sexta-feira, 19 de maio de 2023

A cortante que mata

A cortante que mata Ronaldo Rocha Na China uma pipa alcançou o céu pela primeira vez bem antes do nascimento de Cristo. No Brasil é chamada de cafifa, pandorga, morcego, chambeta, papagaio, arraia e pepeta dependendo do formato e do lugar onde é empinada. Esse artefato voador, nos primórdios da meteorologia, tivera importância na pesquisa das descargas atmosféricas e nos conflitos bélicos servia foi utilizado para jogar panfletos no front inimigo. No século XVIII em um dia de tempestade Benjamin Franklin amarrou uma chave em numa linha metálica de uma pipa de pano, descobrindo o para-raio. Empinar pipa é divertido, relaxante e não tem idade; crianças, adultos e até mulheres erguem suas "chambetas" em todos os lugares. Camuflado nesse ingênuo passatempo se esconde uma arma letal, o "cerol", feito em sua maioria de lâmpada florescente moída com cola de madeira, e as de pó de ferro e micro fios de cobre. Em Cachoeiras de Macacu os pipeiros trituravam vidro colocando-o dentro de uma lata amassada no trilho do trem. A "chilena" contém óxido de alumínio que corta até antena de carro, rasga quatro vezes mais que a preparada com pó de vidro. A linha cortante feita com metal conduz eletricidade, eletrocultando pipeiros, quando tocam com suas linhas molhadas ou metalizadas os fios da rede elétrica. As "cafifas" podem ser turbinadas com giletes presas à rabiola, tornado-a uma máquina de guerra. Motoqueiros são as principais vítimas da degola geralmente fatal; quando tem a jugular decepada. Algumas vítimas na tentativa de se proteger tem seus dedos decepados. Em tempos de férias escolares, os pipeiros dão linha às suas 'pandorgas" coincidindo com ao aumento da circulação de motos e bicicletas. O protetor jugular no pescoço e a antena anti-cerol nas motos evitam esses acidentes. Soltar cafifa é bom demais, mas que seja sem cortante.

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