sábado, 21 de dezembro de 2013

Nossa água de cada dia

Nossa água de cada dia O paraíso das águas cristalinas possui um dos mais belos verdes do Estado, abundante água translúcida, encachoeirados rios, excelente água mineral e uma biodiversidade exuberante. Poucos lugares foram agraciados com tanta abastança natural, que preservada será no futuro o diferencial no desenvolvimento do município e promoção de melhor qualidade de vida para os seus habitantes. Existe uma preocupação global bastante justificável com relação à escassez de água potável e suas previsíveis consequências. Menos de um centésimo da água do planeta é doce e mais da metade imprópria para o consumo. A água não acaba, a sua disponibilidade e potabilidade é que diminuem com o desperdício, desmatamento, crescimento populacional desordenado e contaminação dos seus mananciais. A água é um importante meio de dispersão de enfermidades. Gastrenterite, verminose, hepatite, cólera, amebíase e leptospirose ainda flagelam os menos favorecidos. A contaminação fecal da água ainda é um desafio para a saúde pública nos países do terceiro mundo, grande parte das enfermidades que assolam suas populações são por micro-organismos por ela veiculados, os agravos provocados respondem por grande parte dos atendimentos e internações na rede pública de saúde. A água destinada ao consumo tem de ser submetida a parâmetros químicos, físicos e atender a padrões microbiológicos de potabilidade antes de saciar a sede das populações. Recentemente sentimos na pele o que não ter água. No esquecido sertão nordestino, Expedita caminha por entre xiquexiques, mandacarus e coroas de frade quatro horas todo santo dia, em busca de uma água salobra, suja e contaminada, que matará sua sede e suprirá suas necessidades. Num futuro, não tão distante, só os mais fortes terão a posse da água, que será moeda de troca e geradora de conflitos. Não desperdice, o Paraíso das Águas Cristalinas agradece.

domingo, 29 de setembro de 2013

A vida preservada no alto Guapiaçú

Resgatar e preservar espécies de floresta destruída é um trabalho árduo, é como dar vida ao que está fenecendo. Herdamos uma cultura onde o bem público não é muito respeitado, a todo tempo destruímos a mata e poluímos nossa água. A partir dos anos 80 a criação do IBAMA e depois o Parque Estadual dos Três Picos vieram melhor guardar a floresta atlântica, mas insuficientes investimentos e carências operacionais ainda deixam vulneráveis estes santuários verdes. Tem-se observado que quando o gerenciamento da floresta é realizado pela iniciativa privada as agressões são modestas, parece que há um maior respeito pela coisa particular. A Associação REGUA, criada em 2001 para proteger o remanescente florestal de mata atlântica na bacia hidrográfica do alto Guapiaçú, passa consciência ecológica à comunidade envolvida, principalmente junto às crianças e adolescentes, responsáveis pela floresta do amanhã. Entidades de pesquisa e universidades buscam conhecimentos num habitat de riqueza incomensurável, com espécies endêmicas e outras nem sequer catalogada. Guarda parques formados na própria comunidade, alguns ex-caçadores, mantém vigilância constante contra a caça ilegal e o seqüestro de palmitos, orquídeas, bromélias e pássaros. Desde sua criação ocorreu uma redução drástica dos ataques ao bioma. O maior primata da Américas, o arborícola “mono carvoeiro’, a beira da extinção é endêmico da mata atlântica, não sendo encontrado em nenhum outro lugar do mundo. A fragmentação do seu habitat natural e a caça predatória quase o dizimou. Sua freqüente aparição na reserva mostra o grau de conservação do ecossistema abrigado pelo projeto. Pântanos drenados no passado para o plantio e pecuária, restaurados, abrigam uma rica heterogeneidade de aves, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos como o jacaré de papo amarelo e a capivara. Nos quase sete mil hectares montanhosos da Reserva Ecológica do Guapiaçú residem uma grande diversidade de espécies animais e vegetais. O reintroduzido Mutum do Sudeste, Tiês, Saíra, Choquinhas e Guaxe estão entre inúmeras outras espécies de aves que habitam a Reserva, treze delas compõe a listas das ameaçadas de extinção. Partes da mata que foram arrancadas são refeitas com as próprias sementes nela coletadas, depois do viveiro mudas ganham novamente a floresta. A meta, segundo Nicholas Locke, é reintroduzir no bioma 100 mil mudas nativas nos próximos cinco anos. Na próxima edição abordaremos a criação da primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Cachoeiras de Macacu.

