segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Da sanquessuga à gilete

No passado só uma minoria tinha o privilégio de ostentar longos cabelos, exibir densas barbas e pentear exuberantes bigodes.
Tocar os pelos e cabelos de uma pessoa, naqueles tempos, era passível de punição severa, era uma afronta ao íntimo e um atentado a honra. Só os nobres cavalheiros podiam usar pelos e cabelos longos; a plebe tinha de mantê-los bem aparados, pela lâmina de quartzo afiado ou pelo fio brilhante da faca, que por muito tempo fizeram parte do instrumental dos barbeiros.
O corte de cabelo foi introduzido no mundo greco-romano há mais de 23 séculos por Alexandre Magno, sob a alegação de que atrapalhava o guerreiro em combate; mas dizem que no fundo ele queria mesmo era se parecer com Apolo.
Além de cortarem o cabelo e apararem a barba, os barbeiros-cirurgiões como eram chamados, lancetavam abscessos, extraiam dentes, realizavam suturas e sangravam seus fregueses com a conivência das sanguessugas e suas assustadoras ventosas. Com a anestesia ainda não conhecida, toda barbearia dispunha de um poste no qual a vítima, ou melhor, o paciente se atracava com unhas e dentes para suportar a dor da intervenção.
Só no século XIX o ofício de médico e de cirurgião foi desvinculado da profissão de barbeiro, alguns remanescentes ainda atuariam como dentistas até algum tempo atrás.
As atividades relacionadas ao embelezamento cresceram muito nos últimos tempos. Barbeiros, cabeleireiros, esteticistas, manicures, tatuadores e depiladores são encontrados em todos os lugares, suprindo as necessidades estéticas da população e alimentando o famigerado eu narcisístico do ego humano.
A grande maioria dos procedimentos realizados nesta área oferece riscos à saúde, tanto para o profissional como para os seus clientes. Piolhos, sarnas, tétano, hepatites B e C, AIDS, reações alérgicas e micoses compõe o arsenal de agravos à saúde se, procedimentos assépticos e normas higiênico-sanitárias não forem observadas nesses estabelecimentos. Estas atividades devem ser supervisionas e fiscalizadas pela vigilância sanitária em obediência ao código sanitário.

Jornal A Voz da Cidade – 20/10/2007

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