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sexta-feira, 19 de maio de 2023
O velho Macacu
O Velho Macacu
Dr Ronaldo Rocha
De todos os rios a desaguar na Baía de Guanabara, sou o maior em volume e absoluto em extensão.
Na sombra do Pico da Caledônia, se unem o Apolinário e o Jacutinga pra me dar vida e turbulento desço a serra de Cachoeiras até Macacu . Após setenta e quatro quilômetros entre musgos, pedras e areias, desemboco no lodocento manguezal do meu estuário.
Passei por tempos febris. O tifo amarílico e a terçã maligna assolaram o meu Vale, quando os moribundos eram levados para uma "boa morte" em São José. Com a epidemia da febre paludosa até Santana de Japuiba passou mal, perdendo para Cachoeiras o status de capital.
No remanso do meu curso, grandes canoas eu vi navegar, às vezes, velejadas e outras, por varas empurradas.
Tempos depois a buzina da rodovia calou o apito do trem. Com a chegada da bitola métrica, as velas não mais velejaram, e os vareiros, as canoas não varejaram mais.
Entre embaúbas prateadas e arroxeadas quaresmeiras, corro para a minha foz, indo suprir com sedimentos o meu delta e matar a sede de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Paquetá e da minha cidade.
Carrego na minha jornada, entre outros afluentes: o Batatal, o Souza, o Bengala, o São Joaquim, o Boa Vista, o Ganguri e o principal, Guapiaçu.
Amanhã é o Dia do Ferroviário. Parabéns aos carpinteiros, torneiros, caldeireiros, ajustadores, ferreiros, maquinistas, foguistas e guarda-freios que entre limalhas, serragem, apitos e fumaças vivenciaram a "belle époque" do Macacu.
Médico veterinário UFRRJ, Jornalista ABJ, Gerente de Zoonoses SNABS-MS.
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