O perigo invisível

O solo é constantemente castigado na cidade com o descarte de perigosíssimos metais pesados como o cádmio, o zinco, o mercúrio e o chumbo entre outros, que compõe as mais de três bilhões de pilhas e baterias para uso doméstico produzido todos os anos, sem contar as 11 toneladas de baterias de celulares descartadas. No ambiente são uma fonte potencial de poluição, esses metais pesados por lixiviação podem alcançar águas subterrâneas. O campo sofreu no passado com os temidos cancerígenos organoclorados muito usados nos anos 70. No Brasil em 1989, após intermináveis pressões populares, finalmente foi proibido a utilização de formulações a base de cloro. Hoje os fosforados orgânicos são largamente utilizados na lavoura e somente um terço dos produtores rurais calcula a quantidade certa através daquelas complicadas bulas, e menos de um quinto se utilizam de cálculos agronômicos. A fiscalização no campo só se preocupa com a comercialização, não existe vigilância nem orientação para sua correta aplicação. O risco de contaminação não se limita ao homem do campo. Essas moléculas orgânicas alcançam o solo e as águas subterrâneas e frutas, legumes e hortaliças que comemos podem conter resíduos contaminantes. O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos na lavoura, anualmente são gastos perto de três bilhões de dólares na compra desses venenos. Estima-se que mais de dois milhões de intoxicações agudas ocorram no mundo todos os anos pela exposição ocupacional e mais de trezentas mil mortes aconteçam principalmente no terceiro mundo. Por não serem naturais, esses “remédios, assim ironicamente chamados pelos lavradores, são de difícil degradação, acumulam nos ecossistemas terrestres e aquáticos podendo alcançar a cadeia alimentar com efeitos devastadores. O aparecimento de pragas resistentes exige formulações cada vez mais impactantes. A limpeza de frutas e hortaliças, além de eliminar microorganismos, reduz a contaminação química. As frutas devem ser lavadas com sabão, água corrente e descascadas. As hortaliças, além de abluídas, devem ser imersas em água com limão por vinte minutos. Os naturais produtos orgânicos vêm ganhando espaço junto ao consumidor cada vez mais alerta aos sérios danos causados pelos cancerígenos contaminantes. Cuidado com aquela fruta ou hortaliça vistosa e sedutora...

O estrago das queimadas

A extinção de espécies é nociva não só aos organismos como também a dinâmica da cadeia alimentar, gerando grave instabilidade aos ecossistemas. A baixa umidade relativa do ar predispõe a combustão que pode ser espontânea, advinda da refração da energia solar em latas, vidros e ferramentas. Pontas de cigarro, balões, fogueiras em acampamentos e queimadas sem controle também são causas de destruição das matas. A queima da biomassa aniquila toda a fauna e flora, representada pelos fungos, bactérias e outros micro-organismos decompositores; sem os quais os ninhos, sementes, árvores e habitantes da mata não existiriam. Fugindo das labaredas fumegantes, certos animais tentam a sorte em outros cantos e dentre eles, alguns não desejáveis como ratos, escorpiões, aranhas e serpentes se abrigam em locais habitados pelo homem, causando-lhes acidentes. O impacto no ambiente resultante da queimada é cada vez maior e a real dimensão dos estragos ainda não está bem compreendida. O fogo fora de controle destrói o solo, danifica os mananciais hídricos e conspurca o ar, afetando a saúde respiratória dos seres pulmonados. Cientista, ambientalistas e preservacionistas sabem que as queimadas comprometem a física, a química e a biologia do solo, originando consequências impresumíveis. A densa emissão de gases bloqueadores de calor como o carbônico e o metano é a segunda maior causa do efeito estufa e aquecimento global. Ainda utilizado nos dias atuais na agricultura o fogo empobrece a terra; o agricultor tenta repor os nutrientes torrados utilizando fertilizante, que engorda a agroindústria e contamina seus produtos. A disposição de brigadas contra incêndios nas áreas vulneráveis e a conscientização ecológica permanente de seus habitantes tem de ser pratica comum. Tem de regar a educação ambiental nas escolas dos cultivadores do solo do amanhã. A mata não está sozinha, existem ações conscientes desenvolvidas por instituições não governamentais e públicas. A REGUA – Reserva Ecológica do Guapiaçu, preocupada com a vida do bioma estende a mão às espécies animais e vegetais do alto do rio Guapiaçu, preservando sua bacia e resgatando seu equilíbrio.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Guarda responsável

