sábado, 21 de agosto de 2010

Que mico!

Jornal Cachoeiras 21 08 2010

Faltam menos de 10 % para a aniquilação total da Mata Atlântica, mas mesmo assim ela ainda detém a maior diversidade de todos os ecossistemas do planeta, só perdendo para as florestas de Madagascar, que também tem sérios problemas ambientais. Um único hectare da Atlântica comporta mais espécies de árvores do que todo continente europeu.
Oriundos da caatinga arbórea da região do Velho Chico e do Cerrado Baiano, as populações de sagüis de tufo preto (Callithrix penicillata) e o de tufo branco (Callithrix jacchus), crescem em progressão geométrica no novo lar, causando reflexos negativos na vida da mata fluminense.
Ameaçados estão o sagüi-da-serra (Callithrix flaviceps), o “caveirinha” sagüi-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e o mico leão dourado (Leontopithecus rosalia). Também reclamam da “ocupação” os sabiás, os sanhaços e outros passeriformes que perdem seus ovos para os pequenos primatas nordestinos. Estes grileiros calitriquiídeos predam, roubam a moradia e saqueiam o alimento dos primatas cariocas. Sob o ponto de vista da saúde pública hospedam o herpes vírus e são um dos principais transmissores da temida raiva humana no Nordeste Brasileiro.
A invasão de um habitat por espécies não autóctones ocasiona outro problema, a temida hibridação com o crescimento de populações mestiças que tendem a tomar o lugar dos habitantes locais, pondo em xeque os programas de conservação.
Atualmente o animal exótico é a segunda maior ameaça à biodiversidade em todo mundo, só ficando atrás do desmatamento e da queimada. No país existe perto de meia centena deles, dos quais a rã touro, o mexilhão vermelho, o búfalo, o javali e o caramujo africano preocupam por sua alta dispersão. O mexilhão foi o único não solto na natureza; chegou a nós vindos dos rios chineses na água de lastro dos navios.
É uma tendência humana alimentar estes primatas silvestres, o que não é bom nem para eles e nem para o meio ambiente. O ideal seria removê-los do habitat ou, esterilizar suas populações através de meios contraceptivos, o que não é barato.
Há relatos da soltura de micos resgatados por órgãos de controle ambiental em atividades de fiscalização, colaborando com a dispersão dos sagüis invasores. Que mico!

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