sexta-feira, 30 de março de 2012

Animais errantes

O aumento da população de animais errantes tem relação direta com o crescimento urbano desordenado. Os cães possuem um convívio estreito com o homem, tanto que, dentre os animais domésticos são considerados os seus melhores amigos. Desamparados por razões diversas disputam com a fauna sinantrópica, (ratos, baratas, pombos e caramujos) restos de alimentos nas latas de lixo. O desenvolvimento humano é diretamente proporcional ao amor e ao respeito à vida animal. Nas Escrituras Sagradas ele é citado em vários livros, como em Provérbio 12:10: “O justo olha pela vida de seus animais; porém as entranhas dos ímpios são cruéis” e em Eclesiastes 3:19-20): “Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos tem o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais, porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar, todos procedem do pó e ao pó tornarão”. Em nosso Município os cães abandonados representam uma minoria, quase que a totalidade que perambulam pelas ruas da cidade em busca de alimento ou correndo atrás do prejuízo sexual possui residência fixa. Animais mórbidos, sofredores e vagantes desarmonizam com a evolução urbana, além de demonstrar atraso no desenvolvimento social. Os sentimentos humanitários com ações isoladas ou não, aliviam a pressão física e psicológica impostas aos animais domésticos, atenuando de certa forma seu sofrimento; mas medidas voltadas a educação e conscientização têm de serem priorizadas. Elas operam na gênese do distúrbio. Os adultos truculentos que batem, chutam e impõe fome aos animais, os carcereiros que aprisionam as aves dos céus e os indiferentes que lhes viram a face e nada fazem para atenuar sua dor já são oblíquos, cresceram tortos e permanecerão tortos. Nos indivíduos em formação, crianças e adolescentes, a educação continuada previne esse desvio de conduta antinatural, resgatando com o tempo o respeito e a dignidade com relação à vida animal. (Jornal Cachoeiras 31 03 2012)

sexta-feira, 23 de março de 2012

O animal do futuro

Há dez mil anos antes de Cristo, quando utilizado no controle de roedores que infestavam a região do Crescente Fértil, entre os rios Nilo, Tigre e Eufrates, teve início a domesticação dos gatos. Os atuais descendem de uma espécie malhada que habitava a Mesopotâmia e o esclavagismo se deu quando a humanidade ainda engatinhava na agricultura. É o animal doméstico mais adaptado a vida moderna, a relação do gato com o homem é cada vez mais intensa, fortalecida por seu silêncio, discrição, notável adaptação a espaços reduzidos e por melhor tolerar a solidão. Em alguns países sua densidade populacional aproxima-se, e até supera, a dos cães. Há quem diga que sua domesticação ainda não se completou, e que muitas características ocultas, ainda virão à luz da etologia. No século XIII com a promulgação das bulas condenatórias aos gatos, o papa Gregório IX mandou exterminá-los sob a justificativa de que serviam a satã, o que saiu caro para os europeus. Os ratos proliferaram e associados à precária higiene da época disseminaram a pulga responsável pela peste bubônica que dizimou um terço da população daquele continente. Se no catolicismo os gatos foram execrados, no islamismo salvou a vida de Maomé quando impediu que uma serpente peçonhenta o matasse. Kathy Hoopmann, autora do livro “All Cats Asperger Syndrome”, compara os gatos a portadores humanos de Asperger, anomalia caracterizada por dificuldades no convívio social com preservação da parte cognitiva. Portadores desta síndrome têm dificuldades na comunicação, na percepção sensorial, na sociabilidade e na adequação a mudanças. Einstein, Hitchcock, Newton, Bill Gates, Michelangelo, Mozart e Leonardo da Vinci sofreram deste transtorno de espectro autista. Eles nos toleram porque na sua fase de socialização o homem estava perto. O ponto crítico é entre segunda e sétima semana de idade, gatos que durante esse período não tiveram contato com o homem serão desconfortáveis com sua presença. São predadores contumazes que dependendo da amplitude, pode comprometer o equilíbrio da fauna local. Essa forte tendência predatória pode ser atenuada evitando o contato do filhote, durante a fase de socialização, com suas possíveis presas. O gato é um animal interessante, amigo, sagaz, limpo, sensível e dotado de percepções que transcendem o nosso tempo. É o animal do futuro, entendê-lo e amá-lo também é parte de nossa evolução. (Jornal Cachoeiras 24 03 2012)

