior causa do efeito estufa e do aquecimento global.
Muito utilizado nos dias de hoje na agricultura, o fogo empobrece a terra. O agricultor tenta repor os nutrientes torrados utilizando fertilizantes, que engordam a agroindústria e contaminam seus produtos.
Utilização de recursos como a disposição de brigadas contra incêndio nas áreas vulneráveis e conscientização ecológica têm de ser praticadas sem demora. A educação ambiental tem de estar hoje nas escolas dos cultivadores do solo do amanhã.
... Era pra ontem.

sábado, 13 de agosto de 2011

Febre que pinta

Jornal Cachoeiras 13 08 2011

Cruentos vorazes, os carrapatos saciam sua orexia sorvendo na maior parte de suas vidas o sangue de suas vítimas, expondo os organismos parasitados a inúmeros agentes infecciosos como o da febre maculosa, doença de Lyme, babesiose e erlishiose. Como vetores de doenças só perdem para os mosquitos.
A Febre maculosa ou pintada é um mal causado por uma pequena bactéria do gênero Rickettsia. É uma enfermidade com baixa letalidade quando notada a tempo, caso o tratamento não seja instaurado de imediato o prognóstico é sempre sombrio. O diagnóstico precoce é crucial para o sucesso do tratamento. No Brasil o principal transmissor é o carrapato estrela.
Cachoeiras de Macacu possui condições climáticas ideais para a proliferação de carrapatos, chegando a explosivas infestações em determinadas áreas. Quanto maior a densidade populacional desses artrópodes, maior a exposição e conseqüente risco de contágio.
Os cães não transmitem, mas veiculam a doença que neles é abortiva, não passando de um estado febril e indisposição passageira. A severidade do quadro clínico em humanos é dependente das alterações que esta minúscula bactéria provoca na parede interna dos vasos sangüíneos, localizados em todos os órgãos do nosso corpo, daí não ser incomum a morte por “falência múltipla dos órgãos”. Quase a metade dos casos registrados desde 1985 tiveram desfecho fatal, a maioria na região Sudeste.
A confusão diagnóstica com outras enfermidades infecciosas como dengue, leptospiroses, tifo e febre amarela; a falta de consistência na anamnese (o paciente não relata o contato com o vetor, por não conseguir vê-lo) e por ser uma enfermidade qualitativa e não quantitativa são barreiras para um diagnóstico preciso.
Na verdade o homem é um hospedeiro acidental da bactéria, a Rickettsia circula entre animais vertebrados e invertebrados, é o seu meio natural. A fase adulta do carrapato tem pouca importância na transmissibilidade. Além de não apreciar o sangue humano são grandes o bastante para serem identificadas a tempo. O contágio acontece através das fases jovens, representadas pelos vermelhinhos e micuins, seus pequenos tamanhos fazem com que passem despercebidos. Para que o agente da “febre que pinta”, passe para o organismo humano é necessário que o carrapato esteja grudado no corpo da vítima por algum tempo.
Evite locais infestados, use roupas claras e de mangas compridas com a bainha da calça dentro das botas. Caminhe sempre no meio das trilhas evitando suas margens, pois os carrapatos procuram o ápice dos arbustos e gramíneas, na expectativa de uma carona em um passante humano ou animal e sempre vistorie o corpo a cada duas horas quando em locais suspeitos. O carrapato precisa de pelo menos quatro horas para transmitir o microorganismo.
Ao retirá-lo faça uma leve rotação. Não esmague ou queime o carrapato com cabeça de fósforo, pois o stress faz com que liberem grande quantidade de saliva e conseqüentemente de bactérias no local da picada.
Mantenha os animais domésticos livres dos carrapatos, os cães são vítimas freqüentes de enfermidades perigosas transmitidas por estes vetores como a Erlishiose e a Babesiose.
Num quadro febril com história de picada precedente, é bom avisar o médico.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Seres indefesos

Jornal Cachoeiras 06 08 2011

Os pássaros são responsáveis pela arborização e muitas espécies estão à beira da extinção, o tietê-coroa foi banido da vida da floresta e o sabiá-pimenta, o bicudo e o chanchão voam na corda bamba. Esses indefesos seres em suas reclusões, sem lágrimas choram um lindo canto de lamúria, saudade e tristeza, como se almejassem despertar a enfrascada consciência de seu carcereiro, ainda inábil pra distinguir a doce melodia que singram os ares, do infeliz lamento vocalizado num canto frio de um poleiro.
Ao retirá-los da natureza balançamos com o equilíbrio vital e desestruturamos todo um bioma. Sementes de inúmeras espécies vegetais são nas matas dispersas por estes pequenos voadores. Em longo prazo, o cativeiro dos pássaros compromete toda a estrutura do ecossistema. A diminuição das populações desses dispersores causa agravos, até nas matas preservadas.
É uma insensatez aprisionar um passarinho. Existem melhores maneiras de mantê-los próximos e ouvir seus cantos, sem ter que submetê-los à melancólica clausura perene. É estranho ver a imagem e semelhança do Criador aprisionar uma das mais perfeitas e formosas obras da Criação.
Disse Einstein que “existem apenas duas coisas infinitas – o universo e a estupidez humana. E não tenho certeza do universo”.
E também Mahatma Gandhi – “O Planeta Terra tem como dar ao homem tudo que ele precisa. Mas não o que ele cobiça”.
A lei do Firmamento é implacável com os que agridem a natureza, e inflexível com os que trancam em cativeiro os seres que habitam os céus.

