(Jornal Cachoeiras 30 04 2011)
Cresce a cada ano o fluxo de veículos nas estradas e rodovias, despejando em seus leitos quantidades cada vez maior de chumbo, cobre, cádmio e zinco, provenientes do desgaste das pastilhas de freio e dos pneus.
Imagine a quantidade oriunda da frenagem dos pesados caminhões em descida pelas serras, locais naturalmente ricos em mananciais hídricos.
As chuvas carreiam todo esse material contaminante para as águas subterrâneas e lençóis freáticos. A contaminação chega ao nosso organismo por um acostamento silencioso acumulando-se devagar nos órgãos e tecidos.
Os danos à saúde e ao meio ambiente brotam com o tempo. O “saturnismo”, envenenamento pelo chumbo, compromete o sistema nervoso, rins e a medula óssea. Este “metal traço” altera processos genéticos, agindo como promotor e iniciador do câncer. O acúmulo de cobre no organismo está associado a distúrbios psiquiátricos, hepáticos, envolvimento com citotoxidade e aumento dos radicais livres, starts de muitas enfermidades.
Microelementos em demasia afetam a vida animal e vegetal. Envenenam seus seres ao longo da cadeia alimentar, e asfixiam lentamente todo um ecossistema. São atualmente considerados os maiores impactantes do meio ambiente no mundo, superando o até então imbatível rejeito industrial.
São naturalmente presentes na natureza, mas as mobilidades determinadas pelas atividades humanas aceleram o acúmulo na biosfera com danos previsíveis. Diversas são as causas antrópicas de perversão do solo e suas águas. “Antropia” é a ciência relacionada ao estudo das ações humanas capazes de ocasionar modificações no ambiente natural.
Inicialmente inaparentes, os agravos à saúde gerados pelos metais pesados não despertam na consciência pública a necessidade proeminente da adoção de medidas que freiem essa contaminação silenciosa.
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sábado, 30 de abril de 2011
sábado, 23 de abril de 2011
Mosquitos transgênicos
(Jornal Cachoeiras 16 04 2011)
O Aedes aegypti ganhou o estrelato com o aparecimento da dengue, mas outros mosquitos também têm seu lugar no pódium das pragas urbanas. As fêmeas do Culex quinquefasciatus do codinome "pernilongo" se banqueteiam nos animais de sangue quente, dos quais fazemos parte; o "pólvora" deixa nossas pernas e braços em "polvorosa" com sua picada alucinante, e o "palha" nos assusta com suas leishmanioses.
Os pernilongos se multiplicam em criadouros artificiais de águas estagnadas. Podem transmitir microorganismos causadores de doenças no homem e animais, é o caso da filariose bancroftiana (elefantíase), encefalites e virose Oropouche nos humanos e dirofilariose (verme do coração) nos cães
A dengue acomete mais de 100 milhões de pessoas todos os anos no mundo, mas o mosquito transmissor parece estar com seus dias contados com a criação de um rival transgênico, que produzirá populações portadores de um gen que limita o crescimento das asas, levando-o á extinção. Se o projeto der certo, os cientistas britânicos e americanos terão dado um salto na guerra contra os insetos vetores.
Em outro projeto, os mosquitos geneticamente modificados passam para a sua prole uma proteína que não deixa o inseto atingir a fase adulta. E em outro só nascem machos que não são hematófagos. A pergunta que fica no ar, é se haverá número suficiente de transgênicos. Como ficarão os seus predadores (sapos, pássaros, lagartixas, etc.), morrerão de fome? E se esse novo alado cismar de transmitir alguma outra doença? Nessa interminável guerra o melhor caminho ainda é a manutenção da densidade populacional destes vetores em níveis suportáveis: colaborando com as atividades de combate efetuadas pelos órgãos públicos, evitando a investida do mosquito através do entelamento, usando roupas adequadas e substâncias repelentes e acima de tudo, tampando as caixas d'água, além de descartar qualquer possibilidade de acúmulo de água parada em seu domicílio.
Hoje quem realmente lucra nessa batalha são os fabricantes e os que comercializam repelentes, até porque durante as epidemias os preços destes produtos dão uma pela picada no bolso do consumidor.
Só as fêmeas exercem a picadura, se elas não chuparem seu sangue não conseguirão maturar seus ovos, que conseqüentemente não eclodirão em mais mosquitos.
O Aedes aegypti ganhou o estrelato com o aparecimento da dengue, mas outros mosquitos também têm seu lugar no pódium das pragas urbanas. As fêmeas do Culex quinquefasciatus do codinome "pernilongo" se banqueteiam nos animais de sangue quente, dos quais fazemos parte; o "pólvora" deixa nossas pernas e braços em "polvorosa" com sua picada alucinante, e o "palha" nos assusta com suas leishmanioses.
Os pernilongos se multiplicam em criadouros artificiais de águas estagnadas. Podem transmitir microorganismos causadores de doenças no homem e animais, é o caso da filariose bancroftiana (elefantíase), encefalites e virose Oropouche nos humanos e dirofilariose (verme do coração) nos cães
A dengue acomete mais de 100 milhões de pessoas todos os anos no mundo, mas o mosquito transmissor parece estar com seus dias contados com a criação de um rival transgênico, que produzirá populações portadores de um gen que limita o crescimento das asas, levando-o á extinção. Se o projeto der certo, os cientistas britânicos e americanos terão dado um salto na guerra contra os insetos vetores.
