domingo, 29 de setembro de 2013

A vida preservada no alto Guapiaçú

Resgatar e preservar espécies de floresta destruída é um trabalho árduo, é como dar vida ao que está fenecendo. Herdamos uma cultura onde o bem público não é muito respeitado, a todo tempo destruímos a mata e poluímos nossa água. A partir dos anos 80 a criação do IBAMA e depois o Parque Estadual dos Três Picos vieram melhor guardar a floresta atlântica, mas insuficientes investimentos e carências operacionais ainda deixam vulneráveis estes santuários verdes. Tem-se observado que quando o gerenciamento da floresta é realizado pela iniciativa privada as agressões são modestas, parece que há um maior respeito pela coisa particular. A Associação REGUA, criada em 2001 para proteger o remanescente florestal de mata atlântica na bacia hidrográfica do alto Guapiaçú, passa consciência ecológica à comunidade envolvida, principalmente junto às crianças e adolescentes, responsáveis pela floresta do amanhã. Entidades de pesquisa e universidades buscam conhecimentos num habitat de riqueza incomensurável, com espécies endêmicas e outras nem sequer catalogada. Guarda parques formados na própria comunidade, alguns ex-caçadores, mantém vigilância constante contra a caça ilegal e o seqüestro de palmitos, orquídeas, bromélias e pássaros. Desde sua criação ocorreu uma redução drástica dos ataques ao bioma. O maior primata da Américas, o arborícola “mono carvoeiro’, a beira da extinção é endêmico da mata atlântica, não sendo encontrado em nenhum outro lugar do mundo. A fragmentação do seu habitat natural e a caça predatória quase o dizimou. Sua freqüente aparição na reserva mostra o grau de conservação do ecossistema abrigado pelo projeto. Pântanos drenados no passado para o plantio e pecuária, restaurados, abrigam uma rica heterogeneidade de aves, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos como o jacaré de papo amarelo e a capivara. Nos quase sete mil hectares montanhosos da Reserva Ecológica do Guapiaçú residem uma grande diversidade de espécies animais e vegetais. O reintroduzido Mutum do Sudeste, Tiês, Saíra, Choquinhas e Guaxe estão entre inúmeras outras espécies de aves que habitam a Reserva, treze delas compõe a listas das ameaçadas de extinção. Partes da mata que foram arrancadas são refeitas com as próprias sementes nela coletadas, depois do viveiro mudas ganham novamente a floresta. A meta, segundo Nicholas Locke, é reintroduzir no bioma 100 mil mudas nativas nos próximos cinco anos. Na próxima edição abordaremos a criação da primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Cachoeiras de Macacu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário