segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A gripe assassina

O vírus da gripe existe há mais de 80 milhões de anos. Dos três tipos A, B e C, o “influenza A” foi o responsável em 1918 pela Gripe espanhola (H1N1), em 1957 pela Gripe asiática (H2N2) e em 1968 pela Gripe de Hong Kong (H3N2). A espanhola foi a mais devastadora do século matando cerca de 40 milhões de pessoas em todo mundo, incluindo o então presidente da república Rodrigues Alves.
As pandemias são epidemias que percorrem continentes. A gripe espanhola levou quatro meses para circundar o planeta e estima-se que o vírus H5N1, responsável pela recente gripe aviária ou gripe dos frangos, levaria somente quatro dias para realizar tal feito, o que seria uma calamidade tão ou mais devastadora que a da peste bubônica na Idade Média. O H5N1 poderá adquirir tal capacidade se seu material genético misturar-se com o vírus da gripe comum, isto é, se uma pessoa contrair as duas cepas virais ao mesmo tempo, resultando num vírus híbrido com capacidade de transmissão direta entre as pessoas.
Para que aconteça uma pandemia é necessário o aparecimento de um agente novo (mutante) para o qual a população não possua anticorpos e que seja transmitido entre indivíduos.
A cada quatro décadas ocorre uma nova versão do influenza com linhagens mais letais. De acordo com estes cálculos estamos à beira de mais uma epidemia transcontinental já que a última aconteceu em 1968.
A gripe dos frangos é uma “epidemia veterinária”, a transmissão se dá entre as aves. Para se ter uma idéia, uma pequena pitada de fezes de uma ave doente pode infectar um milhão de outras.
A contaminação humana é acidental, acontece pelo contato direto com aves contaminadas e seus subprodutos, secreções e excreções. Porém, a partir do momento que esta transmissão ocorra entre humanos, o que não pode ser descartado, o risco de uma grande pandemia, com mortandade em massa no mundo seria uma realidade. Acredita-se que ¼ da humanidade seria infectada e 30 % morreriam em curto espaço de tempo.
Recentemente, na terra de Bush, material genético removido de tecidos de vítimas da Gripe de 1918 foram enxertados em células, recriando em laboratório, um vírus híbrido mais letal que o N1H1. Imagine esse processo caindo em mãos erradas! Sem dúvidas seria o sonho de qualquer organização terrorista.
O novo Regulamento de Saúde Internacional adotado pela OMS em Genebra, em maio deste ano trouxe mais segurança frente a estas catástrofes microbiológicas. Mas uma coisa é certa, nesta grande guerra os microorganismos estarão sempre à nossa frente.

Jornal A Voz da Cidade – 12/11/2005

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