Em outro projeto, os mosquitos geneticamente modificados passam para a sua prole uma proteína que não deixa o inseto atingir a fase adulta. E em outro só nascem machos que não são hematófagos. A pergunta que fica no ar, é se haverá número suficiente de transgênicos. Como ficarão os seus predadores (sapos, pássaros, lagartixas, etc.), morrerão de fome? E se esse novo alado cismar de transmitir alguma outra doença? Nessa interminável guerra o melhor caminho ainda é a manutenção da densidade populacional destes vetores em níveis suportáveis: colaborando com as atividades de combate efetuadas pelos órgãos públicos, evitando a investida do mosquito através do entelamento, usando roupas adequadas e substâncias repelentes e acima de tudo, tampando as caixas d'água, além de descartar qualquer possibilidade de acúmulo de água parada em seu domicílio.
Hoje quem realmente lucra nessa batalha são os fabricantes e os que comercializam repelentes, até porque durante as epidemias os preços destes produtos dão uma pela picada no bolso do consumidor.
Só as fêmeas exercem a picadura, se elas não chuparem seu sangue não conseguirão maturar seus ovos, que conseqüentemente não eclodirão em mais mosquitos.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
A picada da morte
(Jornal Cachoeiras 02 04 2011)
Na guerra contra o mosquito transmissor da dengue só tem um perdedor, a população vulnerável, que a cada ciclo viral fica exposta e temerosa com os agravos previsíveis, decorrentes desta doença, cada vez menos controlável com suas mutações e densidade do seu transmissor. É inadmissível ter que conviver todos os anos com os riscos letais de uma enfermidade superável.
Desde a década de 80 o combate ao Aedes aegypti fracassa em operações inócuas e caras. Vidas, em pleno século vinte um, ficam expostas a enfermidades do passado e caras para o contribuinte, pois o que se espera desta relação é a eficiência dos serviços.
Quando por circunstâncias da própria dinâmica do inseto vetor, não ocorrem surtos da doença os responsáveis pelo seu combate se vangloriam com sua falsa eficácia, quando a morbidade e letalidade acontecem, culpam a população e as intempéries pelo ocorrido. Na verdade ninguém quer ser o pai da criança, se eximem de qualquer responsabilidade quando a ela é compartilhada, até porque os responsáveis recebem verbas para a execução de suas ações.
Os serviços públicos existem para salvaguardar as populações, só que são inchados de pessoas subordinadas à autoridades nem sempre comprometidas em exercer o papel para o qual foram outorgadas.
A eficácia voltada ao bem estar público passa primeiro por uma varrição nas administrações, com a admissão de pessoal concursado ou curricularmente dotado de capacidade para o ofício. O segundo fator, passa pelo despertar da enfrascada consciência da população, cuja desinformação contribui para a formação de criadouros, além de conceder aos poderes uma relação pouco crítica nos pleitos eleitorais.
Sem o envolvimento de todos, o sucesso esmerado dos programas adotados e a almejada e necessária erradicação do vetor, serão quase impossíveis.
Sendo a grande totalidade dos focos artificiais, isto é, criados pelo próprio homem, é imprescindível, para que os objetivos sejam alcançados, um forte envolvimento popular nas ações de combate diuturnamente.
Na guerra contra o mosquito transmissor da dengue só tem um perdedor, a população vulnerável, que a cada ciclo viral fica exposta e temerosa com os agravos previsíveis, decorrentes desta doença, cada vez menos controlável com suas mutações e densidade do seu transmissor. É inadmissível ter que conviver todos os anos com os riscos letais de uma enfermidade superável.
Desde a década de 80 o combate ao Aedes aegypti fracassa em operações inócuas e caras. Vidas, em pleno século vinte um, ficam expostas a enfermidades do passado e caras para o contribuinte, pois o que se espera desta relação é a eficiência dos serviços.
Quando por circunstâncias da própria dinâmica do inseto vetor, não ocorrem surtos da doença os responsáveis pelo seu combate se vangloriam com sua falsa eficácia, quando a morbidade e letalidade acontecem, culpam a população e as intempéries pelo ocorrido. Na verdade ninguém quer ser o pai da criança, se eximem de qualquer responsabilidade quando a ela é compartilhada, até porque os responsáveis recebem verbas para a execução de suas ações.
Os serviços públicos existem para salvaguardar as populações, só que são inchados de pessoas subordinadas à autoridades nem sempre comprometidas em exercer o papel para o qual foram outorgadas.
A eficácia voltada ao bem estar público passa primeiro por uma varrição nas administrações, com a admissão de pessoal concursado ou curricularmente dotado de capacidade para o ofício. O segundo fator, passa pelo despertar da enfrascada consciência da população, cuja desinformação contribui para a formação de criadouros, além de conceder aos poderes uma relação pouco crítica nos pleitos eleitorais.
Sem o envolvimento de todos, o sucesso esmerado dos programas adotados e a almejada e necessária erradicação do vetor, serão quase impossíveis.
Sendo a grande totalidade dos focos artificiais, isto é, criados pelo próprio homem, é imprescindível, para que os objetivos sejam alcançados, um forte envolvimento popular nas ações de combate diuturnamente.
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