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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Que os sinos toquem

Por razões humanitárias os animais que perambulam pelas cidades deveriam ter uma atenção maior por parte do poder público e de toda sociedade. O tempo passa e nada acontece com relação à problemática dos animais errantes, que lançados a própria sorte dividem com ratos e humanos excluídos restos de alimentos que caem das insaciadas bocas em seu frenesi faminto nos restaurantes, praças, bares e quiosques das cidades. Os que governam e os que são governados, todos somos responsáveis. Aos domingos imbuídos de sentimentos angelicais sentamos nos bancos das igrejas buscando os céus e, ao mesmo tempo, ignoramos o que Deus criou não olhando os animais abandonados nos infernos da fome, do frio, do desprezo e das intempéries. O crescimento interior é diretamente proporcional ao amor e ao respeito à vida animal, aqueles que desconhecem tal premissa, são acoimados pela própria consciência da vida, à decadência e à involução e em conseqüência a um dos infernos que Dante Alighieri descreveu. A ínfima parte consciente da sociedade que consegue perceber a extensão do problema deve se organizar, buscando saídas humanas e resolutas. Atitudes isoladas de alguns apesar de bem intencionadas são impotentes, só saciam a fome momentânea dos famélicos rejeitados e enrobustecem alguns egos humanos. O pólo petroquímico trará expressivo aumento da densidade humana na região e em conseqüência a de excluídos. A presença de cães caquéticos, doentes e resignados nas áreas urbanas desarmoniza com as pretensões de desenvolvimento turístico nas cidades, mostra a indiferença de seus habitantes com relação à vida, além de ser uma questão de saúde pública. Sabemos que a leptospirose, a raiva e a leishimaniose, entre outras zoonoses, podem ser transmitidas por estes animais. A recente associação de pessoas sensíveis ao problema, como o grupo da ACDA (Associação Cachoeirense de Defesa Animal), norteia de certa forma um caminho humano para a questão. Que neste Natal a estrela de Belém ilumine nossos corações, desperte um pouco da essência Divina que carregamos e que os sinos toquem para a felicidade da vida animal. (Jornal Cachoeiras 24 12 2011)

sábado, 17 de dezembro de 2011

A tragédia do circo - Há exatamente 50 anos

Domingo, 17 de dezembro de 1961, o Fluminense ganhava do São Cristóvão nas Laranjeiras e o Botafogo com Mané Garrincha perdia para o América no Maracanã com gol contra de Zé Maria. Em frente à estação ferroviária General Dutra em Niterói, mais de três mil pessoas, na maioria crianças, lotavam a matinê do maior circo da América Latina. Parte da provinciana sociedade da então capital do Estado do Rio de Janeiro, lá estava na platéia assistindo os melhores artistas circenses e os coitados tigres, leões, ursos, girafas, chipanzés, elefantes indianos e outros quase 150 animais, confinados naquele zoológico nômade. Na vez dos trapezistas, já no fim do espetáculo, um grito de “fogo” ecoou pelo picadeiro e em apenas poucos minutos a lona de 17 metros de altura transformou-se num imenso céu de fogo, clareando de vermelho a multidão em pânico que se comprimia na saída, justamente o local onde o mastro cairia arrastando o incandescente toldo de algodão parafinado, encobrindo a todos. Antes da queda, uma chuva candente de parafina molhou de dor e sofrimento a multidão que se acotovelava atarantada. O socorro imediato foi dificultado pelas portas fechadas do Hospital Antonio Pedro em greve. Reaberto atendeu a maior parte das vítimas que respiravam o doce odor das pseudomonas nos seus corredores. Oficialmente perderam a vida 503 pessoas. Acredita-se que a lista é bem maior. Na verdade, nunca se saberá o número exato de queimados, pisoteados e esmagados. Os elefantes apesar de terem amassado alguns com suas quase quatro toneladas, na fuga romperam a lona permitindo a saída dos que escapavam do inferno. Outros saiam pelos fundos ou por debaixo do pano de roda. Os mortos eram empilhados aos montes na General Dutra e foi necessário anexar uma área vizinha ao cemitério de Maruí para suprir a demanda. Como o incêndio começou ninguém sabe. O abobalhado e exibicionista Adilson Marcelino Alves, o Dequinha, maconheiro e vendedor de pintinhos coloridos, tinha mania de confissão, e por isso foi responsabilizado e pegou alguns anos de cadeia. Poucos dias após fugir da prisão em 1973 foi assassinado. Ponta de cigarro, faísca das locomotivas da vizinha estação ferroviária e curto-circuito foram outras possibilidades levantadas. Gina Lollobrigida doou sangue, o Presidente João Gourlat chorou e o Papa João XXIII (Angelo Giuseppe Roncalli) rezou pelas vítimas. Ivo Pitangui mostrou através da tragédia que a cirurgia plástica não era só cosmética e José Datrino, o profeta Gentileza, autor da conservadora frase “Se a saia sobe, a moral desce, se a saia desce, a moral sobe” acampou no local com seu velho caminhão, onde fincou uma cruz preta, plantou flores e cultivou uma horta; e entre frases desconexas e incompreensíveis recolheu os calçados perdidos no desespero coletivo. O então governador Nilo Peçanha convocou pelo rádio todos os delegados para ajudarem nos donativos. Wilson da Costa Vieira, titular da delegacia policial de Cachoeiras de Macacu com seu velho jipe, recolheu remédios e outros itens necessários. O Gran Circo Norte Americano desde 2001 se chama “Le Cirque” e seus donos estão às voltas numa batalha jurídica, acusados de maus tratos aos animais a partir de relatórios do IBAMA, IBRAM e da ONG GAP do Distrito Federal. No “Espetáculo mais triste da terra” lançado no início do mês pela “Companhia das Letras” o escritor Mauro Ventura, jornalista e repórter de “O Globo”, mostra com bastante clareza e realismo os acontecimentos e personagens daquela quente e abafada tarde de Niterói. Vale à pena conferir. Jornal Cachoeiras 17 12 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Junte-se aos amigos dos animais

O respeito aos animais é um estado elevado de consciência e tem inversa relação com os nossos perversos agregados internos. A humilhação imposta a espécies domésticas, silvestres, nativas ou autóctones é parte da maldade humana. Quebramos as regras com nossos próprios semelhantes e não seria diferente com os irmãos menores. É esperado que transgridamos as relações, com eles estabelecidas. Maus tratos, desrespeito, abuso e mutilação em sua quase totalidade estão no matadouro, no laboratório de vivissecção, na farmacopéia chinesa, no holocausto urbano, na farra do boi, na vitrine do zoológico, na praça de touro, no picadeiro do circo, no arsenal de caça e pesca esportiva e em outras tantas atividades que lhes proporcionam notório padecimento físico ou mental. Uns maltratam e submetem os animais a iniqüidades execráveis, esses habitam o averno da bestialidade; outros indolentes se perdem entre o bem e o mal na fronteira da estupidez, e outros, moradas de criaturas dantescas, se embebedam de luxúria na zoofilia. Segundo a HSUS, uma das maiores entidades de proteção do mundo, há uma intima relação das agressões aos animais com a violência doméstica e são hoje apontados como sinal de distúrbio cerebral. Muitos assassinos em série começaram matando animais. Atividades de dissecção cruel, pássaros enclausurados, cavalos extenuados, cães e gatos abandonados, tráfico e comércio ilegal, baleias assassinadas, espécies extinguidas e outros atos degradantes da nossa interferência, conduzem-nos ao encadeamento no profundo declínio da grande roda. Como na natureza tudo tem dois princípios, há os que indignados se sensibilizam com a questão da dor e sofrimento dos animais. A criação da ACDA – Associação Cachoeirense de Defesa Animal – vem resgatar de certa forma, parte da grande dívida que com eles contraímos ao longo dos tempos. A nobre tarefa de salvaguardar a integridade animal depende da participação de todos Participe da causa e junte-se aos amigos dos animais. Jornal Cachoeiras 10 11 2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

Arma mortal

Escureceu lá estarão eles. Ratos e baratas constituem uma das mais perigosas e asquerosas criaturas que habitam os lugares infectados. Enquanto dormimos, entram no nosso espaço com agilidade e avidez à procura de alimento. As baratas são transmissoras de fungos, bactérias vírus e vermes, são quase 300 milhões de anos morando na Terra. Os prejuízos causados pelos ratos enquanto carcomem seus dentes são enormes; danificam cabos, fios telefônicos, outros materiais e edificações. Mas se não o fizessem, morreriam com a boca aberta numa letal inanição, devido ao crescimento indefinido dos seus incisivos. No final da idade média, em conluio com a pulga, teve importância letal na grande pandemia bubônica que assolou o mundo. Freqüentam os esgotos, bueiros e outros locais úmidos e sombrios e é de sua responsabilidade a transmissão doenças ao homem e animais. As leptospiroses pegam carona no rato transformando-o numa arma mortal. Pra complicar os gatos de hoje preferem a televisão e as palatáveis e odoríferas rações, deixando de lado sua presa favorita; ainda bem, senão comeriam por tabela perigosos microorganismos. O acondicionamento, coleta e destinação adequadas do lixo reduzem a disponibilidade de alimentos; sem comida os ratos entram numa acirrada guerra intra-específica trucidando uns aos outros. Abortos, supressão de cio, abandonos de cria, canibalismo, infanticídio e homossexualismo acontecem no desespero de preservação. O lixo é um dos mais importantes meios de proliferação de vetores e roedores. Mantenha sua cidade limpa. (Jornal Cachoeiras 03 12 2011)