sábado, 25 de setembro de 2010

A asma e o gato

Jornal Cachoeiras 25 09 2010

Os gatos são ágeis, surpreendentes, independentes e bastante misteriosos. São tidos como os maiores predadores, pela forma, sagacidade e diversidade de vítimas que predam.
O Miacis é o seu ancestral, como de outros felinos e cães. Uma de suas ramificações deu origem ao primeiro gato, o prociluris, até chegar ao Felis lunensis, pai dos atuais gatos selvagens.
Esses felinos são bastante excêntricos, alguns adultos e nunca os filhotes, aprecia o “catnip”, uma erva que possui uma substância oleosa denominada hepetalactone, que lhes proporciona um estado de semiêxtase e euforia. Este óleo entra na confecção de muitos produtos e brinquedos de gatos, também é utilizado no reumatismo e como repelente de insetos.
Possuem o hábito de afiar as unhas em sofás, árvores e outros objetos. É uma forma de manter suas garras em dia e delimitar seu território.
Seus olhos brilham no escuro devido ao tapetum lucidum, uma camada de células especializadas localizada por detrás da retina, que reflete a luz através de suas pupilas dilatadas, acentuando sua visão noturna.
Existem várias teorias que explicam o ronronar, vocalização de baixo timbre audível a curta distância emitida geralmente quando o gato está feliz ou relaxado. Desde a passagem do ar pelas falsas cordas vocais e vibração das vizinhas pregas vestibulares até a passagem do sangue pela artéria aorta, resultando num ruído turbulento amplificado no seu diafragma. Atualmente acredita-se ser produzido por impulsos rítmicos da laringe. Sabe-se que o ronronar libera endorfinas levando o animal a uma sensação momentânea de felicidade e bem estar.
Os gatos não transmitem asma como muitos pensam. Uma proteína contida em sua saliva que fica na pelagem com a lambedura, se aspirada, desencadeia crises nos asmáticos. Banhos regulares diminuem a concentração desta substância nos pêlos, tornando-os menos incômodos. Crianças que convivem com os gatos desde a tenra infância podem desenvolver imunidade a esse alérgeno.
A propósito, os gatos devem ser vacinados anualmente contra a panleucopenia, clamidiose, calicivirose, rinotraqueíte e raiva.

sábado, 18 de setembro de 2010

Paz, amor e problemas

Jornal Cachoeiras 18 09 2010

“... Mas aos pombais as pombas voltam, e os sonhos aos corações não voltam mais.”
Esta analogia do parnaso Raimundo Correia, faz-me lembrar do dedicado professor Marcos, que lecionava português no Ginásio Anacleto de Queiroz da Cachoeiras dos anos 60.
Uma pomba simboliza a paz, duas o amor e mais, grandes problemas. O pombo foi introduzido no país por volta de 1606 através de navios oriundos do continente europeu, principalmente da costa da Inglaterra e Portugal. Encontraram nas cidades farta alimentação, abrigáveis condições arquitetônicas parecidas com o habitat rochoso de seus ancestrais do Velho Mundo, e a hospitalidade do brasileiro ao exótico.
Anualmente a Columba liva gera seis ninhadas de dois ovos chocados em 18 dias. Seus predadores naturais são as aves de rapina que, em pequeno número nas áreas urbanas, nem chegam a ameaçá-los. Em aeroportos são empregados falcões no seu controle já que é uma ameaça à segurança dos vôos.
Essa ave Columbidae alberga organismos e vetores de enfermidades comuns ao homem, como a histoplasmose, criptococose, toxoplasmose, ornitose, salmonelose e piolhos, que abrigam a bactéria Rickéttsia, responsável pelo “tifo epidérmico” em humanos. Quando os pombos são expulsos, os famintos ácaros hematófagos saem sedentos à procura de sangue humano para o seu repasto.
Os pombos não só transmitem enfermidades, como também causam danos materiais, entupindo ralos, calhas e corroendo metais, madeiras, pedras e superfícies das edificações devido à acidez dos excrementos.
Existem vários métodos de controle, que vão desde a utilização de barreira física, inclinação de superfície de pouso, pombais de reprodução controlada, assustadores auditivos e visuais, uso de repelentes e emprego de anticoncepcional. Obtêm-se melhores resultados com a integração de métodos.
Segundo o Artigo 20, parágrafo XXX da Lei Ambiental 9605/98, os pombos são animais domésticos, matá-los ou causar-lhes danos físicos é passível de pena de reclusão inafiançável de até cinco anos. Daí a importância da inclusão da educação sanitária nas atividades de controle voltada a não alimentá-los, já que a oferta de alimentos é diretamente proporcional ao seu aumento populacional.
Ronaldo Rocha

sábado, 11 de setembro de 2010

Do vilão Drácula ao herói Batman

Jornal Cachoeiras 11 09 2010

Associados à noite, à natureza proibida e metamorfoseados no vilão Drácula e no herói Batman, esses únicos mamíferos voadores dividem com sanguessugas, carrapatos, pulgas, barbeiros, percevejos, tentilhões vampiros, candirus, piranhas e fêmeas de mosquito o gosto pelo rubro néctar da vida que corre nas veias, vênulas, artérias e arteríolas dos animais de sangue quente.
Todas as noites colônias de morcegos saem de seus abrigos a procura de alimento. A maioria, das mais de mil espécies, é onívora, insetívora, folívora, ranívora, carnívora, nectarívora, melinívora, polinívora, piscívora, frugívora e apenas três se alimentam de sangue, o comum Desmodus rotundus, o de perna peluda Diphylla ecaudata e o de asa branca Diaemus youngi, encontrados somente no sul do México, nas Ilhas Caribenhas e no continente sul americano.
Esses alados mamíferos hematófagos possuem afiadíssimos dentes cortantes. Localizam vasos sanguíneos na pele de sua vítima através da termorrecepçcão, evitando com isto despertar a vítima com mordida desnecessária que é superficial e quase indolor. O sangue incoagulável que flui do vaso rompido é lambido, e não sorvido como muitos pensam. O morcego vampiro volta sedento ao local ferido a cada dois a três dias podendo provocar anemia, infecção na pele e miíase (bicheira), e são transmissores da temível raiva principalmente nos herbívoros.
Não mate indiscriminadamente os quirópteros, pois muitas espécies fazem parte da cadeia alimentar, vital para a saúde do meio ambiente. Os que se alimentam de frutas podem dispersar mais de 500 sementes em uma única noite e são os maiores polinizadores de bananais nas matas nativas. Os insetívoros ingerem por dia aproximadamente quase metade do seu peso em insetos. Deve-se ter cuidado para não eliminar as espécies inócuas que compartilham com os vampiros os abrigos em baixo de pontes, grutas, telhados, cavernas, túneis ou casas abandonadas. A mordida em humanos é rara e quando acontecem os locais preferidos são os espaços interdigitais das mãos e dos pés, pescoço, orelhas, braços e pernas.
Em suas fezes dessecadas pode ocorrer desenvolvimento do fungo que causa a histoplasmose. Para evitar a absorção do esporo do Histoplasma capsulatum deve-se usar proteção na boca e nariz sempre que entrar em seus abrigos.
As substâncias vampiricidas só devem ser utilizadas por pessoal treinado. Impedir através da vedação o acesso aos forros e sótãos e utilizar luminosidade e produtos repelentes são maneiras de evitar a concentração desses animais.
Em caso de acidente com morcegos procure cuidado médico.