domingo, 13 de dezembro de 2009

A maior das epidemias

Uma enfermidade é endêmica quando é restrita a uma determinada área, caso da malária e da febre amarela na Amazônia; é epidêmica quando atinge um maior número de vítimas, como ocorreu com a dengue em décadas passadas e pandêmica se a disseminação ultrapassa fronteiras, exemplos da gripe espanhola no século passado e peste negra na Idade Média.
Agentes infecciosos estão migrando dos seus nichos para outras áreas, decorrente da ocupação predatória das florestas e conseqüente alteração no equilíbrio entre suas espécies, potencializando a emergência e reemergência de agentes de enfermidades.
A febre maculosa dos carrapatos, a dengue, malária e febre amarela dos mosquitos, a antavirose dos ratos, o kalazar do cão, a doença de Chagas do barbeiro e a influenza das aves estão em franca expansão, atingindo locais até então inócuos. Doenças consideradas extintas, como a esporotricose transmitida pela arranhadura e mordida de gatos domésticos, vem crescendo no meio urbano.
O incontrolável crescimento demográfico, a ocupação desordenada do solo e o desmatamento crônico vêm alterando de maneira galopante a biosfera, expondo homens e animais a organismos até então sem importância do ponto de vista médico, facilitando sua disseminação e adaptação ao meio urbano. A perda da biodiversidade é dentre os problemas ambientais a maior ameaça à saúde do planeta e a sobrevivência da humanidade.
A natureza se defende através de ataques climáticos e biológicos, tentando evitar que sua parte humana aniquile a biosfera, extinga outras espécies e caminhe para a autodestruição.
A letal epidemia que hoje grassa em nosso país não é provocada por vírus, bactérias ou micro-parasitos, mas pela corrupção crônica, pela inconcebível exclusão social e pela impiedosa concentração de rendas; gêneses da pobreza, da fome, das enfermidades, do caos institucional e da grave e contemporânea doença social e suas mazelas.

Jornal a Voz da Cidade – 30/07/2006

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