sábado, 30 de julho de 2011

A casa do animal

Jornal Cachoeiras 30 07 2011

Com o pólo petroquímico vem o crescimento desordenado e o aumento proporcional da quantidade de animais sumariamente excluídos da vida de relação, com reflexos inevitáveis na saúde pública, ambiental e na ética da natureza com seu racismo e especismo. A leishmaniose antes restrita a região Nordeste já aflora na parte desenvolvida do país e o cão é o seu principal reservatório. Zoonoses são enfermidades comuns a homens e animais, muitas bastante perigosas como a raiva, as leptospiroses, as leishmanioses e a toxoplasmose. São quase duas centenas e constituem a maioria das infecções e parasitoses que afetam homens e animais.
Milhares de cães são mortos por autoridades sanitárias na tentativa de salvaguardar a saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a captura e sacrifício de animais não é uma medida eficaz de controle, pois não atua nas principais causas da questão que é a procriação descontrolada e a irresponsabilidade ou ignorância dos seus donos.
Vítimas de sofrimento e de abandono, em sua grande maioria passam fome, frio, sofrem maus tratos, e padecem de doenças e outras mazelas. Alterar este quadro triste é um grande desafio para a humanidade contemporânea. A maioria das pessoas se sensibiliza com o sofrimento animal, sente dó e compaixão, mas apenas isso. Conviver com os animais é uma dádiva e é provado que melhora nossa qualidade de vida, porém esse convívio passa pelo bom trato e respeito. Pessoas inconseqüentes, dolosas e irresponsáveis não devem possuir animais de companhia.
Alguns quesitos têm de ser observados quando se estabelece esta relação. Primeiro informe-se das características, peculiaridades e necessidades de cada raça ou espécie; dê preferência à adoção, muitos estão à espera de um lar; não os deixe soltos nas ruas; cuide de sua saúde física e psicológica através do médico veterinário e utilize-se da castração, única medida eficaz para frear a procriação descontrolada e, se necessário, eduque-o através do adestramento.
Já se faz imperativo ter em nosso município uma “Casa do animal”, ou melhor, uma Unidade de Controle de Zoonoses que agregue atividades voltadas à fauna sinantrópica e redução da população de animais errantes - através da esterilização programada, educação ambiental, incentivo a posse responsável, registro animal, atendimento médico àqueles de famílias de baixa renda, vacinação anti-rábica permanente, controle e vigilância dos maus tratos aos animais e investigação epidemiológica de enfermidades zoonóticas.
O despertar e a organização de pessoas sensíveis e conscientes em associações vão de encontro à necessidade urgente de ações voltadas ao bem estar humano e animal. E que num futuro bem próximo, a péssima relação que temos com os nossos irmãos menores fiquem nas páginas mofadas da história.

sábado, 23 de julho de 2011

Nossos irmãos menores

Jornal Cachoeiras 23 07 2011

Muitas dessas criaturas são submetidas à humilhação e maus tratos, abduzindo o homem da esfera divina. Nas Sagradas Escrituras, a relação com os animais é abordada com profundo respeito e amor. São Francisco de Assis e São Felipe Neri mostraram através deles, o caminho para a evolução, cujo percurso, essencialmente, trilha em eucaristia com os seres viventes criados por Deus.
Os gansos que abastecem o execrável comércio de “joie gras” são entupidos de comida durante três semanas, além de terem os pescoços apertados por uma argola para que não regurgitem, e assim morrerem com seus fígados, uma dezena de vezes maiores do que o tamanho normal, convertidos num patê mórbido, degustado num rito lúgubre, por um seleto grupo aficionado pela “esteatose” induzida naqueles organismos animais.
Frangos padecem enclausurados e muitos são depenados vivos em calda fervente, animais circenses - eternos habitantes das jaulas -, divertem as crianças humanas nos picadeiros dos circos; combates sangrentos de galos, canários e cães, que se digladiam nos coliseus modernos, deleitam muitas almas insanas, e tantas outras espécies animais são desrespeitadas pelo elemento mefistofélico, que caminha com a existência humana.
Em muitas praças, touros sangram até a morte, enrobustecendo os egos sôfregos de turistas ávidos por derramamento de sangue e, nas “ruas de sacrifício” de algumas civilizações orientais, cães são cruelmente surrados até a morte, num anacrônico controle populacional.
Respeitar os entes da Natureza é estar em comunhão com o Divino, é não caminhar na contramão da evolução, é ir de encontro ao firmamento, é respeitar os céus.
Touros, galos, gansos e tanto outras obras do Criador, têm direito à existência plena, ou pelo menos dignidade na hora dos seus sacrifícios. Chegará o tempo em que um ato demente contra nossos irmãos menores será um dolo contra a própria humanidade.

domingo, 17 de julho de 2011

Os cavalos de Elberfeld

Jornal Cachoeiras 16 07 2011

Os célebres cavalos Muhamed e Zarif deixaram a sociedade parisiense atônita no inicio do século XX, quando através de um alfabeto convencional conversavam com o seu dono, rico comerciante de Elberfeld, distrito de Wuppertal, na Alemanha; além de executarem difíceis cálculos matemáticos, inclusive raízes quadradas e cúbicas. Na época o Dr. Claparède, da Universidade de Genebra, qualificou o episódio como "o mais sensacional acontecimento jamais visto na Psicologia".
Alguns animais possuem elevado grau de inteligência e sensibilidade. Conseguem intuir nossos sentimentos, ou melhor, sentem o contexto emocional deles proveniente. Falsidade, ansiedade, ódio, afeto, tristeza, alegria, amor, e mentira podem não passar imperceptíveis. Um exemplo é a cadela “Lola” que conseguia notar através do odor, o estado d’alma do seu interlocutor, e da mula do profeta venal Balaão, que temendo a flamejante espada de um Anjo, empacou. Antes de se manifestar a Balaão, o Querubim quis tornar-se visível ao animal. Há quem diga que enxergam os espíritos e se assustam quando estes são mal intencionados.
De nada adianta agrados e palavras suaves com o intuito de persuadi-los, eles conseguem ver o que há por de traz da máscara humana. Devemos estar atentos a qualquer pessoa que seja encarada com desconfiança por um animal, dificilmente estarão equivocados em seu julgamento.
Em felinos a clarividência, a clariaudiência e a claripercepção são bem pronunciadas. Não é incomum observarmos estes animais extasiados, olhando para algo que não vemos. E também não é infreqüente cavalos que se recusam a transpor determinados obstáculos aparentemente invisíveis.
Cães que morrem após o falecimento do seu dono, baleias que se atiram nas areias da costa atlântica, insetos que impelidos por um irresistível fototropismo positivo e perecem torrados nas lâmpadas incandescentes, reforçam a crença de suicídio nos animais. Não está bem claro, se neles existe o “desejo” desta depressão reativa, já que não pensam na morte, diametralmente, e nem poderiam se matar com seus próprios meios. Mesmo não tendo uma idéia exata do morrer, talvez consigam através de um estado transcendental vislumbrar o “deixar de viver”.
Muitos conhecimentos relacionados à “psique animal” foram apagados durante a inquisição, no papado de Gregório IX, com a aniquilação dos que detinham importantes conhecimentos, como os feiticeiros, bruxas e videntes. Na Grécia Antiga, importantes filósofos viviam à margem da sociedade e muito do que sabiam a respeito do zoopsiquismo, não chegou até nós. Só agora, a poeira que encobre as filosofias pré-cristãs, está sendo espanada e os conhecimentos dos hereges e profanadores voltando à luz do conhecimento.

sábado, 18 de junho de 2011

O perigo das garras

Jornal Cachoeiras 18 06 2011

A esporotricose também conhecida como a “doença da roseira”, pode ser transmitida pelos gatos que a adquirem quando arranham troncos de vegetais, cavam buracos no solo, cobrem seus dejetos com terra ou são feridos em brigas com animais portadores. É uma micose sistêmica que tem como agente causal o fungo Sporotrix, habitante comum do solo rico em matéria orgânica.
Nos gatos a doença pode se manifestar de forma grave e fatal, os donos desses animais devem ficar atentos as feridas de difícil cicatrização.
No homem a forma clássica da infecção acontece por implantação traumática do microorganismo através do contato com espinhos, vegetais e solo contaminado, mas tem aumentado os casos de contaminação através da mordida e arranhadura de gatos.
Em humanos a esporotricose é abortiva, restringindo-se a pele, tecido subcutâneo e sistema linfático. Segundo O IPEC - Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da Fiocruz, desde 1998 foram registrados no Rio de Janeiro quase 900 casos desta zoonose.
Graciosos, inteligentes e independentes os gatos conquistam cada vez mais espaço no habitat humano numa estreita relação com seus habitantes, colocando-os em situação de risco quanto às zoonoses.
Para uma convivência sadia, estes felinos devem ser permanentemente monitorados, vacinados e os locais por eles freqüentados desinfetados; sob orientação do médico veterinário de sua confiança.
É aconselhável também esterilizar os gatos, para diminuir as fugas, o envolvimento em brigas e o conseqüente risco de contrair o Sporotrix. schenckii".

domingo, 12 de junho de 2011

Abandonados e famintos

Jornal Cachoeiras 11 06 2011

Cresce a cada dia a população de animais errantes, que busca nas ruas as migalhas que de certa forma saciará sua fome. Abandonados a própria sorte dividem com ratos, pombos e outros excluídos os restos de alimentos que sobram dos estômagos humanos em seu frenesi nos restaurantes, praças, bares e quiosques das cidades.
O desenvolvimento do homem é diretamente proporcional ao amor e ao respeito à vida animal, aqueles que desconhecem tal premissa, cairão na roda da involução e em conseqüência nos infernos de Dante Alighieri.
Animais doentes vagando em áreas urbanas desarmonizam com as pretensões de desenvolvimento turístico das cidades, além de ser uma questão de saúde pública. Sabemos que leptospirose, leishmaniose, raiva e dermatopatias entre outras zoonoses, podem ser transmitidas por estes animais.
Não dá mais para esperar dos governos atitudes e ações que remetam definitivamente para a história essa página triste da relação humana com os animais. A ínfima parte sensível da sociedade que consegue perceber a extensão do problema deve se organizar e buscar condutas e ações que aliadas ao poder público, promovam saídas compassivas e resolutas para a solução do problema. Atitudes isoladas apesar de bem intencionadas são impotentes, só saciam a fome momentânea de poucos famélicos e enrobustecem alguns egos humanos.
Alguns estados brasileiros deram um passo importante com relação aos animais abandonados nas ruas, como a prefeitura de Porto Alegre ao criar a Coordenadoria Multidisciplinar de Políticas Públicas para os Animais, e Curitiba que aboliu o cruel extermínio em massa, investindo na posse responsável e na esterilização. A meta é evitar o abandono dos bichinhos, e o conseqüente aumento de animais nas ruas nas cidades.
“Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Neste dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade”. – Leonardo da Vinci.