Parece mais perfeito o termo guarda; posse dá ideia de objeto, coisa que tem dono, tem um possuidor. No Direito, o que possui a guarda, tem responsabilidades e obrigações. O animal tem sido o mais marginalizado de todos os seres, como aconteceu no passado com os deficientes físicos, mulheres, índios e negros. À criança que é dada o conhecimento de que lixo é na lixeira, certamente manterá sua cidade limpa quando adulto. Aquela que aprende que o animal também ama, tem fome e sente dor, o respeitará por toda vida. A posse com responsabilidade tem relação direta com o desenvolvimento da consciência coletiva, quanto mais desperta maior o respeito com nossos irmãos menores. Tentar reverter maus hábitos no adulto é latir para o gato errado, nele a maldade e a ignorância já está cristalizada; continuará abandonando, excluindo, maltratando e perpetuando nos descendentes a falta de inteligência no trato com os animais. Cães moribundos abandonados à própria sorte mostra deficiência no estado sanitário do ambiente, e mensura o grau de evolução de seus habitantes. Muitos desses animais possuem endereço, são oriundos da insensatez da guarda irresponsável. Encontram nas ruas, diversão, sexo, alimentação e problemas. Todos nós somos responsáveis pelos animais excluídos, principalmente os que abandonam, ignoram e que não atentam às causas-raízes da questão. Ações emocionais e meramente assistencialistas amenizam a dor de poucos e pode gerar um dependente ciclo vicioso de ações homeopáticas, que na prática não contribui para a solução do problema. Do governo se espera atitudes humanizadas voltadas a causa animal, controle de densidade populacional e apoio aos que fomentam programas de castração, guarda responsável e mantém vigilância na questão dos maus tratos. Em alguns países a relação com os animais atingiu tal amplitude que a coleira e a corrente vão ficando no passado. Talvez aqui, num futuro próximo, a harmonia reine entre as espécies, só basta educar a humana. (Jornal Cachoeiras 17 08 2013)

sábado, 3 de agosto de 2013

O invasor mico estrela

O Callithrix penicillata e o C. jacchus são oriundos das regiões centro oeste e nordeste respectivamente. Os saguis de tufo branco e tufo preto representam uma ameaça real aos ecossistemas fluminenses, principalmente aos seus primos “da serra escuro” e “leão dourado”, endêmicos na região e ambos no corredor da extinção. Pertencendo ao mesmo gênero dos intrusos acontece a hibridização, isto é, as espécies autóctones cruzam com as forasteiras ocorrendo perdas genéticas levando a aniquilamento dos primatas nativos. Com relação a danos ao meio ambiente, a invasão de espécies exóticas só fica atrás do desmatamento, é atualmente uma das maiores ameaças a biodiversidade. Aumentam os riscos de extinção de animais nativos pela exposição a novas doenças, predação e competição por alimento e abrigo. É bom lembrar que os primatas são potencias transmissores da febre amarela, Chagas e raiva para outros animais e homem. Onívoros, e vorazes salteadores de ninhos, esses calitriquiídeos põe na berlinda espécies ameaçadas como o “formigueiro do litoral”, um dos pássaros mais raros do mundo, só encontrado numa pequena faixa da Região dos Lagos no Rio de Janeiro. O mico estrela também se alimenta de gomas, frutas, flores, invertebrados e animais menores. Extrai carboidrato e cálcio das árvores gumíferas abrindo uma ferida no seu tronco com os dentes incisivos inferiores, afetando a integridade da espécie. Há uma relação direta da oferta de alimentos e o aumento populacional. Fornecer-lhes alimentação extra, conduz a superpopulação e seus agravos. É uma tendência humana alimentar estes primatas silvestres, o que não é bom nem para eles e nem para o meio ambiente. O ideal seria repatria-los ou, esterilizar suas populações através de meios contraceptivos, o que não é barato. Muitos dos animais vulneráveis são dispersores e polinizadores, sua diminuição afeta também a flora. Há muita polêmica com relação à intensidade do impacto do mico estrela nas matas fluminenses, por falta de recursos pouco se pesquisou. A pesquisa sobre os agravos resultante dessa invasão é fundamental para o restabelecimento do equilíbrio vital da natureza. São seus principais predadores no habitat natural, as aves rapinantes e o mustelídeo “irara”, parenta da marta. Pela saúde de nossas matas, não superalimente, não comercialize e não solte os saguis no meio ambiente. (Jornal Cachoeiras 03 08 2013)

