Jornal Cachoeiras 11 09 2010
Associados à noite, à natureza proibida e metamorfoseados no vilão Drácula e no herói Batman, esses únicos mamíferos voadores dividem com sanguessugas, carrapatos, pulgas, barbeiros, percevejos, tentilhões vampiros, candirus, piranhas e fêmeas de mosquito o gosto pelo rubro néctar da vida que corre nas veias, vênulas, artérias e arteríolas dos animais de sangue quente.
Todas as noites colônias de morcegos saem de seus abrigos a procura de alimento. A maioria, das mais de mil espécies, é onívora, insetívora, folívora, ranívora, carnívora, nectarívora, melinívora, polinívora, piscívora, frugívora e apenas três se alimentam de sangue, o comum Desmodus rotundus, o de perna peluda Diphylla ecaudata e o de asa branca Diaemus youngi, encontrados somente no sul do México, nas Ilhas Caribenhas e no continente sul americano.
Esses alados mamíferos hematófagos possuem afiadíssimos dentes cortantes. Localizam vasos sanguíneos na pele de sua vítima através da termorrecepçcão, evitando com isto despertar a vítima com mordida desnecessária que é superficial e quase indolor. O sangue incoagulável que flui do vaso rompido é lambido, e não sorvido como muitos pensam. O morcego vampiro volta sedento ao local ferido a cada dois a três dias podendo provocar anemia, infecção na pele e miíase (bicheira), e são transmissores da temível raiva principalmente nos herbívoros.
Não mate indiscriminadamente os quirópteros, pois muitas espécies fazem parte da cadeia alimentar, vital para a saúde do meio ambiente. Os que se alimentam de frutas podem dispersar mais de 500 sementes em uma única noite e são os maiores polinizadores de bananais nas matas nativas. Os insetívoros ingerem por dia aproximadamente quase metade do seu peso em insetos. Deve-se ter cuidado para não eliminar as espécies inócuas que compartilham com os vampiros os abrigos em baixo de pontes, grutas, telhados, cavernas, túneis ou casas abandonadas. A mordida em humanos é rara e quando acontecem os locais preferidos são os espaços interdigitais das mãos e dos pés, pescoço, orelhas, braços e pernas.
Em suas fezes dessecadas pode ocorrer desenvolvimento do fungo que causa a histoplasmose. Para evitar a absorção do esporo do Histoplasma capsulatum deve-se usar proteção na boca e nariz sempre que entrar em seus abrigos.
As substâncias vampiricidas só devem ser utilizadas por pessoal treinado. Impedir através da vedação o acesso aos forros e sótãos e utilizar luminosidade e produtos repelentes são maneiras de evitar a concentração desses animais.
Em caso de acidente com morcegos procure cuidado médico.
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