sábado, 28 de maio de 2011

Tempo de cinomose

Jornal Cachoeiras 28 05 2011

A parvovirose e a cinomose são as enfermidades víricas de maior incidência e prevalência em nosso meio. Dependendo da severidade com que atacam os animais o desdobramento pode ser fatal, já que sistemas importantes do organismo são afetados.
O vírus da parvovirose, introduzido no país no final dos anos 70, acomete o coração e o aparelho digestivo principalmente nos animais novos, ocasionando uma gastrenterite hemorrágica com vômitos incoercíveis e perdas significativas de sangue e eletrólitos resultando numa grave anemia e severa desidratação. Este minúsculo vírus é resistente ao calor, umidade, frio e a maioria dos desinfetantes domésticos, podendo sobreviver no
ambiente por longos períodos de tempo. Dentre os cães, o dobermann e o rottweiler são os mais vulneráveis como também os animais com baixa imunidade.
Com o vírus da cinomose vem a imunodeficiência e a invasão do organismo pelos germes oportunistas. A mortalidade é alta, como também as irreversíveis seqüelas resultantes dos estragos provocadas no tecido nervoso. É uma das mais terríveis enfermidades contagiosas que acometem os canídeos e outros carnívoros sendo mais sensíveis os filhotes, os adultos jovens e os animais velhos.
Quando não sucumbem à infecção, os cães sobreviventes carregam por suas vidas seqüelas graves resultantes da agressão do vírus às meninges e à medula espinhal, como paralisia, mioclonia, alucinações, convulsão severa e outros distúrbios nervosos.
As características climáticas do inverno favorecem a presença deste vírus no ambiente, por isso nosso cuidado deve ser redobrado nesta época.
Deixar o nosso melhor amigo a mercê dessas perigosas doenças além de ser uma insensatez é uma grande falta de respeito com a vida animal. Parvovirose, cinomose, hepatite e leptospirose são doenças evitáveis com uma simples vacinação.
Não aplique vacina com suspeita de falhas na sua conservação, até o momento da aplicação tem de estar sob refrigeração adequada, sem a qual seu poder imunizante decresce comprometendo a sua eficácia.
Animais fracos, desnutridos, parasitados ou portadores de alguma enfermidade debilitante respondem mal a imunização. O ideal é que, ao serem vacinados, já tenham tomado vermífugo e não estejam sob terapia com corticóide ou outra droga imunossupressora.

sábado, 21 de maio de 2011

Cachoeirense no ranking nacional de tiro esportivo

Jornal Cachoeiras 21 05 2011

Juarez Fraga Machado (Leza) da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) obteve o 9ª lugar nacional no Trap Americano Top 200 Senior B, ficando na frente de alguns representantes de Santa Catarina - que possui os melhores atiradores-, São Paulo, Bahia, Alagoas entre outros estados da federação.
O trap ou prato que é feito de calcário, argila ou alcatrão em forma de “brisbee” com 110 mm de diâmetro é lançado em alta velocidade no ar e é a mira móvel do competidor. É utilizado nesta modalidade espingarda com cano sobreposto calibre 12 com munição que, dependendo da prova, pode ter maior ou menor peso, tamanho e quantidade de grãos de chumbo.
Nossa região possui bons atiradores, um exemplo é o friburguense José Salvador Trindade, classificado em 5º lugar nos jogos Olímpicos de Berlim, na modalidade “carabina deitado”.
O tiro ao alvo foi incluso como modalidade esportiva nos primeiros jogos da era moderna em Atenas em 1896, sendo suspenso 30 anos depois em Amsterdã em virtude da tensão existente na Europa mergulhada na Primeira Grande Guerra Mundial. Nesta modalidade são utilizadas armas de fogo ou de ar comprimido. Concentração, precisão, velocidade e controle da respiração são indispensáveis.
O húngaro Karoly Takacs fez parte da equipe de seu país campeão de tiro olímpico em 1938, quando uma granada decepou sua mão direita - que ele utilizava para atirar. Uma década depois em Londres, num exemplo notável de superação, Takacs conquistou as duas primeiras medalhas de ouro da categoria “rapid-fire”, atirando com a esquerda.
As normas são reguladas pela International Shooting Sport Federation, organismo internacional sediado na Alemanha
Para Londres em 2012 o Brasil está classificado em duas vagas e disputará uma prova masculina e outra feminina no tiro esportivo.

Remédios que matam

Jornal Cachoeiras 21 05 2011

Nossa cultura agrícola herdou de passadas gerações a dependência aos seus insumos, dominados na época pelos perigosíssimos organoclorados – DDT, BHC, Aldrin, Lindano e Endrin, muito usados nos anos 70. No Brasil em 1989, após intermináveis pressões populares, finalmente foram proibidas a utilização de formulações a base de cloro.
Agora os organofosforados e piretróides dominam o mercado. Menos de 40% dos produtores rurais calculam a quantidade do veneno utilizado através daquelas complicadas bulas, e menos de 20% se utilizam de cálculos agronômicos. A fiscalização no campo só se preocupa com a comercialização, não existe vigilância nem orientação para sua correta aplicação.
Os riscos não se limitam ao homem do campo. Os resíduos químicos alcançam o solo e as águas subterrâneas. Fatalmente as frutas, legumes e hortaliças que comemos podem conter resíduos desses produtos.
O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos na lavoura, gastamos anualmente quase três bilhões de dólares na compra desses insumos.
Estima-se que a cada ano mais de dois milhões de intoxicações agudas ocorram no mundo, devido à exposição ocupacional a estes defensivos e mais de trezentas mil mortes aconteçam, principalmente, no terceiro mundo.
Por não serem naturais, os pesticidas são de difícil degradação, acumulando-se nos ecossistemas terrestres e aquáticos gerando uma quantidade de pragas resistentes e exigindo formulações cada vez mais impactantes. Ironicamente, essas substâncias são chamadas pelos lavradores de “remédios”.
A limpeza de frutas e hortaliças, além de eliminar microorganismos, reduz a contaminação química. As frutas devem ser lavadas com sabão, água corrente e descascadas. As hortaliças, além de abluídas, devem ser imersas em água com limão por vinte minutos.
Os naturais produtos orgânicos vêm ganhando espaço junto ao consumo, que cada vez mais se conscientiza dos sérios danos causados pelos defensivos agrícolas.
Cuidado com aquela fruta e hortaliça grande e bonita...

sábado, 7 de maio de 2011

Pânico ancestral

(Jornal Cachoeiras 07 05 2011)

O pavor mórbido de baratas tem lá sua razão, esses milenares seres se escondem em locais impregnados de microorganismos perigosos que, de carona, chegam à nossa cozinha. É bom não dormir sem escovar os dentes, a francesinha “Blatella germânica” gosta de roer restos de alimentos grudados em nossas bocas durante o sono.
São capazes de viver sem cabeça e tirar de letra uma “hecatombe nuclear” sem grandes dificuldades. Após o genocídio de Nagasaki e Hiroshima as baratas foram os únicos seres a andar sobre o que restou.
A gosma branca que aparece ao ser esmagada é gordura de reserva que as mantém vivas no período de escassez de alimentos. As asas já não lhes são tão úteis, a não ser no período reprodutivo e a agilidade e rapidez com se deslocam no solo é impressionante.
Agressivas, asquerosas, nojentas e repugnantes, as baratas possuem uma atração fatal pelo ser humano, não é a toa que quase a totalidade das mulheres e significativa parte dos homens sofrem de blatelafobia e seus sintomas autossômicos – suor frio, falta de ar, mãos geladas, palpitação e histeria. As voadoras são as mais temidas, elas sempre estão em algum lugar quando menos se espera, deixando-nos apavorados como “baratas tontas”.
Dizem que os artrópodes do longínquo passado eram abissais, como também as baratas. Talvez esse “pavor inexplicável” tenha alguma relação com a lembrança distante do pânico ancestral, quando éramos acossados e devorados por eles. Alguns defendem a teoria de que projetamos na barata o pavor inconsciente da própria sexualidade e suas fantasias e é por isso, que a genitália feminina é também chamada de “baratinha”.
A catsaridafobia não tem muita explicação lógica. As baratas atuais não saem por aí mordendo como umas loucas, porquanto não é justificável o alarido frenético frente a uma insignificante “blatelinha”. Há quem diga que elas possuem um bizarro poder sobre o homem.
Para cada um de nós existem quinhentas delas sobre a terra. Vivem por um bom tempo e deixam quase três centenas de novos descendentes cada uma.
Além de praga, a barata doméstica é completamente inútil, não serve pra coisa nenhuma. São seres da noite, só transitam durante o dia se a concorrência é grande.
Grande maioria das espécies é silvestre e deve ser preservada, elas devoram os cadáveres animais e vegetais decompondo o lixo orgânico no solo e são importante na cadeia alimentar.
Uns dos lugares mais horrendos do mundo são as cavernas habitadas por morcegos, lotadas de baratas ávidas pelos dejetos frescos que caem do teto.

sábado, 30 de abril de 2011

Perigo nas estradas

(Jornal Cachoeiras 30 04 2011)

Cresce a cada ano o fluxo de veículos nas estradas e rodovias, despejando em seus leitos quantidades cada vez maior de chumbo, cobre, cádmio e zinco, provenientes do desgaste das pastilhas de freio e dos pneus.
Imagine a quantidade oriunda da frenagem dos pesados caminhões em descida pelas serras, locais naturalmente ricos em mananciais hídricos.
As chuvas carreiam todo esse material contaminante para as águas subterrâneas e lençóis freáticos. A contaminação chega ao nosso organismo por um acostamento silencioso acumulando-se devagar nos órgãos e tecidos.
Os danos à saúde e ao meio ambiente brotam com o tempo. O “saturnismo”, envenenamento pelo chumbo, compromete o sistema nervoso, rins e a medula óssea. Este “metal traço” altera processos genéticos, agindo como promotor e iniciador do câncer. O acúmulo de cobre no organismo está associado a distúrbios psiquiátricos, hepáticos, envolvimento com citotoxidade e aumento dos radicais livres, starts de muitas enfermidades.
Microelementos em demasia afetam a vida animal e vegetal. Envenenam seus seres ao longo da cadeia alimentar, e asfixiam lentamente todo um ecossistema. São atualmente considerados os maiores impactantes do meio ambiente no mundo, superando o até então imbatível rejeito industrial.
São naturalmente presentes na natureza, mas as mobilidades determinadas pelas atividades humanas aceleram o acúmulo na biosfera com danos previsíveis. Diversas são as causas antrópicas de perversão do solo e suas águas. “Antropia” é a ciência relacionada ao estudo das ações humanas capazes de ocasionar modificações no ambiente natural.
Inicialmente inaparentes, os agravos à saúde gerados pelos metais pesados não despertam na consciência pública a necessidade proeminente da adoção de medidas que freiem essa contaminação silenciosa.

sábado, 23 de abril de 2011

Mosquitos transgênicos

(Jornal Cachoeiras 16 04 2011)