Linha chilena, pior que cerol

Duzentos anos antes de Cristo um chinês empinou o pentágono de papel pela primeira vez; há muito tempo pipas, cafifas, pandorgas, chambetas, papagaios, arraias, quadrados e pepetas colorem os céus do Brasil num bailar confuso e perigoso. Esses artefatos voadores foram importantes nos primórdios da meteorologia, no campo das pesquisas relacionadas às descargas atmosféricas. Na guerra serviu para jogar panfletos sobre a frente inimiga. Benjamim Franklin em 1752 prendeu uma chave na linha num dia de tempestade, descobrindo o parar raio. Empinar pipa não tem idade; meninos, jovens, adultos e até mulheres erguem a chambeta em todos os lugares. Camuflado nesse ingênuo passatempo se esconde uma arma letal, quase invisível, o cerol e as linhas metálicas. Vidro moído, pó da fusão do ferro e micro fios de cobre de bobinas degolam suas vítimas impiedosamente. A linha chilena, disponível na internet, contém óxido de alumínio, metal de alta dureza e muito usado em ferramentas de corte. A chilena, que corta até antena de carro, rasga quatro vezes mais que a preparada com pó de vidro, causando cortes profundos em suas vítimas. O metal é um excelente condutor de eletricidade, às vezes o feitiço volta contra o feiticeiro, pipeiros são eletrocutados por descarga de alta tensão, quando tocam com suas linhas molhadas ou metalizadas os fios da rede elétrica. Bulbos moídos de lâmpadas fluorescentes misturados à cola de madeira fazem do cerol de vidro o cortante mais popular. As cafifas podem ser turbinadas com giletes presas à rabiola, tornado-a uma máquina de guerra. Motoqueiros são as principais vítimas da degola, oito em cada dez acidentes acontecem na região do pescoço num corte horripilante e geralmente fatal; o sangue jorra aos borbotões dos vasos sanguíneos de grosso calibre decepados, matando em minutos. Há relatos de condutores que na tentativa de proteger a cabeça tiveram seus dedos decepados, tal a violência do corte. Crianças, pedestres, pássaros, ciclistas, skatistas e carros sem capota não são inatacáveis pela navalhada afiada do cerol. No recesso escolar os pipeiros dão linha às pandorgas coincidindo com ao aumento da circulação de veículos de duas rodas. A atenção durante as férias escolares deve ser redobrada. Existem utensílios que acodem os mais vulneráveis, o protetor de pescoço e a antena anti-cerol acoplada ao veículo. Pipa é bom demais, mas sem cerol. (Jornal Cachoeiras 27 07 2013)

