sexta-feira, 27 de abril de 2012
A pior epidemia
Na endemia a enfermidade é restrita a uma área como ocorre com a malária e a febre amarela na região amazônica; a epidemia apresenta um caráter mais abrangente, envolve áreas mais populosas como acontece com a dengue no Rio de Janeiro; na pandemia o alcance é transcontinental, são exemplos a cruel gripe espanhola que matou Rodrigues Alves, a asiática, a Honk Kong e a dantesca peste negra.
Barragens, fazendas agrícolas, monoculturas, garimpos, hidrelétricas e a ocupação desordenada do solo e predatória da floresta vêm alterando de maneira galopante o ciclo de micro agentes patogênicos, expondo a espécie humana e outros animais a perigosas enfermidades.
A Febre maculosa veiculada por carrapatos possui letalidade baixa; a demora no diagnóstico, pela sua similaridade inicial com outras enfermidades, é o que a torna perigosa.
A antavirose transmitida por ratos, cresce na região sul do país. A leishimaniose inicialmente silvestre é hoje um grande problema de saúde pública no mundo e nas cidades tem o cão como reservatório. A Dengue que apresenta uma forma hemorrágica com mortandade considerável já faz parte de nosso cotidiano, é transmitida pelo Aedes aegypti, que também veicula a temível febre amarela. O mal de Chagas do barbeiro, acomete quase cinco milhões de pessoas no Brasil. A crescente urbanização chagásica resulta da migração rural, forçada pelos desequilíbrios sociais e econômicos.
A pobreza, pior epidemia que grassa em nosso meio não possui caráter infeccioso ou parasitário, tem como gênese a desigualdade e exclusão social, a concentração de renda, a gatunagem explícita e a corrupção crônica.
O controle dos males microbiológicos é possível com a participação responsável da população, junto a uma estratégia científica transparente do poder público. O combate a “pior epidemia” passa pelo despertar da consciência enfrascada pelo atraso, desinformação, ego e passividade. Uma população com saúde só será possivel se for atingido um padrão saudável de vida, com suas necessidades humanas e fundamentais satisfeitas.
(Jornal Cachoeiras 28 04 2012)
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Enumeraria outras epidemias, Ronaldo: o preconceito (de qualquer sorte), a ignorância, e a pior delas, na minha opinião, a falta de vontade. O mundo está tomado pela epidemia da "não-querência"!
ResponderExcluirMuito bem colocado.
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