O Aedes aegypti ganhou o estrelato com o aparecimento da dengue, mas outros mosquitos também têm seu lugar no pódium das pragas urbanas. As fêmeas do Culex quinquefasciatus do codinome "pernilongo" se banqueteiam nos animais de sangue quente, dos quais fazemos parte; o "pólvora" deixa nossas pernas e braços em "polvorosa" com sua picada alucinante, e o "palha" nos assusta com suas leishmanioses.
Os pernilongos se multiplicam em criadouros artificiais de águas estagnadas. Podem transmitir microorganismos causadores de doenças no homem e animais, é o caso da filariose bancroftiana (elefantíase), encefalites e virose Oropouche nos humanos e dirofilariose (verme do coração) nos cães
A dengue acomete mais de 100 milhões de pessoas todos os anos no mundo, mas o mosquito transmissor parece estar com seus dias contados com a criação de um rival transgênico, que produzirá populações portadores de um gen que limita o crescimento das asas, levando-o á extinção. Se o projeto der certo, os cientistas britânicos e americanos terão dado um salto na guerra contra os insetos vetores.
Em outro projeto, os mosquitos geneticamente modificados passam para a sua prole uma proteína que não deixa o inseto atingir a fase adulta. E em outro só nascem machos que não são hematófagos. A pergunta que fica no ar, é se haverá número suficiente de transgênicos. Como ficarão os seus predadores (sapos, pássaros, lagartixas, etc.), morrerão de fome? E se esse novo alado cismar de transmitir alguma outra doença? Nessa interminável guerra o melhor caminho ainda é a manutenção da densidade populacional destes vetores em níveis suportáveis: colaborando com as atividades de combate efetuadas pelos órgãos públicos, evitando a investida do mosquito através do entelamento, usando roupas adequadas e substâncias repelentes e acima de tudo, tampando as caixas d'água, além de descartar qualquer possibilidade de acúmulo de água parada em seu domicílio.
Hoje quem realmente lucra nessa batalha são os fabricantes e os que comercializam repelentes, até porque durante as epidemias os preços destes produtos dão uma pela picada no bolso do consumidor.
Só as fêmeas exercem a picadura, se elas não chuparem seu sangue não conseguirão maturar seus ovos, que conseqüentemente não eclodirão em mais mosquitos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A picada da morte

(Jornal Cachoeiras 02 04 2011)

Na guerra contra o mosquito transmissor da dengue só tem um perdedor, a população vulnerável, que a cada ciclo viral fica exposta e temerosa com os agravos previsíveis, decorrentes desta doença, cada vez menos controlável com suas mutações e densidade do seu transmissor. É inadmissível ter que conviver todos os anos com os riscos letais de uma enfermidade superável.
Desde a década de 80 o combate ao Aedes aegypti fracassa em operações inócuas e caras. Vidas, em pleno século vinte um, ficam expostas a enfermidades do passado e caras para o contribuinte, pois o que se espera desta relação é a eficiência dos serviços.
Quando por circunstâncias da própria dinâmica do inseto vetor, não ocorrem surtos da doença os responsáveis pelo seu combate se vangloriam com sua falsa eficácia, quando a morbidade e letalidade acontecem, culpam a população e as intempéries pelo ocorrido. Na verdade ninguém quer ser o pai da criança, se eximem de qualquer responsabilidade quando a ela é compartilhada, até porque os responsáveis recebem verbas para a execução de suas ações.
Os serviços públicos existem para salvaguardar as populações, só que são inchados de pessoas subordinadas à autoridades nem sempre comprometidas em exercer o papel para o qual foram outorgadas.
A eficácia voltada ao bem estar público passa primeiro por uma varrição nas administrações, com a admissão de pessoal concursado ou curricularmente dotado de capacidade para o ofício. O segundo fator, passa pelo despertar da enfrascada consciência da população, cuja desinformação contribui para a formação de criadouros, além de conceder aos poderes uma relação pouco crítica nos pleitos eleitorais.
Sem o envolvimento de todos, o sucesso esmerado dos programas adotados e a almejada e necessária erradicação do vetor, serão quase impossíveis.
Sendo a grande totalidade dos focos artificiais, isto é, criados pelo próprio homem, é imprescindível, para que os objetivos sejam alcançados, um forte envolvimento popular nas ações de combate diuturnamente.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Com unhas e bico

Jornal Cachoeiras 19/03/2011

A prática da adoção é a maior prova de crescimento interior, cuidado social e incomensurável amor. E não é só humana, mesmo por razões diferentes das nossas não é incomum esta dádiva em outras espécies animais
As razões que levam a adotar são diferentes entre as espécies, mas o instinto de salvaguardar a vida é inconteste.
Assim como tem fêmeas que adotam os órfãos, tem as que os rejeitam e até canibalizam suas próprias crias, condição que pode ter como gênese uma inadequada interferência humana, depressão pós-parto, forte stress ou imaturidade da jovem parturiente.
Uma cadela com desequilíbrio hormonal em estado de pseudociese ou gestação psicológica pode “adotar” outro filhote, brinquedo de pelúcia ou outro objeto inanimado como se fosse seu bebê. Também a “confusão de identidade” pode levar um animal a adotar outro, é o caso da galinha Mabel de Shropshire no oeste da Inglaterra que abandonou seu galinheiro e assumiu quatro cãezinhos, defendendo-os com unhas e dentes, ou melhor, com unhas e bico.
Perambula pelas ruas e vielas das cidades um exército de animais abandonados, sujeitos ao laço da carrocinha, violência, fome, frio e ao isolamento. A adoção racional além de um exercício de consciência é uma forma de minimizar o sofrimento desses irmãos excluídos.
Adote um animal.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Os sinantrópicos

