sábado, 19 de novembro de 2011

O rio que chora

Jornal Cachoeiras 19 11 2011. No paraíso hídrico da Mata Atlântica, nascentes brotam do âmago verde de suas montanhas, formando o Macacu, que serpenteia por seus vales e planícies, até unir-se aos afluentes Ganguri, Boa Vista e Guapiaçu e repousar sereno, no leito pútrido da Baia de Guanabara. Outrora nas pedras e areias quentes dos balneários Poço Verde, Dona Ninha, Sassui e Dr Castro, damas e cavalheiros daquela “belle époque” se bronzeavam após um refrescante mergulho nas suas águas transparentes. E ricas alegorias de papel crepom dos Cavalheiros do Luar, Caçadores e dos destemidos Piratas tingiam de azul, verde e vermelho o seu incólume espelho cristalino, no inolvidável “banho a fantasia”. Hoje ignorado e tingido de cinza, chora um triste lamento úmido que ecoa das entranhas escorregadias de seu lodoso leito. Pobre rio, meio sem jeito ainda sorri para os algozes, que fazem do seu corpo um érebo de esgoto, lixo e de putrefatos dejetos. Esse bem precioso a cada dia desfalece nas sinuosidades das nossas insanas atitudes e desamparado, ainda resiste sem perder a esperança de que num futuro, o despertar da consciência dos seus habitantes, o fará estar novamente junto às piabas, mandis, piaus e tabicus. Nascentes, corredeiras, rios e cascatas enriquecem e embelezam essas terras, suscitam a vida e carreiam nutrientes através do seu fértil solo. Sanear o ambiente, ter racionalidade com a destinação do lixo, cuidado com os impactantes agrícolas, promover o tratamento do esgoto, preservar nossos mananciais hídricos, utilizar a água com inteligência e educar as próximas gerações de cachoeirenses são medidas imprescindíveis para que o Macacu volte a sorrir no coração do paraíso das águas cristalinas.

Um comentário:

  1. Graças a Deus, vivi isso tudo! Muitos carnavais com banho à fantasia... Pena nosso rio estar quase morto. Quase, pois acredito, como você Ronaldo, que ainda há solução.

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