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sexta-feira, 19 de maio de 2023
O maldito mosquito
O maldito mosquito
Dr Ronaldo Rocha
No século retrasado, de carona nos porões dos navios negreiros, o mosquito desembarca em solo brasileiro. Tempo em que os primeiros surtos de dengue e febre amarela aconteceram no Paraná e Rio de Janeiro.
Em 1955 o Brasil consegue se libertar do Aedes aegypti (que em latim significa: o maldito do Egito), resultado de uma forte campanha alicerçada pela Divisão de Saúde Internacional da Fundação Rockefeller.
Por iniciativa de sanitaristas brasileiros, foi lançada uma campanha continental para erradicar o vetor quando, além do Brasil, outras nove nações ficaram livres de suas picadas, corroborada pela OPAS - Organização Pan-americana de Saúde.
Contudo a campanha não foi bem sucedida em todo Continente, tanto que, em 1967 o pernilongo-rajado vindo das Guianas aterrissou no Pará, ou dentro de uma embarcação atracou na zona portuária de Belém. Hoje sua fêmea faz seu repasto sanguíneo do Oiapoque ao Chuí.
Após a erradicação, o governo brasileiro esmoreceu as ações de controle com a redução drástica do pessoal mata-mosquitos.
O Caribe e a América Central tiveram problemas quando o mosquito sanguinário ficou resistente ao inseticida organoclorado DDT, hoje em desuso devido sua alta toxicidade, mas muito utilizado na época.
Mesmo libertos do inseto, a reinfestaçao não pode ser descartada, pois temos uma vasta extensão fronteiriça com países que com ele convive.. Resultados absolutos, só com o envolvimento de todas as nações vítimas das Arboviroses pelo Aedes transmitidas.
Há registros de dengue em todos os países das Américas (só não no Canadá), Oceania e Ásia. Os Estados Unidos ainda não conseguiram dele se libertar.
Sendo a expulsão do mosquito, a curto e a médio prazo quase utópica, só nos resta conter sua densidade populacional, o que requer um contínuo trabalho educacional e participação consciente de toda sociedade nas atividades de combate.
Sem água parada não tem mosquito e sem mosquito não tem dengue, zica e nem chikungunya.
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