Jornal Cachoeiras 26 02 2011

Zoonoses são enfermidades comuns a homens e animais, algumas graves como a raiva e leptospirose estão entre as quase duas centenas existentes, e constituem a maioria das infecções e parasitoses que acometem a humanidade.
O controle dessas doenças engloba atividades voltadas aos animais errantes que perambulam pelas cidades, sem holocausto naturalmente. A leishmaniose visceral, que tem o cão como hospedeiro, preocupa pela sua crescente expansão.
Também é imprescindível o combate aos perigosos animais sinantrópicos, que são aqueles que se adaptaram ao homem a despeito da vontade deste. Ratos, baratas, pombos, mosquitos e caracol africano fazem parte deste time, que encontram nas habitações humanas e suas cercanias bastante alimento e abrigo.
Esses agregados são encontrados nas habitações, ruas, margens de rios e terrenos baldios em busca de nutrientes, facilmente encontrados nos restos, lixos e águas paradas que compõe o cenário urbano.
Não é bem vinda a proximidade de alguns desses sinantrópicos aos nossos alimentos. Situações em que as regras de higiene não são consideradas a prevalência de toxinfecções e outros distúrbios alimentares são constantes.
Estabelecimentos que comercializam e manipulam alimentos como trailers, pastelarias, bares e restaurantes tem de estar conscientes que além de uma questão de saúde pública, o respeito aos padrões de higiene revertem em uma clientela segura e confiante.
Poucas cidades exercem com consciência e eficácia estas atividades tão importantes para uma boa saúde coletiva. Por ser fiscalizadora e punitiva, não caem bem no âmago político, tanto é que pouco se fala sobre o assunto.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cuidado com os carrapatos

Jornal Cachoeiras 12 02 2011

Cada fêmea matura centenas de ovos com o sangue tirado do seu hospedeiro que eclodirão num irrequieto bando de larvas sedentas. Em pouco tempo ela morrerá deixando milhares de descendentes.
Os cães são os preferidos da vampiresca investida dos carrapatos, por razões óbvias os acorrentados, os encarcerados, os ignorados e os mal tratados são os mais vulneráveis.
Diferente de outras espécies, o “carrapato vermelho” do cão tem geotropismo negativo. Procura esconderijo acima do solo, nos muros e paredes do canil. Um intenso parasitismo pode levar a uma severa anemia e maior probabilidade de adquirir graves doenças, como a erlishiose e babesiose, bastante comuns em nosso meio.
O “carrapato estrela” ataca cavalos, capivaras e com menor freqüência outras espécies, eventualmente nos abordam. Transmitem a letal febre maculosa causada pela bactéria “Rickettsia rickettsii”; é uma zoonose em plena expansão.
Com o objetivo de alcançar três milhões de animais, a Prefeitura de São Paulo introduzirá num período de dois anos quase quinhentos mil “microchips” em cães e gatos daquela cidade, evitando com essa medida a proliferação de zoonoses urbanas.
Usar roupa adequada quando em locais infestados e manter o animal e o ambiente livre de carrapatos, são medidas necessárias. A retirada manual do artrópode é desaconselhada, parte do seu aparelho bucal pode ficar retida na pele causando infecção local.
É comum desprendê-lo com cabeça de fósforos quente, mas o “stress” provocado pelo calor faz com que o carrapato, se portador, libere bactérias e protozoários no local da picada.
Não deixe seu cão ser banquete para esses temíveis hematófagos.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Os cães pagam o pato

Jornal Cachoeiras 05 02 2011

Os agravos ao meio ambiente levam a urbanização de vetores de enfermidades silvestres, inclusive o Lutzomyia, popularmente conhecido como mosquito palha, cangalinha ou birigui, transmissor dos protozoários flagelados do gênero Leishimania ao homem e animais.
A fêmea deste díptero sai à caça de sangue, preferencialmente no crepúsculo, à noite e durante o dia em ambientes úmidos e sombrios. Não é difícil identificá-lo: é pequeno, peludo, castanho claro ou palha, voa saltitando e em pouso suas asas ficam entreabertas e ligeiramente levantadas. Proliferam em chiqueiros, galinheiros, enfim em locais com matéria orgânica em decomposição, próximos a mata e nas encostas dos morros.
O processo migratório do homem e seus animais têm contribuído sobremaneira para a dispersão geográfica de importantes zoonoses, dentre elas as que têm como agentes organismos unicelulares. Um exemplo é a doença de Chagas e as Leishmanioses em franca expansão territorial.
Na esfera doméstica o cão é o principal reservatório da enfermidade e o tratamento geralmente não resulta em cura etiológica, tornando-o um portador assintomático. No ambiente silvestre, a raposa e outros canídeos são os hospedeiros naturais.
Em muitos países o tratamento da Leishmaniose canina é permitido, por aqui o Ministério da Saúde veda terapia com medicamentos humanos e não reconhece a utilização de vacinas no seu controle, apesar da Organização Mundial de Saúde não falar em eutanásia quando se refere ao Calazar.
Existem meios e procedimentos, apesar de não serem baratos, para o controle da Leishmaniose canina que deve ser acompanhado por um médico veterinário habilitado.
Que é um problema de saúde pública é incontestável, porém os cães pagarem o pato pelos surtos de doenças que nós provocamos quando desequilibramos o meio ambiente, é além de contra senso uma desumanidade.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Comigo ninguém pode

