(Jornal Cachoeiras 26/06/10)
Ignorada pelos famigerados laboratórios farmacêuticos por não ser uma doença que dá lucro, a negligenciada leishmaniose vem se expandindo e alcançando índices alarmantes em várias regiões do país e no mundo, onde quase dois milhões de novos casos são registrados a cada ano.
No Brasil, a urbanização da forma visceral da doença preocupa as autoridades sanitárias, antes quase restrita à região nordeste já é detectada em localidades nobres de algumas cidades da região sudeste do país.
Nas Américas, a enfermidade é transmitida tanto para o homem quanto para o cão pelo mosquito Lutzomyia, conhecido popularmente, dependendo da região do país, por cangalinha, asa dura, asa branca, tatuquira, birigui ou mosquito palha.
O cão é o principal reservatório da doença e o tratamento nesses animais é vedado, podendo ser caçado o registro profissional e o direito de clinicar do médico veterinário que desobedecer a Portaria Interministerial Nº 1.426 de 11 de julho de 2008, que proíbe o tratamento da leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano.
A verdade é que o Ministério da Saúde não libera para ser utilizado em cães o glucantine, a tóxica droga usada no Brasil desde 1940 para o tratamento da enfermidade em humanos.
Até agora, o sacrifício do animal positivo vem sendo a única solução já que o tratamento em cães não possui comprovação científica e não faz com que ele deixe de ser uma fonte de infecção e propagador desta grave enfermidade, mesmo depois de tratado.
No nordeste, a matança de cães é holocáustica e muitos, neste momento, se encontram no corredor da morte. Com a expansão da doença em nossa região, provavelmente acontecerá o mesmo por aqui, até que uma saída menos desumana seja encontrada.
Quando responsável pela Vigilância Sanitária em Aracajú nos anos 80 realizei uma coleta de amostras, junto à então SUCAM, em vinte por cento dos cães daquela Capital durante uma campanha anual de vacinação anti-rábica, e o índice de animais positivos foi assustador, na época o sacrifício animal já era preconizado.
A melhor solução, ao invés de holocaustear os cães portadores, seria eliminar o díptero vetor o que é praticamente impossível - é só comparar com o mosquito da dengue - ou imunizar os cães pagando até 250 reais pela dose da vacina recentemente idealizada por uma dessas multinacionais da doença.
Tem um pesquisador japonês bolando um mosquito geneticamente modificado que a cada picada ao invés de transmitir a doença reforçaria a defesa imunológica da pessoa, funcionando como uma vacina. Sei lá!
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sábado, 26 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
De veterinário e louco ...
(Jornal Cachoeiras 19/06/2010)
... todo dono de animal tem um pouco. Muitos tiram uma casquinha quando o assunto é um pobre animal doente. O infeliz palpite vai desde, lubrificar o animal com aquele nigérrimo óleo queimado que dizem resolver qualquer problema de pele, até a aplicação do ivomec, aquele amigo dos balconistas das casas de ração, que debela até câncer incurável.
Ouvi a história de um cão soteropolitano, com suspeita de cinomose, que foi vítima de um desses “vizinhos metidos a saber de tudo” e sua infeliz idéia. Pra espanto de todos, o sabichão meteu azeite de dendê aquecido no pobre vira-lata, pior é que após algumas colheradas por via oral aplicou metade do que restou na veia e a outra no músculo. Coitado do cãozinho não conseguiu ser socorrido a tempo, morreu na metade do caminho parecendo um acarajé inchado.
Até sua formatura o médico veterinário passa por longos cinco anos de estudos numa faculdade, cursando anatomia, fisiologia, propedêutica, microbiologia, farmacologia, terapêutica, patologia clínica e outras dezenas de matérias da sua grade. Tudo isso para atender de forma eficiente e segura o seu animalzinho de estimação.
A verdade é que “automedicar” cães é muito perigoso e quando a vítima é um gato pior ainda, alguns medicamentos são extremamente perigosos para esses bichanos. Devemos estar atentos aos antiinflamatórios à base de diclofenato como Cataflan e Voltarem. Um único comprimido de Tylenol (paracetamol) pode matar em poucas horas um gato adulto.
Eles não conseguem biotransformar algumas drogas ocorrendo sobrecarga hepática e renal. O ácido acetilsalicílico (AAS) leva quatro horas para ser eliminado do organismo humano e 72 horas no gato sendo fácil uma overdose por esta substância nessa espécie animal.
Outra forma atual de automedicação é a utilização das milagrosas receitas do Dr. Google. Em se tratando de saúde não se deve usar a internet ou outros meios de informação como receita, a menos que se tenha um vasto embasamento científico para filtrar o que é disponibilizado no mundo virtual.