sábado, 17 de março de 2012

Esterilização. Necessária e controversa

Na fêmea a contracepção se dá de três maneiras: pela supressão do cio já iniciado, seu retardamento temporário e anestro inflexível através da ablação do útero e ovários, no macho são retirados os testículos. São meios alternativos, a laqueadura e a vasectomia, nem sempre satisfatórios. Muitas são as vantagens da esterilização cirúrgica, tanto na esfera comportamental como na relacionada à prevenção de enfermidades ligadas a reprodução. Este procedimento é um forte aliado no controle populacional dos animais renegados e dos que domiciliados vagueiam pelas ruas. O método é eficaz quando contíguo a medidas elucidativas voltadas a posse com responsabilidade e ao respeito à vida. A matilha humana tem de ter a consciência desperta e sofrer medidas educativas e restritivas pro bem estar de nossos irmãos menores. Os que sofrem os percalços da vida errante podem albergar zoonoses, doenças comuns ao homem e animais. A esterilização cirúrgica suprime a pseudociese ou falsa prenhez e reduz significativamente a incidência de tumores mamários quando realizada antes do primeiro cio. Se feita após, a probabilidade tumoral aumenta e, depois do terceiro ciclo o efeito preventivo já não mais existe. As doenças sexualmente transmissíveis e o risco de graves infecções uterinas desaparecem com a ováriosalpingohisterectomia, embora a infecção possa acontecer na parte da cérvix uterina remanescente e desenvolver a síndrome do ovário persistente se sua retirada das gônadas for parcial. A cirurgia mutilante, segundo pesquisas, tem lá suas implicações: vulva infantil com dermatite recorrente, incontinência urinária, síndrome urológica felina, hipoandrogenismo, diminuição da atividade física voluntária e obesidade que, se não controlada, põe a saúde do animal em risco. Com a retirada da glândula sexual e seus hormônios o metabolismo decresce, a atividade física diminui e o limiar de saciedade aumenta, levando ao ganho de peso e suas consequências, que podem ser evitada com atitudes racionais e nutricionais. O despertar da sociedade para o problema vai de encontro à necessidade de ações voltadas aos nossos parceiros urbanos, que na convivência com o homem perderam sua autonomia relativa. A Associação Cachoeirense de Defesa Animal (ACDA) vem resgatar parte da dívida que contraímos com os animais domésticos ao longo dos tempos, proporcionando-lhes bem estar físico psicológico e norteando atitudes que vão de encontro ao zelo e ao respeito, imprescindíveis à ecologia social, fomentando a responsabilidade e consciência coletiva no trato com os animais. (Jornal Cachoeiras 17 03 2012)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Baratas tontas

O pavor doentio que sentimos vendo uma simples baratinha tem lá sua razão, esses milenares seres vivem em locais impregnados de micróbios perigosos que, de carona, chegam à nossa cozinha, ao nosso alimento e ao nosso organismo. Além de praga, a barata doméstica é completamente inútil, não serve pra coisa nenhuma. São seres da escuridão, só transitam durante o dia se a concorrência for grande, isto é se seus esconderijos estiverem com lotação completa. Não sentem dor e são capazes de viver sem cabeça e tirar de letra uma “hecatombe nuclear” sem grandes dificuldades. Esmagada mostra uma asquerosa gosma branca que é a gordura de reserva que as mantém vivas no período de escassez de alimentos. Agressivas e malacafentas, possuem por nós uma atração fatal, não é a toa que quase a totalidade das mulheres e significativa parte dos homens sofrem de catsaridafobia com seu suor frio, falta de ar, mãos geladas, palpitação e histeria. As voadoras são as mais temidas, aparecem de algum lugar quando menos se espera, e quase sempre em nossa direção, deixando-nos baratinados como “baratas tontas”. Dizem que os artrópodes do longínquo passado eram abissais, como também as baratas. Talvez esse “pavor inexplicável” tenha alguma relação com a lembrança distante do pânico ancestral, quando éramos acossados e engolidos por eles. As baratas atuais não saem por aí mordendo como umas loucas, porquanto não é justificável o alarido frenético diante da barata do esgoto “Periplaneta americana” ou da francesinha “Blatella germanica”. Alguns defendem a teoria de que projetamos na barata o pavor inconsciente da sexualidade e suas fantasias. Essa entomofobia pode ter relação com um contato prévio muito desagradável ocorrido na infância, ao subir por nossas pernas ou entrar debaixo da coberta quando dormimos. Grande maioria das espécies é silvestre e devem ser preservadas, elas devoram os cadáveres animais e vegetais decompondo o lixo orgânico no solo e tem relevante importância na cadeia alimentar. (Jornal Cachoeiras 10 03 2012)