segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A sina da perua

Caindo aos pedaços, os ônibus do transporte coletivo Expresso Macacu, que atendem a Castália e Boca do Mato mais parece os mata-sapos do século passado. Feios, sujos, degringolados e mal calçados, contrastam com a linda paisagem e as bonitas residências daquelas localidades.
Essas dantescas estruturas de latão, nem no Piauí são mais encontradas, talvez alguns espécimes possam ser ainda vistos nas periferias de Bangladesh ou quem sabe da Etiópia ou Madagascar.
Além do estado lastimável, essas horripilantes geringonças são extremamente preguiçosas, estão sempre descumprindo o seu horário de trabalho, deixando na mão, ou melhor, a pé os seus fiéis e desamparados usuários.
Para não ser totalmente crítico tem algo em seu âmago que realmente funciona, e até em demasia: as ofuscantes fluorescentes do seu insalubre salão, que fazem com que pareça, à noite, uma branca e reluzente árvore de natal ambulante.
Indigentes veículos choram a cada subida, lágrimas de óleo e pedem clemência aos seus verdugos - que teimam em não lhe darem o merecido descanso, sugando dia após dia as derradeiras gotas do seu oleoso suor-.
Esperar que os atuais governantes façam alguma coisa com relação a Expresso Macacu é utopia; a bola ficará com o próximo mandatário municipal, que receberá de presente no dia da sua posse três peruas velhas, depenadas e ansiosas por descansarem em uma mesa de qualquer ferro velho da redondeza. Aí finalmente estarão em paz, livres dos que as exploram e longe dos que as amaldiçoam.
Como disse a colunista Carla Lessa em um de seus artigos: O transporte municipal há muito tem sido prestado de maneira inadequada e se afirma com uma série de violações que ignora além da eficiência, a segurança e a essencialidade que cercam diretamente a necessidade do consumidor.

Jornal A Voz da Cidade – 01/09/2007

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