sexta-feira, 9 de março de 2012

Baratas tontas

O pavor doentio que sentimos vendo uma simples baratinha tem lá sua razão, esses milenares seres vivem em locais impregnados de micróbios perigosos que, de carona, chegam à nossa cozinha, ao nosso alimento e ao nosso organismo. Além de praga, a barata doméstica é completamente inútil, não serve pra coisa nenhuma. São seres da escuridão, só transitam durante o dia se a concorrência for grande, isto é se seus esconderijos estiverem com lotação completa. Não sentem dor e são capazes de viver sem cabeça e tirar de letra uma “hecatombe nuclear” sem grandes dificuldades. Esmagada mostra uma asquerosa gosma branca que é a gordura de reserva que as mantém vivas no período de escassez de alimentos. Agressivas e malacafentas, possuem por nós uma atração fatal, não é a toa que quase a totalidade das mulheres e significativa parte dos homens sofrem de catsaridafobia com seu suor frio, falta de ar, mãos geladas, palpitação e histeria. As voadoras são as mais temidas, aparecem de algum lugar quando menos se espera, e quase sempre em nossa direção, deixando-nos baratinados como “baratas tontas”. Dizem que os artrópodes do longínquo passado eram abissais, como também as baratas. Talvez esse “pavor inexplicável” tenha alguma relação com a lembrança distante do pânico ancestral, quando éramos acossados e engolidos por eles. As baratas atuais não saem por aí mordendo como umas loucas, porquanto não é justificável o alarido frenético diante da barata do esgoto “Periplaneta americana” ou da francesinha “Blatella germanica”. Alguns defendem a teoria de que projetamos na barata o pavor inconsciente da sexualidade e suas fantasias. Essa entomofobia pode ter relação com um contato prévio muito desagradável ocorrido na infância, ao subir por nossas pernas ou entrar debaixo da coberta quando dormimos. Grande maioria das espécies é silvestre e devem ser preservadas, elas devoram os cadáveres animais e vegetais decompondo o lixo orgânico no solo e tem relevante importância na cadeia alimentar. (Jornal Cachoeiras 10 03 2012)

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