Jornal Cachoeiras 29 01 2011

Cuidar, alimentar, atender as necessidades básicas e ter respeito não só pelo indivíduo, mas pela própria vida animal, são fatores indispensáveis para o sucesso da relação com outras espécies.
O equilíbrio na alimentação desde a tenra idade é primordial para uma vida saudável e para o bom funcionamento dos sistemas do organismo de cães e gatos. A atenção alimentar passa pela quantidade ministrada, freqüência e principalmente pela qualidade dos nutrientes oferecidos.
Alguns produtos da nossa gastronomia não são adequados aos animais. A teobromina do chocolate; o n-propil dussulfito presente na cebola; a persina do abacate; o alcalóide solamina, encontrado na batata, cará, inhame e aipim crus; o ácido cianídrico liberado por substâncias presentes nas sementes de algumas frutas como o damasco e o pêssego; o cylitol que entra na composição das balas e pirulitos são exemplos de algumas toxinas que podem causar sérios problemas de saúde nos animais.
Estimulantes como o café e o chá preto, bebida alcoólica, uva e passas, laranja, lúpulo, folha e caule de legume, cereja, pêra, feijão, amêndoa, parte verde da batata, ameixa, osso de galinha e alimento deteriorado também são inadequados. A uva, em qualquer de suas apresentações, possui uma toxina, até então desconhecida muito perigosa para os gatos.
A antrometotoxina da azaléa; o oxalato de cálcio do comigo ninguém pode e copo de leite; os alcalóides beladonados da trombeta; os glicosídeos cardiotóxicos da espirradeira e a toxalbumina da mamona, pinhão roxo e costela de adão devem ficar distantes dos curiosos animais de estimação.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Os grandes farejadores

Cachoeiras Jornal 15 01 2011

O azul da Gasconha originaria da francesa província da Gascogne é a mais antiga raça de cães farejadores que se tem notícia. Os cães com esta característica são utilíssimos como adjuvantes nas operações de salvamento das grandes tragédias humanas.
Para ser um desses heróis anônimos o animal precisa ser bastante curioso, brincalhão, ter excelente olfato, ser dócil, destemido, de tamanho adequado e resistente. As raças mais utilizadas são o pastor, o boxer, o dobermann, o golden e o labrador, que detém o título de grande farejador com suas 250 milhões células olfativas; na frente do pastor com 220 e Fox terrier com 175. Os mais utilizados são os flexíveis e adestráveis pastores e o labrador com seu olfato excepcional.
Esses animais possuem um perfil que lhes conferem aptidão para o resgate de vitimas nas tragédias naturais, nos desabamentos e em e outros dramas humanos.
Apesar de não possuírem boa visão a sua cambimetria de quase 270º lhes conferem um espectro visual privilegiado, útil na procura em escombros. A cambimetria humana é de 180º.
Os cães de resgate quando encontram uma vítima com vida latem incessantemente recomendando ação rápida de socorro, do contrario a rapidez já não é tão necessária.
Os grandes farejadores sempre juntos dos bombeiros e policiais são também utilizados na busca de explosivos, procura de pessoas perdidas e detecção de drogas, que teve início no Vietnam quando os soldados americanos tiveram graves envolvimentos com a heroína.
Cães geólogos acham minerais sob o solo, meteorologistas prevêem as intempéries e os trufeiros localizam trufas. Tem os que encontram obras de arte roubadas, os que percebem vazamentos de gás e outros que auxiliam na elucidação de crimes como os cães forenses.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Coitados dos bichinhos ETs

Jornal Cachoeiras 08 01 2011


Evidências da inteligência canina são observadas por muitos que se dedicam ao estudo do mundo animal, e pelos que mantém estreito vínculo com esta espécie.
Atitudes e comportamentos inteligentes, discernimento e emotividade, são descritos por muitos etólogos e psicólogos de cães. Com o avanço das pesquisas, o âmago psíquico do melhor amigo do homem vem sendo vasculhado e muito ainda tem para ser desvendado.
Não é por acaso que os caninos, dentre outras espécies, são os que mais vínculos possuem com os humanos; compartilhando de várias maneiras do seu mundo, no campo das relações, da psicologia e quem sabe até da espiritualidade.
Existem cães neuróticos, felizes, deprimidos, alegres e tristes e acredito que, sentimentos tidos como exclusivos do homem como ódio, ciúme, inveja, raiva, desejo e amor também fazem parte, guardando as proporções, de sua psique.
A capacidade intelectiva do Borden, seguido do Poodle, Pastor alemão e Golden retrivier são inegáveis. São considerados por Stalen Coren, como sendo os mais inteligentes das 133 raças analisadas. Porém é uma regra variável, existem muitos “vira-latas” inteligentíssimos.
Mais de duzentos juízes de prova do American Kennel Club participaram desta pesquisa, fundamentada na inteligência funcional, na facilidade com que aprendem comandos, assimilam ensinamentos e executam tarefas.
Talvez com o entendimento da alma canina, a compreensão e o respeito a esta tão importante espécie serão praticados e os erros e barbáries, até então cometidos, reparados.
Foi preciso quase levar as baleias ao extermínio para que entendêssemos a sua importância. A baleia orca foi chamada de assassina porque matava para sobreviver; como ainda fazemos com porcos, bois, cabritos, galinhas, perus e coelhos. Este cetáceo é hoje, como o cão e o golfinho, utilizado com sucesso como adjuvante na terapia de distúrbios psíquicos em humanos.
Os cães ainda são subestimados, maltratados e abandonados quando convém, porque deixou de ser o filhote engraçadinho, não era o brinquedo que o filho queria, ficou doente, porque a raça saiu de moda e vai por aí a fora.
Enfrascados humanos, ainda buscam vidas em outros planetas.
Coitados dos bichinhos ETs.