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sexta-feira, 19 de maio de 2023
Fantasmas de Macacu
Fantasmas de Macacu
(Jornal Cachoeiras 26.11.2022)
Ronaldo Rocha
No trecho férreo do Rasgo ao Valério, algo arrepiante poderia ser visto nas madrugadas lúgubres de outrora, deixando eriçados os fâneros dos mortais.
Sob uma aclarada lua, um funesto cortejo entoava lamuriosos cânticos no ritmo de um branco ataúde.
Nas noites escuras do Boqueirão, vez ou outra, galopava em direção ao antigo campo do São José, onde é hoje a igreja matriz, uma "mula sem cabeça", emergida das entranhas sombrias de um grande bambuzal ali existente, causando "espectrofobia" aos que não tapasse os olhos. Dizem que uma mulher, por ter se entregado a um padre, além de perder o juízo, se transformou numa mula sem cabeça. Muitos cavaleiros da Boa Vista viram um "pequeno moleque" que apeado em suas garupas botava seus cavalos pra galopar.
Saindo das tumbas de um pequeno cemitério junto a igrejinha da praça de baixo, onde Tenório Cavalcante com sua inseparável "lourdinha" discursou, o "capa preta" sentava no saudoso coreto, pressentido a sua demolição.
No tempo da miúda energia elétrica da Usina, sincronizadas "tochas fumegantes" bailavam nos morros da cidade, deixando muitos moradores apreensivos. Uma delas, vista próximo ao caminho do reservatório, no Campo do Prado, inspirou um sambista que escreveu "que era xangô sinalizando pra oxum, que o vento que ventava entre eles, atrapalhando o namoro, era iansã".
Causava pavor, no corpo docente e discente do Quintino Bocaiúva, a pálida loira com o nariz sangrante, que trajando branco, andava por seus banheiros e corredores.
Em uma casa abandonada no alto do Tuim o sinistro "mão pelada", que ao vampirizar suas vítimas, curava a lepra e o reumatismo, esperava o escurecer pra sua sanguinolenta andança .
O aparecimento de um casal de "noivos decapitados" que vivia aos beijos no Ganguri é um pouco duvidoso, pela inexistência das bocas sedentas no seu colóquio amoroso.
Cachoeiras teve seu tempo de "licantropia" quando homens anêmicos se transformavam em "lobisomens" com seus uivos apavorantes.
Alguns acreditam que, esses avistamentos, ocorrem quando a Terra sofre uma repentina queda no espaço, outros acham que são espíritos errantes procurando se materializar ou, que distúrbios elétricos cerebrais nos conectem a outras realidades dimensionais.
Seja o que for, real ou ilusório, essas sensações fantasmagóricas visitam nosso imaginário, adentrando as entranhas dos nossos assombrosos pensamentos.
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