Nunca medique seu animal sem orientação veterinária. As conseqüências podem ser trágicas.
... todo dono de animal tem um pouco. Muitos tiram uma casquinha quando o assunto é um pobre animal doente. O infeliz palpite vai desde, lubrificar o animal com aquele nigérrimo óleo queimado que dizem resolver qualquer problema de pele, até a aplicação do ivomec, aquele amigo dos balconistas das casas de ração, que debela até câncer incurável.
Ouvi a história de um cão soteropolitano, com suspeita de cinomose, que foi vítima de um desses “vizinhos metidos a saber de tudo” e sua infeliz idéia. Pra espanto de todos, o sabichão meteu azeite de dendê aquecido no pobre vira-lata, pior é que após algumas colheradas por via oral aplicou metade do que restou na veia e a outra no músculo. Coitado do cãozinho não conseguiu ser socorrido a tempo, morreu na metade do caminho parecendo um acarajé inchado.
Até sua formatura o médico veterinário passa por longos cinco anos de estudos numa faculdade, cursando anatomia, fisiologia, propedêutica, microbiologia, farmacologia, terapêutica, patologia clínica e outras dezenas de matérias da sua grade. Tudo isso para atender de forma eficiente e segura o seu animalzinho de estimação.
A verdade é que “automedicar” cães é muito perigoso e quando a vítima é um gato pior ainda, alguns medicamentos são extremamente perigosos para esses bichanos. Devemos estar atentos aos antiinflamatórios à base de diclofenato como Cataflan e Voltarem. Um único comprimido de Tylenol (paracetamol) pode matar em poucas horas um gato adulto.
Eles não conseguem biotransformar algumas drogas ocorrendo sobrecarga hepática e renal. O ácido acetilsalicílico (AAS) leva quatro horas para ser eliminado do organismo humano e 72 horas no gato sendo fácil uma overdose por esta substância nessa espécie animal.
Outra forma atual de automedicação é a utilização das milagrosas receitas do Dr. Google. Em se tratando de saúde não se deve usar a internet ou outros meios de informação como receita, a menos que se tenha um vasto embasamento científico para filtrar o que é disponibilizado no mundo virtual.
Nunca medique seu animal sem orientação veterinária. As conseqüências podem ser trágicas.
sábado, 12 de junho de 2010
Veneno de cobra
(Jornal Cachoeiras 12/06/2010)
Comuns em cães e raros em gatos os acidentes envolvendo cobras venenosas requer atendimento de emergência face a gravidade provocada pela peçonha no organismo animal.
Geralmente os animais são picados na região da face e pescoço, partes do corpo que primeiro de aproximam da cobra. A severidade do envenenamento depende da quantidade de peçonha inoculada.
Acidentes com jararacas, comuns em nossa região, são bastante doloridos. Provocam edema (inchado), sangramento e marcas arroxeadas no local. Nos casos de maior gravidade aparece sangue na urina, necrose tecidual, insuficiência renal, gangrena e choque podendo levar a morte. Com a surucucu ocorre significativo edema local, sangramentos, vômitos e diarréia. As corais verdadeiras são responsáveis por menos de 0,5 % dos acidentes, tendo pouca importância médica; seu veneno provoca sintomas neurológicos e insuficiência respiratória aguda com dificuldades de respirar, abrir os olhos e engolir.
Se um animal for atacado por uma serpente, medidas preliminares devem ser adotadas com o objetivo de evitar o agravamento do quadro clínico. Mantenha–o calmo, imóvel, quando possível utilize compressa gelada no local para minimizar o edema e procure o médico veterinário o mais breve possível para a administração do antiveneno.
Não improvise torniquete porque a toxina retida e concentrada provoca necrose e gangrena e não corte ou dilacere o local, para não acentuar o sangramento. A utilização de querosene, pó de café, terra e outras substâncias são contra indicada, pois, além de irritar, infecciona o local da picada.
Estes répteis têm grande importância no equilíbrio vital do meio ambiente, seu extermínio propicia a proliferação de roedores e instabilidade na comunidade biológica do ecossistema.
Não matar os gaviões, corujas e muçuranas, seus predadores naturais; não desmatar; evitar queimadas; manter os quintais limpos e não acumular madeiras, tijolos, telhas e pedras nas cercanias das residências diminuem os acidentes com ofídios.
Comuns em cães e raros em gatos os acidentes envolvendo cobras venenosas requer atendimento de emergência face a gravidade provocada pela peçonha no organismo animal.