domingo, 5 de maio de 2013

O cão paga o pato e o culpado é o birigui

Endêmica no Norte e Nordeste, a negligenciada leishmaniose visceral americana ou calazar se expande por todo território nacional. Na última década vitimou quase três mil pessoas entre crianças, idosos e imunodeprimidos, superando em óbitos a dengue em nove estados brasileiros. O cão é o principal reservatório da doença na América do Sul e Mediterrâneo. É transmitida pelo flebotomíneo Lutzomyia - mosquito palha, asa branca ou birigui. Nasce nos detritos orgânicos do solo úmido e buscam o sangue dos mamíferos pela manhã e ao entardecer. Os animais da rua e os de rua, isto é, os abandonados e os que não param em casa, podem ser picados centenas de vezes numa única tarde. O calazar é uma doença compulsória, de notificação obrigatória aos órgãos de saúde pública. Tanto no homem quanto no cão se obtém a cura clínica (os sintomas desaparecem) e não a parasitológica (eliminação do microrganismo), os animais tratados tem frequentes recaídas. Uma portaria interministerial proíbe a utilização dos parasiticidas humanos em cães, justificando que o procedimento reverte os estragos decorrentes da enfermidade, mas não eliminam o organismo unicelular flagelado; além do risco da resistência aos medicamentos existentes, o que em tese não se justifica, pois o desenvolvimento de resistência aos fármacos é também inerente a outras doenças infecciosas. As vacinas disponíveis, não tão baratas, possuem efeitos colaterais dolorosos, tanto para o bolso quanto para os cães miniaturas. Preconiza-se inicialmente a utilização de três doses, intercaladas a cada três semanas a partir do quarto mês de vida, só os animais soronegativos podem ser vacinados. Cães portadores da Leishmaniose são eutanasiados, após confirmação laboratorial por testes não tão seguros - existem os falsos positivos e falsos negativos. Os cães vacinados tornam-se soropositivos e os exames não distinguem os anticorpos conferidos pela vacina dos resultantes da infecção. Condenar os cães a morte, além de desumano, vai de encontro aos princípios fundamentais de respeito ao meio ambiente; na verdade o mosquito é o culpado, mas o cão é quem paga o pato. Posse responsável não é só acolher e cuidar do animal, é também respeitar o meio ambiente; animais expostos no tempo pode ser fonte de infecção permanente da leishmaniose. O correto manejo ambiental no âmbito doméstico desestabiliza os criadouros do inseto e a guarda responsável dos animais reduz a vulnerabilidade ao vetor, atitudes que tem papel relevante na prevenção da doença. Resguarde seu melhor amigo com coleiras, shampoos e sprays “deltametrinizados”, evitem passeios nos horários críticos e vacine-o contra a leishmaniose, além de manter sempre limpo seu peridomicilio e exigir das autoridades públicas um programa de combate ao Birigui, como se faz com o Aedes. (Jornal Cachoeiras 04 05 2013)

