sábado, 13 de agosto de 2011

Febre que pinta

Jornal Cachoeiras 13 08 2011

Cruentos vorazes, os carrapatos saciam sua orexia sorvendo na maior parte de suas vidas o sangue de suas vítimas, expondo os organismos parasitados a inúmeros agentes infecciosos como o da febre maculosa, doença de Lyme, babesiose e erlishiose. Como vetores de doenças só perdem para os mosquitos.
A Febre maculosa ou pintada é um mal causado por uma pequena bactéria do gênero Rickettsia. É uma enfermidade com baixa letalidade quando notada a tempo, caso o tratamento não seja instaurado de imediato o prognóstico é sempre sombrio. O diagnóstico precoce é crucial para o sucesso do tratamento. No Brasil o principal transmissor é o carrapato estrela.
Cachoeiras de Macacu possui condições climáticas ideais para a proliferação de carrapatos, chegando a explosivas infestações em determinadas áreas. Quanto maior a densidade populacional desses artrópodes, maior a exposição e conseqüente risco de contágio.
Os cães não transmitem, mas veiculam a doença que neles é abortiva, não passando de um estado febril e indisposição passageira. A severidade do quadro clínico em humanos é dependente das alterações que esta minúscula bactéria provoca na parede interna dos vasos sangüíneos, localizados em todos os órgãos do nosso corpo, daí não ser incomum a morte por “falência múltipla dos órgãos”. Quase a metade dos casos registrados desde 1985 tiveram desfecho fatal, a maioria na região Sudeste.
A confusão diagnóstica com outras enfermidades infecciosas como dengue, leptospiroses, tifo e febre amarela; a falta de consistência na anamnese (o paciente não relata o contato com o vetor, por não conseguir vê-lo) e por ser uma enfermidade qualitativa e não quantitativa são barreiras para um diagnóstico preciso.
Na verdade o homem é um hospedeiro acidental da bactéria, a Rickettsia circula entre animais vertebrados e invertebrados, é o seu meio natural. A fase adulta do carrapato tem pouca importância na transmissibilidade. Além de não apreciar o sangue humano são grandes o bastante para serem identificadas a tempo. O contágio acontece através das fases jovens, representadas pelos vermelhinhos e micuins, seus pequenos tamanhos fazem com que passem despercebidos. Para que o agente da “febre que pinta”, passe para o organismo humano é necessário que o carrapato esteja grudado no corpo da vítima por algum tempo.
Evite locais infestados, use roupas claras e de mangas compridas com a bainha da calça dentro das botas. Caminhe sempre no meio das trilhas evitando suas margens, pois os carrapatos procuram o ápice dos arbustos e gramíneas, na expectativa de uma carona em um passante humano ou animal e sempre vistorie o corpo a cada duas horas quando em locais suspeitos. O carrapato precisa de pelo menos quatro horas para transmitir o microorganismo.
Ao retirá-lo faça uma leve rotação. Não esmague ou queime o carrapato com cabeça de fósforo, pois o stress faz com que liberem grande quantidade de saliva e conseqüentemente de bactérias no local da picada.
Mantenha os animais domésticos livres dos carrapatos, os cães são vítimas freqüentes de enfermidades perigosas transmitidas por estes vetores como a Erlishiose e a Babesiose.
Num quadro febril com história de picada precedente, é bom avisar o médico.

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