segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O pesadelo amarelo

Trinta e seis centenas de municípios, incluindo as duas principais capitais brasileiras, Rio e São Paulo, albergam o vetor urbano da febre amarela. Muitos deles com densidade vetorial e dinâmica de dispersão bastante elevadas transformam o país num barril de pólvora pronto a explodir numa epidemia amarela.
A reurbanização da febre - até então restrita ao ambiente silvestre onde algumas espécies de macacos são reservatórios, tendo o mosquito Haemagogus como transmissor - põe em cheque um sistema de saúde pública que retrocedeu ao século XIX.
A grande epidemia em 1849 no Rio de Janeiro transformou a cidade maravilhosa num pandemônio. Naquela época as agências de viagens européias operavam direto para Buenos Aires excluindo o Brasil de suas rotas, privando-nos da exportação de café e do transporte marítimo.
Napoleão Bonaparte amarelou ao tentar colonizar a América do Norte temendo o togavírus tipo B que é o agente etiológico da febre amarela.
Cachoeiras de Macacu entre 1831 e 1835 passou por maus momentos com a “Febre do Macacu”, ocasião em que morreram muitos dos seus habitantes e, sua atividade produtiva foi aniquilada em decorrência do conseqüente êxodo rural.
Erradicar o mosquito transmissor da dengue e febre amarela é imprescindível para reabilitar a desgastada saúde pública brasileira e resguardar seus habitantes dessas duas temíveis viroses. Este processo será impossível a curto e médio prazo em virtude da grande dispersão do mosquito, hoje encontrado de norte a sul do país.
Enquanto medidas sanitárias e epidemiológicas insipientes forem adotadas e inexistir um efetivo envolvimento popular nas decisões e nas ações de combate ao vetor - que deve totalmente ser direcionado à fase aquática do mosquito - o sucesso de qualquer programa voltado à erradicação do mosquito será ineficaz. A adoção de ações efetivas de controle tem necessariamente de passar por todos os segmentos da sociedade, desde os pesquisadores nas universidades, sanitaristas, até as donas de casa com seus ornamentais vasos de plantas.
A insensatez e a falta de compromisso com a causa pública tornam as instituições, incompetentes e destituídas do seu maior propósito que é salvaguardar o bem estar de todos.
Do jeito que a coisa anda a melhor maneira de escapar dessa perigosa ameaça é, cada cidadão, cada morador, cada comunidade desestabilizarem os criadouros do Aedes aegypti através de ações voltadas a impedir a exposição de água parada que pode acontecer em uma casca de ovo, numa caixa d’água destampada ou numa piscina não tratada.
A grande maioria dos focos e criadouros do mosquito transmissor encontra-se no ambiente doméstico e arredores. Se cada um fizer a sua parte, adotando atitudes que coíbam a sua proliferação, os riscos epidêmicos serão menores.
Lembre-se sempre de:
• Substituir a água dos vasos de plantas por terra e manter seco o prato coletor.
• Utilizar água tratada com cloro (40 gotas de água sanitária a 2,5% para cada litro) para regar plantas.
• Desobstruir as calhas do telhado, para não haver acúmulo de água.
• Não deixar pneus ou recipientes que possam acumular água expostos à chuva.
• Manter sempre tapadas as caixas de água, cisternas, barris e filtros.
• Acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa.
• Tomar a vacina contra a doença antes de viajar a locais que apresentem risco de contaminação

A Voz da Cidade – 12/01/2008

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