segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Responsabilidade de todos

Para que a matança inconcebível dos nossos melhores amigos através da holocáustica carrocinha fique no passado, toda sociedade organizada, instituições de proteção, universidades, centros de pesquisa, entidades não governamentais e poder público devem promover uma grande frente na busca de soluções práticas, permanentes e menos desumanas.
É um retrocesso sob a ótica evolutiva o que acontece em nossas cidades com relação ao número de animais abandonados, que aumenta a cada dia, no reboque do crescimento populacional humano. Dormindo sob as marquises, bebendo águas pútridas e obtendo nas ruas, no lixo e dos corações penalizados de alguns, restos, migalhas e um pouco de humanidade. Quando atingem limites populacionais incômodos, lançam-se mãos do método mais fácil e barato; a morte em massa, o extermínio nazístico implacável sem julgamento ou apelação.
A concentração de cães excluídos, moradores das ruas e praças, expõe a insensatez e a irresponsabilidade como é tratado o respeito aos animais e a saúde preventiva no país. A verossímil promiscuidade com animais abandonados representa riscos à saúde coletiva pois, doenças graves como a leptospirose, raiva e a leishimaniose visceral são por eles transmitidas.
A reemergência de enfermidades tropicais cresce a cada ano, decorrentes da enorme pobreza migratória, do precário saneamento básico das áreas peri-urbanas e da agressão ao ambiente e ao ecossistema.
A leishimaniose é uma dessas enfermidades em plena expansão, que através de mosquitos utilizam os cães e outros canídeos como reservatório e fontes de disseminação. Por que não intensificar o ataque ao Lutzomia (mosquito transmissor da doença) ao invés de massacrar os cães soropositivos? Por que não proteger os cães com produtos repelentes ou imunizantes ao invés de massacra-los?
Infecções humanas por Leishimania chagasi vem ocorrendo na região sul e sudeste e põe em alerta os setores de saúde pública frente a possibilidade dela se tornar endêmica, e os defensores dos animais pela possibilidade de intensificação da utilização da carrocinha com suas saídas macabras.
Ocorrem avanços tecnológicos e científicos neste início de século , inclusive em relação à saúde com alternativas diagnósticas e terapêuticas, no entanto paradoxalmente ainda continuamos atrelados a práticas passadas onde a medicina preventiva bem menos onerosa e mais eficaz é subjugada pelos interesses, pelas caras internações hospitalares e pela lucrativa atividade farmacêutica.

Jornal A Voz da Cidade – 11/11/2006

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