terça-feira, 4 de setembro de 2012

O cachorro louco

Dizem que agosto é sem gosto e carregado de acontecimentos trágicos, alguns ficaram na história, como o suicídio de Vargas, renúncia de Jânio, morte trágica de Kubitscheck, bomba atômica em Hiroshima, massacre de São Bartolomeu, ascensão de Hitler e construção do muro de Berlin. Agosto também é conhecido como o mês do cachorro louco, por isso que a campanha de vacinação antirrábica é realizada logo depois. Deixando as superstições e sortilégios de lado, a verdade é que a intensidade luminosa nessa época do ano mexe com a libido dos animais, que com patadas e mordidas brigam pela supremacia sexual; tudo que o vírus da raiva precisa pra sua propagação. Seu principal reservatório na área urbana é o cão que dissemina o vírus através da saliva, mas outros mamíferos também podem estar envolvidos. A única forma de transmissão conhecida entre humanos é através do transplante de córnea. Aristóteles, aluno de Platão, já alertava sobre o perigo da mordida de cães raivosos, quando acreditavam que sede intensa, insatisfação sexual, tara exacerbada e ingestão de alimentos quentes ocasionavam a doença. Através da arranhadura, mordida ou lambedura de mucosas, as partículas virais presentes na saliva do animal raivoso chegam aos axônios das terminações nervosas alcançando a velocidade de 1 mm por hora em direção ao sistema nervoso central. A vítima permanece consciente até a fase de excitação, quando contrações na musculatura da garganta dificultam a deglutição, a hidrofobia é caracterizada por espasmos violentos na presença de água, essa reação não é observada no cão. Nesta fase pode advir hostilidade, agressão, alucinação e ansiedade extrema resultante de estímulos aleatórios visuais e acústicos, culminando com a paralisia, asfixia, coma e morte. O homem e os animais domésticos são hospedeiros acidentais, o grande reservatório natural da raiva são os animais silvestres. Cães e gatos devem ser vacinados anualmente contra a raiva, em beneficio de homens e animais. Quando o assunto é raiva lembro-me do grande catedrático Dr. Renato Silva e suas imemoráveis aulas de virologia nas salas da UFRRJ.

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