sábado, 30 de julho de 2011

A casa do animal

Jornal Cachoeiras 30 07 2011

Com o pólo petroquímico vem o crescimento desordenado e o aumento proporcional da quantidade de animais sumariamente excluídos da vida de relação, com reflexos inevitáveis na saúde pública, ambiental e na ética da natureza com seu racismo e especismo. A leishmaniose antes restrita a região Nordeste já aflora na parte desenvolvida do país e o cão é o seu principal reservatório. Zoonoses são enfermidades comuns a homens e animais, muitas bastante perigosas como a raiva, as leptospiroses, as leishmanioses e a toxoplasmose. São quase duas centenas e constituem a maioria das infecções e parasitoses que afetam homens e animais.
Milhares de cães são mortos por autoridades sanitárias na tentativa de salvaguardar a saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a captura e sacrifício de animais não é uma medida eficaz de controle, pois não atua nas principais causas da questão que é a procriação descontrolada e a irresponsabilidade ou ignorância dos seus donos.
Vítimas de sofrimento e de abandono, em sua grande maioria passam fome, frio, sofrem maus tratos, e padecem de doenças e outras mazelas. Alterar este quadro triste é um grande desafio para a humanidade contemporânea. A maioria das pessoas se sensibiliza com o sofrimento animal, sente dó e compaixão, mas apenas isso. Conviver com os animais é uma dádiva e é provado que melhora nossa qualidade de vida, porém esse convívio passa pelo bom trato e respeito. Pessoas inconseqüentes, dolosas e irresponsáveis não devem possuir animais de companhia.
Alguns quesitos têm de ser observados quando se estabelece esta relação. Primeiro informe-se das características, peculiaridades e necessidades de cada raça ou espécie; dê preferência à adoção, muitos estão à espera de um lar; não os deixe soltos nas ruas; cuide de sua saúde física e psicológica através do médico veterinário e utilize-se da castração, única medida eficaz para frear a procriação descontrolada e, se necessário, eduque-o através do adestramento.
Já se faz imperativo ter em nosso município uma “Casa do animal”, ou melhor, uma Unidade de Controle de Zoonoses que agregue atividades voltadas à fauna sinantrópica e redução da população de animais errantes - através da esterilização programada, educação ambiental, incentivo a posse responsável, registro animal, atendimento médico àqueles de famílias de baixa renda, vacinação anti-rábica permanente, controle e vigilância dos maus tratos aos animais e investigação epidemiológica de enfermidades zoonóticas.
O despertar e a organização de pessoas sensíveis e conscientes em associações vão de encontro à necessidade urgente de ações voltadas ao bem estar humano e animal. E que num futuro bem próximo, a péssima relação que temos com os nossos irmãos menores fiquem nas páginas mofadas da história.

sábado, 23 de julho de 2011

Nossos irmãos menores

Jornal Cachoeiras 23 07 2011

Muitas dessas criaturas são submetidas à humilhação e maus tratos, abduzindo o homem da esfera divina. Nas Sagradas Escrituras, a relação com os animais é abordada com profundo respeito e amor. São Francisco de Assis e São Felipe Neri mostraram através deles, o caminho para a evolução, cujo percurso, essencialmente, trilha em eucaristia com os seres viventes criados por Deus.
Os gansos que abastecem o execrável comércio de “joie gras” são entupidos de comida durante três semanas, além de terem os pescoços apertados por uma argola para que não regurgitem, e assim morrerem com seus fígados, uma dezena de vezes maiores do que o tamanho normal, convertidos num patê mórbido, degustado num rito lúgubre, por um seleto grupo aficionado pela “esteatose” induzida naqueles organismos animais.
Frangos padecem enclausurados e muitos são depenados vivos em calda fervente, animais circenses - eternos habitantes das jaulas -, divertem as crianças humanas nos picadeiros dos circos; combates sangrentos de galos, canários e cães, que se digladiam nos coliseus modernos, deleitam muitas almas insanas, e tantas outras espécies animais são desrespeitadas pelo elemento mefistofélico, que caminha com a existência humana.
Em muitas praças, touros sangram até a morte, enrobustecendo os egos sôfregos de turistas ávidos por derramamento de sangue e, nas “ruas de sacrifício” de algumas civilizações orientais, cães são cruelmente surrados até a morte, num anacrônico controle populacional.
Respeitar os entes da Natureza é estar em comunhão com o Divino, é não caminhar na contramão da evolução, é ir de encontro ao firmamento, é respeitar os céus.
Touros, galos, gansos e tanto outras obras do Criador, têm direito à existência plena, ou pelo menos dignidade na hora dos seus sacrifícios. Chegará o tempo em que um ato demente contra nossos irmãos menores será um dolo contra a própria humanidade.

domingo, 17 de julho de 2011

Os cavalos de Elberfeld

Jornal Cachoeiras 16 07 2011

Os célebres cavalos Muhamed e Zarif deixaram a sociedade parisiense atônita no inicio do século XX, quando através de um alfabeto convencional conversavam com o seu dono, rico comerciante de Elberfeld, distrito de Wuppertal, na Alemanha; além de executarem difíceis cálculos matemáticos, inclusive raízes quadradas e cúbicas. Na época o Dr. Claparède, da Universidade de Genebra, qualificou o episódio como "o mais sensacional acontecimento jamais visto na Psicologia".
Alguns animais possuem elevado grau de inteligência e sensibilidade. Conseguem intuir nossos sentimentos, ou melhor, sentem o contexto emocional deles proveniente. Falsidade, ansiedade, ódio, afeto, tristeza, alegria, amor, e mentira podem não passar imperceptíveis. Um exemplo é a cadela “Lola” que conseguia notar através do odor, o estado d’alma do seu interlocutor, e da mula do profeta venal Balaão, que temendo a flamejante espada de um Anjo, empacou. Antes de se manifestar a Balaão, o Querubim quis tornar-se visível ao animal. Há quem diga que enxergam os espíritos e se assustam quando estes são mal intencionados.
De nada adianta agrados e palavras suaves com o intuito de persuadi-los, eles conseguem ver o que há por de traz da máscara humana. Devemos estar atentos a qualquer pessoa que seja encarada com desconfiança por um animal, dificilmente estarão equivocados em seu julgamento.
Em felinos a clarividência, a clariaudiência e a claripercepção são bem pronunciadas. Não é incomum observarmos estes animais extasiados, olhando para algo que não vemos. E também não é infreqüente cavalos que se recusam a transpor determinados obstáculos aparentemente invisíveis.
Cães que morrem após o falecimento do seu dono, baleias que se atiram nas areias da costa atlântica, insetos que impelidos por um irresistível fototropismo positivo e perecem torrados nas lâmpadas incandescentes, reforçam a crença de suicídio nos animais. Não está bem claro, se neles existe o “desejo” desta depressão reativa, já que não pensam na morte, diametralmente, e nem poderiam se matar com seus próprios meios. Mesmo não tendo uma idéia exata do morrer, talvez consigam através de um estado transcendental vislumbrar o “deixar de viver”.
Muitos conhecimentos relacionados à “psique animal” foram apagados durante a inquisição, no papado de Gregório IX, com a aniquilação dos que detinham importantes conhecimentos, como os feiticeiros, bruxas e videntes. Na Grécia Antiga, importantes filósofos viviam à margem da sociedade e muito do que sabiam a respeito do zoopsiquismo, não chegou até nós. Só agora, a poeira que encobre as filosofias pré-cristãs, está sendo espanada e os conhecimentos dos hereges e profanadores voltando à luz do conhecimento.