quinta-feira, 14 de março de 2013

Vacine seu animal

(Jornal Cachoeiras - março 2013) A cinomose, grave virose com formas clínicas bastante severas, é dentre as enfermidades infectocontagiosas a que mais acomete os cães em nossa região, quando não letal, deixa sequelas irreversíveis. A perigosa leptospirose adquirida através da urina do rato é uma zoonose, doença comum a homens e animais. A parvovirose causa intensa hemorragia intestinal e desidratação, é responsável por óbitos principalmente em cães jovens. E outras viroses como a hepatite contagiosa, a parainfluenza, a coronavirose, a traqueobronquite além da raiva são evitadas através da vacinação. Gatos devem ser protegidos, a partir do segundo mês de vida e reforçados no terceiro e quarto mês, da rinotraqueite, clamidiose, panleucopenia, calicivirose, além da raiva. Os felinos são freqüentemente atacados por doenças respiratórias, que quando não fatais causam-lhe debilidade e baixa imunidade, tornando-os vulneráveis a infecções. Pra se ter uma proteção satisfatória é fundamental que as vacinas sejam aplicadas em animais que respondam bem aos antígenos, o ideal é que ao receber a dose imunizante cães e gatos estejam sem parasitos, tanto internos (vermes) quanto externos (pulgas e carrapatos), em boas condições físicas, sem stress e livres de enfermidades infecciosas ou debilitantes. Também os idosos, os tratados com drogas anti-inflamatórias imunossupressoras e os excessivamente consanguíneos não respondem bem a vacina. Os filhotes através da amamentação recebem anticorpos maternos que os protegerão por um curto período, por isso a necessidade de, antes do segundo mês de vida, receber a primeira dose da vacina polivalente e mais dois reforços a cada 30 dias, os anticorpos adquiridos da mãe via colostro bloqueiam os antígenos encontrados nas primeiras aplicações, por não conseguirem diferenciar o vírus da enfermidade com o vírus atenuado da vacina, daí a necessidade das três doses. A terceira dose ministrada próximo ao quarto mês de idade é a que promoverá uma cobertura vacinal satisfatória pelo período de um ano, quando novo reforço deverá ser feito, e assim durante toda a vida do animal. São disponíveis as importadas e nacionais - v8, v10 e v11 que na verdade imunizam contra sete doenças. A óctupla (V8), além dos antígenos contra distemper, hepatite, adenovirose, parvovirose, coronavirose e parainfluenza, vem com duas cepas de Leptospiras (canicola e icterohaemorrhagiae), a décupla (V10) com mais duas (grippotyphosa e pomona) e a undécupla (V11) com mais a copenhageni. A vacina contra a leptospirose imuniza por seis meses. Em locais onde esta zoonose é prevalente é aconselhado reforços semestrais. Vacinar contra a raiva anualmente é imprescindível em benefício de homens e animais. A raiva mata.

Dengue - sempre a espreita

(Jornal Cachoeiras - fev 2013) Criadouros são berçários do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e febre amarela. Centenas de ovos são ali depositados, e dessecados, resistem à falta d’água por um longo período. As larvas, logo serão machos nectarívoros e sedentas fêmeas hematófagas a procuram sangue pra maturar seus ovos. É uma espécie autóctone em nosso meio, originário da África encontrou por aqui condições ideais de propagação. Abrigam-se nas residências e suas proximidades, onde terão ao seu dispor sangue quente, sombra e água fresca. Quase que a totalidade dos focos está em nossas casas e ao nosso redor, daí a importância do envolvimento de cada um nesta batalha. São capazes de detectar o calor dos corpos dos mamíferos e perceber o dióxido de carbono quando expiramos. No suor existem substâncias que também o seduzem – pessoas que transpiram muito parecem ser mais vulneráveis à sua investida. A cada ano adoecem quase cem milhões de pessoas em todo mundo, pelo vírus da dengue. Até que um novo Oswaldo Cruz dê um fim ao vetor, estaremos, de verão em verão, perdidos nesta guerra onde nos aliamos ao inimigo quando favorecemos com nossos criadouros artificiais a sua densidade. Caixas d’água, barris e cisternas têm de estar totalmente vedadas, piscinas adequadamente tratadas e qualquer depósito que acumule água, protegidos das chuvas. Deve-se ter cuidado com garrafas, pneus, latas, ralos, vasos sanitários, plantas aquáticas, bandejas de geladeira, calhas, tampinhas de refrigerante, cascas de ovos, copos plásticos e conchas de caracol africano. Bromélias, bambus e bananeiras também podem acumular água. Sem o Aedes aegypti o Arbovírus não se propaga, mesmo que sejamos visitados por pessoas portadoras, oriundas de outros municípios. Temos um dos melhores carnavais da região, por isso recebemos um fluxo significativo de visitantes de outras cidades onde o vírus da dengue pode estar circulando. Pesquisas relacionadas ao mosquito transgênico e as bactérias do gênero Wolbachia que infectam artrópodes, podem ser uma alternativa de combate. Machos geneticamente modificados soltos no ambiente introduziriam nas fêmeas do mosquito um gene defeituoso, que as tornariam praticamente inférteis, a Wolbachia inoculada por micro injeções nos ovos do Aedes aegypti competiria com o vírus do dengue impedindo o seu desenvolvimento. Colabore com os agentes de endemia, participe das atividades de combate e mantenha sua casa livre de focos de mosquitos, e o “paraíso das águas cristalinas” sem risco de epidemia.