Geralmente os animais são picados na região da face e pescoço, partes do corpo que primeiro de aproximam da cobra. A severidade do envenenamento depende da quantidade de peçonha inoculada.
Acidentes com jararacas, comuns em nossa região, são bastante doloridos. Provocam edema (inchado), sangramento e marcas arroxeadas no local. Nos casos de maior gravidade aparece sangue na urina, necrose tecidual, insuficiência renal, gangrena e choque podendo levar a morte. Com a surucucu ocorre significativo edema local, sangramentos, vômitos e diarréia. As corais verdadeiras são responsáveis por menos de 0,5 % dos acidentes, tendo pouca importância médica; seu veneno provoca sintomas neurológicos e insuficiência respiratória aguda com dificuldades de respirar, abrir os olhos e engolir.
Se um animal for atacado por uma serpente, medidas preliminares devem ser adotadas com o objetivo de evitar o agravamento do quadro clínico. Mantenha–o calmo, imóvel, quando possível utilize compressa gelada no local para minimizar o edema e procure o médico veterinário o mais breve possível para a administração do antiveneno.
Não improvise torniquete porque a toxina retida e concentrada provoca necrose e gangrena e não corte ou dilacere o local, para não acentuar o sangramento. A utilização de querosene, pó de café, terra e outras substâncias são contra indicada, pois, além de irritar, infecciona o local da picada.
Estes répteis têm grande importância no equilíbrio vital do meio ambiente, seu extermínio propicia a proliferação de roedores e instabilidade na comunidade biológica do ecossistema.
Não matar os gaviões, corujas e muçuranas, seus predadores naturais; não desmatar; evitar queimadas; manter os quintais limpos e não acumular madeiras, tijolos, telhas e pedras nas cercanias das residências diminuem os acidentes com ofídios.
sábado, 5 de junho de 2010
Remédios!
(Jornal Cachoeiras 05/06/2010)
Muito perigosos, ainda são bastante utilizados no combate às pragas da lavoura, geralmente sem as orientações e os cuidados que sua aplicação requer.
É sabido que menos de um terço dos produtores rurais calculam, através das complicadas bulas, a quantidade do veneno a ser jogada na plantação, e não chegam a 20 % os que se utilizam de cálculos agronômicos.
A intenção de lucro se sobrepõe aos impactos provocados à saúde humana e ambiental. Se gasta bem menos aplicando venenosos herbicidas do que contratando mão-de-obra para capina.
Estima-se que a cada ano mais de 3 milhões de intoxicações agudas ocorram no mundo, devido à exposição ocupacional a estes defensivos e centenas de mortes aconteçam, principalmente nos pobres países do mundo excluído.
Não sendo naturais, esses produtos sofrem lenta degradação, afetando os ecossistemas terrestres e aquáticos gerando um exército de pragas resistentes, que demandam o emprego de formulações cada vez mais veneníferas e impactantes. Ironicamente, os pesticidas e herbicidas são chamados pelos lavradores de “remédios”.
Estaremos ingerindo em doses homeopáticas, continuamente, por anos a fio esses agressores ocultos até que os inevitáveis danos em nosso organismo apareçam.
O ideal é consumir os saudáveis “alimentos orgânicos”, pena que sua aquisição ainda é inacessível a grande maioria da população.
Muito perigosos, ainda são bastante utilizados no combate às pragas da lavoura, geralmente sem as orientações e os cuidados que sua aplicação requer.
É sabido que menos de um terço dos produtores rurais calculam, através das complicadas bulas, a quantidade do veneno a ser jogada na plantação, e não chegam a 20 % os que se utilizam de cálculos agronômicos.
A intenção de lucro se sobrepõe aos impactos provocados à saúde humana e ambiental. Se gasta bem menos aplicando venenosos herbicidas do que contratando mão-de-obra para capina.
Estima-se que a cada ano mais de 3 milhões de intoxicações agudas ocorram no mundo, devido à exposição ocupacional a estes defensivos e centenas de mortes aconteçam, principalmente nos pobres países do mundo excluído.
Não sendo naturais, esses produtos sofrem lenta degradação, afetando os ecossistemas terrestres e aquáticos gerando um exército de pragas resistentes, que demandam o emprego de formulações cada vez mais veneníferas e impactantes. Ironicamente, os pesticidas e herbicidas são chamados pelos lavradores de “remédios”.
Estaremos ingerindo em doses homeopáticas, continuamente, por anos a fio esses agressores ocultos até que os inevitáveis danos em nosso organismo apareçam.
O ideal é consumir os saudáveis “alimentos orgânicos”, pena que sua aquisição ainda é inacessível a grande maioria da população.
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