segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Na contramão da evolução

Por razões humanitárias e de saúde pública os animais que perambulam pela maioria das cidades do Estado deveriam ter uma atenção maior por parte do poder público e de toda sociedade.
Passam governos e nada acontece com relação à problemática dos animais errantes, que jogados nas ruas pleiteiam com os ratos e os excluídos, restos de alimentos que despencam das bocas humanas em seu frenesi faminto nos restaurantes, praças, bares e quiosques das cidades.
É triste ver a imagem e semelhança do criador sacrificando uma de suas mais bonitas criações. Refiro-me aos que governam e aos que são governados, todos somos responsáveis. Aos domingos imbuídos de sentimentos angelicais sentamos nos bancos das igrejas buscando os céus e ao mesmo tempo não olhamos os animais abandonados nos infernos da fome, do frio e das intempéries.
O desenvolvimento social é diretamente proporcional ao amor e ao respeito à vida animal, aqueles que desconhecem tal premissa, serão acoimados pela própria consciência da vida, à decadência e à involução e em conseqüência ao orco que Dante Alighieri descreveu.
Não dá mais para esperar só dos governos atitudes e ações que remetam definitivamente para a história essa página triste da relação humana com os animais. A ínfima parte consciente da sociedade que consegue perceber a extensão do problema deve se organizar, buscando condutas e ações, que aliadas ao poder público, promovam saídas humanas e resolutas para a solução do problema. Ações isoladas, apesar de bem intencionadas, são ineficazes, só saciam a fome momentânea de poucos animais famélicos e enrobustecem alguns egos cinófilos.
A presença de cães doentes e famintos nas áreas urbanas desarmoniza com as pretensões de desenvolvimento do potencial turístico das cidades, além de ser uma questão de saúde pública. Sabemos que a leptospirose, a raiva e a leishimaniose, entre outras zoonoses, pode ser transmitida por estes animais.
A instalação do complexo petroquímico trará significativo aumento da densidade humana na região e em conseqüência a de animais errantes, aumentando drasticamente a vergonhosa exclusão imposta aos nossos melhores amigos.
Que o espírito de Natal ilumine os corações humanos e os sinos toquem para a felicidade da vida animal.

Jornal a Voz da Cidade – 23/12/2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário