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sexta-feira, 11 de maio de 2012
Simbologia animal
Filósofos gregos da antiguidade notaram nos animais reações psíquicas parecidas com as do ser humano. Muitos desses pensadores foram apedrejados e torrados em fogueiras inquisitórias por seus comportamentos heréticos, que profanavam a concepção medieval do Divino. Qualquer deturpação de credo religioso, paradigma científico ou sistema filosófico estabelecido era penalizado com o sofrimento e a morte. Aos animais era atribuida, principalmente, a função de mediadores entre o mundo dos vivos e o dos mortos. No Egito antigo, gatos, serpentes e pássaros eram deusificados. Anúbis, o deus da morte, era representado por um híbrido de homem e cão, e o touro Ápis, considerado um semideus, banhado de joias era idolatrado pelos sacerdotes.
Algumas mensagens espirituais Cristãs são simbolizadas por carneiros, pombas e peixes. Anjos celestes também não deixam de ter uma característica animal com suas poderosas asas que lhes permitem volitar como os pássaros.
No mundo dos infernos, demônios davam cornadas, abanavam suas longas caudas e apareciam aos padres anacoretas antes que o fogo inquisitório varresse toda a Europa. Até o chefe supremo das trevas, Belzebu, se transveste em humano com grandes asas de morcegos, pés de pato e cauda de leão. O bode é a forma preferida do canhoto em seus colóquios bestiais, há relatos de que também usou a forma de cão entre as quatro ou cinco relações carnais que teve com a bruxa Françoise Secrétain. O bode também representa o instinto, a força genesíaca, a natureza animal humana. São também vítimas da demonologia as serpentes, corujas, sapos, touros, bodes, gatos, lobos, abutres.
Anjos e diabos tem algo parecido com os animais, não precisam de roupas, a não ser, os Querubins e Serafins que próximos à vergonha humana tem de se cobrir com túnicas angelicais.
Só recentemente o manto que encobre as filosofias pré-cristãs começa a ser retirado e a preocupação dos antigos hereges e profanadores se faz novamente presentes.
O animal age por instinto e inteligência inata, o homem, que assim agiu no passado, é comandado pelo ego e ignora a inteligência do coração. É inegável que animal e homem habitam mundos diferentes; um vive o mundo real e o outro fugindo dele.
(Jornal Cachoeiras 12 05 2012)
quinta-feira, 3 de maio de 2012
A moral amoral
Desrespeitar outras obras da criação é parte do grande declínio pelo qual trilha a humanidade. Se o homem é cruel com a própria espécie, o que esperar com relação aos animais. Seu robustecido ego agrega uma legião de defeitos e dentre eles os relacionados à selvageria com nossos irmãos menores, que em determinadas situações beiram à raia da torpeza.
Ocupamos mais de um nível trófico na cadeia alimentar, somos onívoros e também o maior predador. Que diga o boi, o carneiro, a ave, o porco e até o sofrido jegue, que depois de uma vida de labuta se aposenta como carne seca. O frango passa por um bom pedaço até virar galeto, sem falar do ganso ininterruptamente entupido de comida até seu fígado gorduroso ser arrancado e virar patê para satisfação de nosso refinado paladar. A indústria da carne é crudelíssima e, como consumidor, contribuímos com o sofrimento e a matança.
Sufoco também passam as cobaias de laboratório, imoladas em prol de nossa saúde e da indústria de cosméticos na qual, gatos, ratos e coelhos são mortos em nome da futilidade. Na caçada imoral no Pantanal onças pintadas beiram a extinção, também os animais arrancados da mata pelo tráfico de animais silvestres.
Por estarem próximos, os maus tratos aos animais domésticos são mais visíveis. Segundo o “Humane Society International” (HSI), a grande maioria dos animais de famílias com violência doméstica, são maltratados, violentados ou mortos em seus lares.
Na agroindústria, animais são sistematicamente torturados por anos até o abate, suas lágrimas são revertidas em lucros e é no ocidente onde a crueldade é maior.
A imoralidade é humana, os animais não transgridem a moral, causam dor e sofrimento dentro de uma lei natural, pela sobrevivência ou perpetuação da espécie. Sabem que impor sofrimento aos mais fracos, além de amoral, é uma covardia.
“A assunção de que animais não possuem direitos e a ilusão de que nosso tratamento para com eles não possui significância moral, é um ultrajante exemplo da brutalidade e barbárie do ocidente. Compaixão universal é a única garantia de moralidade”. Arthur Schopenhauer.
(Jornal Cachoeiras 05 05 2012)
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