sábado, 3 de julho de 2010

Totó canarinho

(Jornal Cachoeiras 03/07/2010)

Para ele a copa do mundo não está tão emocionante assim, também pudera ter que desfilar nos jogos da seleção com aquela cafona fantasia amarela rodeada de babados verdes, não há pitbul que resista; alguns tecidos utilizados na confecção desses adereços podem até provocar-lhe alergias cutâneas.
A pele dos cães é periodicamente coberta por uma fina camada natural de secreção que a protege de agentes externos naturais ou artificiais que ameacem a sua integridade. Grande parte dos distúrbios que afetam esses animais advém de asseio inadequado, uso de produtos com ph impróprio, alimentação alergênica ou excesso de banho que acaba removendo aquela fina capa de proteção vital para a saúde da sua pele.
Outro motivo pelo qual não gostam da copa é ter que ouvir estrondosos puns emanados dos imprudentes artifícios explosivos. O homem é capaz de perceber ondas sonoras na freqüência de 16 a 20 mil hertz, já os cães as percebem nos limites de 10 a 40 mil hertz, na verdade o que escutamos a 500 metros eles ouvem a dois quilômetros e por incrível que pareça localizam a origem do barulho em seis centésimos de segundo e ainda escutam os inaudíveis ultra-sons com ondas perto de 60 kHz.
O pavor que os cães sentem ante a explosão de trovoadas ou fogos de artifício é atávico, no fundo sabem há séculos que raios atmosféricos e tiros matam. Sua capacidade auditiva é bem maior do que a nossa, o estouro de uma bomba que somente nos incomoda é insuportável para a aguçada audição canina. Alguns animais desorientados pelo medo fogem pra rua podendo ser atropelados, ou caírem estatelados vítimas de um súbito ataque cardíaco.
Os animais não devem receber afagos durante essas crises fóbicas, esta atitude pode reforçar ainda mais o seu comportamento de medo. Os paliativos sedativos e tranqüilizantes só atenuam o problema; tem-se notado bons resultados com a utilização da “dessensibilização programada” principalmente quando aplicada durante a fase de socialização. No tratamento o animal é exposto a um crescente e paulatino ruído sonoro até o controle dessa síndrome de pânico.

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