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sexta-feira, 19 de maio de 2023

O bioma esquecido

O bioma esquecido Dr Ronaldo Rocha A Caatinga abrange o Nordeste e, um pedacinho do Sudeste no norte de Minas. É o semiárido mais biodiverso da Terra, possui um endemismo que pouco se conhece e uma origem até agora desconhecida. Os cactos que permeiam aquela aridez pedregosa, vieram dos Andes, trazidos por aves dispersoras. Inúmeras espécies, vegetais e animais, são endêmicas, não encontradas em nenhum outro lugar. De exuberante biodiversidade, o semiárido nordestino não parece um bioma, mas um agregado deles. A falta d'água faz seu verde esbranquiçar, daí o nome dado pelos índios tupi-guaranis: Caa (branca) e tinga (mata). É nos penhascos da Toca Velha, onde mora a quase extinta, hoje preservada, "ararinha-azul de lear". Volitando no céu do Raso da Catarina, onde estive quando em visita a Antônio Conselheiro no Parque Estadual de Canudos, semiárido baiano. São seus habitantes: o gato maracajá, o mocó, a asa branca e o carcará, entre as macambiras, mandacarus, xique-xiques, coroas de frade e umbuzeiros. Sempre esquecida, a Caatinga é castigada a cada quatro décadas por uma terrível estiagem e constantemente pela leviandade humana. O que a "mata branca" mais teme é ser desertificada, perder o canto do acauã e ser transformada num averno de areia. A cabroeira do sinistro Lampião, os "currais do governo" do Ceará e o beato Antônio e seus conselheiristas, foram protagonistas de tempos sanguinários que avermelharam o árido solo do sertão nordestino..

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